quinta-feira, 20 de junho de 2013
CORREIOS: ANTRO DE CORRUPÇÃO
sexta-feira, 15 de junho de 2012
A(R)FOGO, LIVO DE SANGUE E MEDO
Escritor, Presidente da IWA – Estados Unidos
A ditadura no Brasil foi uma grande marcha-a-ré na história da democracia brasileira. Mas esta opinião,que alguns de nós compartilhamos, anda bastante desmoralizada pela nova geração de brasileiros que desconhecem esta parte da história e pelos militares e seus fãs, que apontam a atual corrupção política do Brasil como culpa do governo revolucionário. Para mim, a única falta que tem o governo atual e o passado é a impunidade. Os milicos torturadores deveriam estar todos na cadeia e não bafejando seu “saudosismo” da época em que, como dizia o Chico Buarque na sua canção, em vez de chamar a polícia quando era atacado, era melhor chamar o ladrão.
Por isto é que estou qualificada para escrever sobre este livro. Voltei ao Brasil depois da ditadura e já não tinha família. Todo mundo morreu de tristeza e talvez de medo. Terminou a ditadura e eu tinha passado a maior parte de minha vida aqui nos Estados Unidos e formado uma família que não era brasileira. Eu mesma já tinha que afirmar que era “brasileira de nascimento e de coração”... Por isto é que, lendo o livro de Chico Miguel, não entendo bem a estrutura do mesmo, nem as expressões, nem a ironia política ou as diretas como: “O resto é silêncio pago, / senador sem voto / re-formas, ré-pressões, re-voluções / ré – ré – ré... (provações)” in “Filho da moça”.
O poema “Os cupins subversivos” me faz mal e me faz pensar se esse cinismo poético nele expresso me toca, porque me consideram parte da corrupção: “e nós lhes bebemos o sangue: / pensamento de cupim / de sangue envenenado”. A base que tenho para entender esses versos é da poesia escrita nos Estados Unidos na mesma época da ditadura pelos membros ou os penetras da Beat Generation, como o poeta Charles Bukowski, nascido na Alemanha e morto de leucemia em Los Angeles, em 1994. Bukowski era um elemento contra-cultural, meio anarquista, que se identificava com os trabalhadores da rua, os mendigos e as prostitutas. Ainda exerce influência nos poetas estadunidenses rebeldes, principalmente os que são contra a educação e o estudo. Enquanto a Beat Generation entrava em decadência, a meu ver, depois de terminada a guerra, e suas passeatas nas ruas de New York não tinham já razão de ser; eles ficaram um pouco desfocados e se entregaram às drogas e ao cinismo poético, contaminando a geração que os admirava.
Quando eu leio os versos de “No país do “não pode”: “feio povo faminto, ferido, / na esquina do país do cruzeiro, / país do “não pode” / déficits, dólares, tevês / escores. / o tempores, o mores!”“, “não é só a rima que me distancia do meu país, é porque minha linguagem se sente menina e não alcanço a entender a estrutura poético-política. Meu compatrício Chico Miguel me parece cada vez mais com Bukowski, quando este, numa carta para a amiga (dele), Maria Penfold, se pronunciava sedento de realidades: “Quando eu acabo de ler um poema, não quero sentir seda ou casca de cebola seca nas minhas mãos, quero sentir sangue!” “Chico Miguel diz em “Com a pátria na mão”: “Nosso coração nos chama / nosso peito arfa. / Há rios de sangue abaixo / do rio grande”.
*Moura, Francisco Miguel de: A(R)FOGO (Romance da Revolução), Jundiaí, Paco Editorial: 2010.
quarta-feira, 21 de março de 2012
FOTOGRAFIAS DOS ESCRITORES - CRÔNICA
quarta-feira, 13 de julho de 2011
A MENTIRA DE NARCISO E OUTROS POEMAS
A MENTIRA DO NARCISO
Qual foi a mentira
que pôs uma barreira
no caminho
onde a liberdade morria
no meio do verso?
De agora em diante a poesia
vai ficar delicada
como um beijo de despedida.
Para que desejar que tudo
fosse diferente, e que a vida
desse uma grande patada
em alguém que se põe
de joelhos para rezar?
Não há nenhum deus no céu
e a soberbia de quem confiou
em seu nome, cai sem armas.
Sou poeta, assim que morra,
serei imortal.
Estes versos não têm sol nem alegria.
Estou enamorando-me
de mim mesma como um Narciso
perdido no fervor dos tempos.
A NOITE
Todos falamos do tempo
e queremos nos esquecer
que a madrugada
é irreversivel.
Quem sabe se o verso
que desconhece o calendário
e ignora o tiquetaque do relógio
pode desafiar a noite
e transpor a viagem dos dias
sem medo da escuridão,
sem medo do pecado,
certificando-se em cada minuto
que vivemos o escolhido
e único paraíso do amor?
ANOITECER
Chove dentro
e fora de minha alma.
O carteiro chega sem poesia
e me diz descaradamente
que ainda sou jovem.
Se o fosse,
não seria preciso dizer.
Era a tua poesia
que me mantinha jovem.
Agora, começa a anoitecer.
ESPELHO
Hoje meu zelo
uma vez mais
destruiu a morte
precisamente
quando sussurrava
uns fragmentos
sobre o destino.
Voltei-lhe
o olhar errante
e despedacei
seu véu rutilante
deixando-a nua
diante do espelho.
IMPROVISO - 2008
(Para F. M. M., nos seus 75 anos)
Em junho,
Mando as cores do arco-íris
E das flores de meus desejos
Para que encontres
A fonte da alegria,
O badalar dos sinos do amor,
As montanhas douradas
Do prazer
E sons de guitarras
Arrulhando as canções
De feliz aniversário
Em todas as línguas
E em todas as palavras
Das tradições.
E mais: liberdade,
Alvoradas de luz,
Ocasos e lindos horizontes
Ao por do sol,
poesia e beleza, inteligência
e longa vida.
NÃO MORREMOS
Na distância me contagiaste
Com tua febre sem barreira
E me inundaste com um calor
Sem verão na regueira
De neve caída sobre minha casa.
Tu és um rei fanático
Confiscando os mistérios
Da vida e da morte
Para acondicionar ciências
Amorosas que dão golpes
Na minha fronte.
Não me assombro.
Já me acostumei
Ao querer sem fronteiras
E estou reabilitada
Porque, dentro de nós
Repregam sem terminar
As absurdas fragrâncias
Da esperança.
O MOMENTO
"enquanto a vida rola"
Helvio Lima
O momento é teu
e podes usá-lo como a rosa
ou fazê-lo durar como o carvalho.
O presente será sempre
precioso e profundamente
insensível e desmemoriado.
Outros dizem que
a momentânea rosa
só existe para ocultar
os espinhos da paixão.
Desfruta a etérea
esperança da flor
que se mergulha no tempo
sem ao menos tocar
o seu desejo.
ESPERANÇAS
Um momento, por favor!
A noite dorme tranquila:
porque queres devorar
o silencio do infinito?
Deixa a minha angustia em paz!
Deixa que me proteja
de tuas pérfidas esperanças!
EU SOU DE ÁGUA
“Eu sou de água”*.
Sou também de flor
e de sol.
Sou uma corola
mordida de esperança.
Mas se chegas
a ferir a minha alma,
eu me faço de pedra
e me precipito
sem compartilhar
o meu único sonho.
ESTA TRISTEZA
Esta tristeza é como
um calice de vinho vazio,
como uma voz adormecida
que nao alcanc,a a sair de mim
e que nao deixa a cintura do tempo
bailar em minha alma
uma nova canção de amor.
Esta tristeza ja filtrou
as madrugadas mais sublimes
de imaginadas paixoes
com teu corpo sobre o meu,
fogo e doce brisa essencial,
palpitante entrega, delírio clássico
do amor ate a morte.
MIGRANT BLACKBIRD
Blackbird comes
from faraway
and stays overnight
under the moon.
He comes as a migrant
traveler
looking for grain,
for the sun,
for the sand of a river.
Tired from the trip
he complains about
sad shadows,
winds, rain, mountains,
insecure nights,
his own shouts,
blades of air
hurting while in space.
OLHO O POEMA
Como destravar o poema
olho-poema, poemolho?
francisco miguel de moura
Olho o que temo
iluminando o meu desatino:
um poema transformado
na mão que oferece
no rosto que aparece
no jovem que se foi...
O poema já me pesa
nos olhos, nas mãos,
no peito, nos ombros,
e principalmente na boca.
O poema ficou desafiando
o meu presente e o meu futuro.
Juro que este poema
foi um erro de cálculo,
um erro de tempo, de eco,
uma exibicão de rima
um diminuto querer
que já se acabou.
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*Teresinka Pereira, poetisa brasileira e internacional, tradutora, ensaísta, mora nos Estados Unidos, onde foi professora de Literatura Brasileira. Atualmente dirige a IWA - International Writers na Artists Association. Endereço: P. O. Box 352048, Toledo OH 43635-2048, USA.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
SUA ALTEZA, A TROVA, E SEU PODER POÉTICO
Teresink Pereira*
Sávio Soares de Sousa nos oferece uma definição da trova em “Argumento de Trovador” que diz o seguinte: “Queremos que a trova continue sendo a joia que deslumbra, pelo brilho próprio, admirado por todos – mesmo que se apresente revestida de sua simplicidade franciscana. À prova de tempo e desmemória.”
O poeta Francisco Miguel de Moura apresenta um segmento de um poema que quase resultou em trova. Embora não venha em métrica tradicional da trova, vem quatro versos e rimas alternadas. Além disto, é um precioso poema, que insisto em citar pelo merecimento do tema e da surpresa lírica tão poderosa como na perfeita trova: “A vida nasce e come / E vive e cresce e chora / E seca e some / E devora...”
Antônio Soares não faz menção de tamanho dos versos nem do poema e sim da qualidade e das possibilidades temáticas. Também o poeta mexicano Octavio Paz, Prêmio Nobel de Literatura, 1990, assim explica o poeta e a poesia: “O poeta fala das coisas que são suas e de seu mundo, mesmo quando nos fala de outros mundos.”
Entretato há trovadores que tratam de temas variados, porque o poeta, como um ser humano inspirado, constrói seu pensamento e sua obra literária como um testemunho do espaço geográfico, ecológico e histórico em que está destinado a viver.
Kleber Leite é um desses trovadores excelentes em qualquer motivo que emocione sua alma, até mesmo o trabalho de um pequeno pássaro. Suas trovas abrangem o sentimento da solidariedade e da vida em suas celebrações: "João de Barro miudinho, / que mestre de segurança! / Nem furacão destroi o ninho /feito de amor e esperança!"
Anderson Braga Horta, escritor de todos os generos e assuntos, acaba de publicar um livro intitulado Signo: Antologia Metapoética, no qual estabelece no prefácio o seguinte: "Desde muitos anos venho lançando no papel essas reflexões acerca do fenômeno com o qual tenho convivido a existência inteira, já como simples expectador , já como autor e ator." Cito isto para confirmar que o escritor, principalmente o poeta inspirado na orquestra de vivência ao seu redor, é um registrador da história emocional do mundo. Eu havia guardado anteriormente estes quartetos nos arquivos da IWA e aproveito para citá-los aqui: "Muito amor, amores poucos. / Cem mil dores numa dor!/ E beijos... Desejos loucos.../ Tanto amor num só amor!// Meigas vozes, gritos roucos... / Róseas pétalas... Multiflor!/ Doce angústia... Ouvidos moucos.../ Sonho, saudade, torpor..." No novo livro recolho um mais: "Olhos lunares, / olhos lunares / dai-me a pureza / dos vossos mares."
Os poetas cujas trovas cito a seguir têm uma visão da humanidade como as leis naturais e justas que devem ser exigidas e respeitadas por todos os humanistas quem têm fé na dignidade do ser humano. "Neste leito arredio / Tu me negas tudo amor. / Louco vivo em desvario / Busco quem me dê valor." (Maria Aparecida Calandra). E Ferreira Gullar também fez trovas. Vejamos esta: "Como dois e dois são quatro, / sei que a vida vale a pena / embora o pão seja caro / e a liberdade pequena.""
Agora posso terminar, um pouco com pena de não ter citado tantos outros excelentes trovadores. Entretanto vou citar umas frases de Humberto del Maestro, o escrigor de "Ditos, adágios e aforismos", cujo livro recebi recentemente. Ele confessa, com todo seu pessimismo: "Sou o resultado de muita filosofia barata, inclusive das minhas." Mas antes disto dizia: "Se pudesse me despir dessas tristezas, o mundo, por certo, seria um pouco mais feliz." Isto me oferece a oportunidade delhe aconselhar: Leia e escreva mais trovas, companheiro. Seus ditos filosóficos poderiam transformar-se em um divertido jogo poético, de uma leitura mais positiva como o é esta sua trova: "Jamais sentirei estrelas / no toque de minha mão, / mas poderei sempre tê-las / no arrojo da inspiração."
É claro que tenho que dizer e terminar dessa maneira, pois isto é um artigo de elogio à sua alteza, a TROVA.
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*Teresinka Pereira é escritora e agitadora cultural, preside a Associação Internacional de Escritores e Artistas - IWA(sigla em inglês), com sede em Toledo,OH, Estados Unidos
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
AN ANTHOLOGY IN MEMORIAM
William Vaughn Moody, a U.S. dramatist, poet and teacher, was born July 8, 1869, in Spenser, Indiana.(¹)
Moody’s father was a river boat captain on the Ohio River until his boat was confiscated as he passed through Memphis during the Civil War. Moody’s mother nurtured in her son an appreciation for the arts and literature. Her death in 1884, followed by that of his father two years later, affected him deeply, and he composed some of his earliest poetry at that time. (²)
Moody worked his way through New Albany High School. He graduated first in his high school class in 1885, and for his speech as valedictorian he read an essay he had written titled “The Evolution of History.” Moody had also served as editor of a student newspaper called the Minute Man. The mission of the paper was to critique the flaws in society. Moody’s flair for writing attracted the attention of his high school principal, who encouraged him to apply for colleges on the East Coast. (²)
Moody eventually followed this advice. Compelled to forge his own way in the world, Moody supported himself by tutoring in Poughkeepsie, New York, in l887, and continued his own studies at Riverview Academy. In 1889, he graduated from Riverview with an outstanding academic record, winning a scholarship to Havard.
At Havard University, he continued to work part-time jobs, such as tutoring, proctoring, typing and editing, to put himself through school. (²) Moody began to immerse himself in the university’s literary scene. He contributed to student literary magazines and began to associate with others who shared his passion for literature, such as Robert Morss Lovett, Philip Henry Savage, Hugh McCullough, Danied Gregory Mason, Norman Hapgood and Robert Herrick. Moody was elected to the editorial board of Monthly, one of the college literary magazines. This was an unusual for a student in his first year. Through his work on the Monthly, Moody gained exposure to high-profile Havard instructors such George Santayana.
Moody was influenced by the prevailing intellectual atmosphere at Havard, which was characterized by pessimism. (²) He received his B. A. (1893).
Moody embarked on a tour of Europe with a wealthy American family. He was especially taken with the sharp contrasts between northern and southern Europe. After returning from abroad, Moody went back to Havard for a master’s degree, M. A. (1894) and became co-editor of Havard Monthly. From 1894-95 he held the position of assistant in the English Department.
In l895, Moody received an appointment as an instructor at the University of Chicago and in 1901 was promoted to an assistant professorship which he held until 1903,
During this time ate the University, Moody published en untitled volume of poetry, as well as two poetic dramas, The Masque of Judgment in 1900, and The Fire Bringer in 1904. In 1902 he collaborated in a book, A First View of English and American Literature, but this sort of writing was drudgery and done only that he might gain money to help his family to better things. He is mostly noted for his 1906 play The Great Divide, hailed at the time as the “Great American Drama”.
Moody’s real interest lay in poetry. He left the University in 1907 to concentrate on his poetry. (¹)
He wrote to his friend Percy Mackaye in 1904 that he was “heart and soul dedicated to the conviction that modern life can be presented on the stage in the poetic mediums and adequately presented only in that manner”. A thoughtful, meticulous worker, Moody wrote his impressive History of English Literature to support himself while he traveled abroad and in the American West. Greatly influenced by his studies of Milton an Bunyan, Moody’s work as a playwright centered on his own view of Christian theology. He wrote several plays dealing with subjects that in our own day would be regarded as l “liturgical”. A century ago, such subjects were more central to our culture. (³)
His three poetic dramas, The Masque of Judgment (1900), The Fire Bringer (1904) and The Death of Eve (incomplete at the author’s death), entitle him to a high place in American literature. All three notable for richness of rhythm and a fine lyric sense. Moody’s one other produced play, The Faith Healer (1909) attracted some attention but was hot a dramatic success. It is possible, however, that had he not been cut off in his prime, Moody might have attained real success as a playwright. (4)
In 1908, Moody was inducted into the American Academy of Arts and Letters. Also in that year, he saw his play The Faith Healer produced, an event that while it attracted some attention, was not considered a dramatic success.
Despite his limited body of work, Moody’s talents were well respected. Yale University awarded him an honorary Doctor of Letters degree in 1908, an among critics his work was considered a close rival to that of Eugene O’Neill. Illness, however, cut short Moody’s career. He was struck by typhoid fever in 1908. The following year he married Harriet Brainard, with whom he had begun a friendship in 1901. Brainard, who was eleven years older than Moody, helped to care for him as his health deteriorated. He was already starting to go blind during their honeymoon in England. On October 17, 1910, Moody died in Colorado Springs, CO of complications from a brain tumor.
Before his death Moody had written one act of The Death of Eve, but was never able to finish it. He intended the play to depict Eve’s efforts to reconcile man and God by being relieved of her sins. The play exemplified Moody’s desire to use drama to criticize overly restrictive societal codes and promote a vision of emotional freedom and spiritual fulfillment. Moody’s reputation as a poet endures, perhaps more so than his reputation as a playwright. “Gloucester Moors”, The Menagerie”, “On a Soldier Fallen in the Philippines” and other poems continue to appear in literary anthologies. Hermann Hagedorn praised Moody’s poetry in a review in the Independent: “We may be sure that future Americans will remember Moody gratefully as one not unworthy to walk in paths first trod by the feet of Milton and of Shelley.”
William Vaughn Mood “bridges the gap between traditional forms of the nineteenth century and experimental designs of the twentieth century”, explained Dictionary of Literary Biography contributor Laura M. Zaidman.(²)
WORKS CITED
1. http://www.poemhunter.com/william-vaughn-moody/biografphy / Biography of William Vaughn Moody
2. http://www.poetryfoundation.org/archive/poet.hmtl?id=81508
3. http://www. wayneturney.20m.com/moodywilliamvaughn,htm William Vaughn Moody (1869-1910), Playwright
4. This article was originally published in Minute History of the Drama. Alice B. Fort & Herbert S. Kates. New York: Grosset & Dunlap, 1935. p. 114.
APRECIAÇÃO
WILLIAM VAUGHN MOODY, 1869-1910)
An Antologia in Memoriam
William Vaughn Moody, um dramaturgo estadunidense, nasceu no dia 8 de julho de 1869, em Spenser, Indiana. (¹)
O pai Moody foi um capitão do barco no rio Ohio até que seu barco foi confiscado quando passava por Memphis durante a Guerra Civil. A mãe de Moody consolidou em seu filho o gosto para as artes e a literatura. Sua morte em 1884, seguida pela de seu pai, dois anos mais tarde, afetou-o profundamente, e ele compôs algumas de suas primeiras poesias naquele tempo. (²)
Moody trabalhou seu estilo quando passou pela High School de Nova Albany. Graduou-se primeiramente na classe de High School em 1885 e, em seu discurso como o orador da turma, pronunciou um trabalho que ele escrevera intitulado “A Evolução da História.” Moody tinha igualmente estagiado como editor de um jornal de estudantes chamado “Minute Man”. A missão do jornal era criticar as falhas na sociedade. O dom de Moody para a escrita atraiu a atenção do diretor de sua alta escola, que o encorajou a candidatar-se às faculdades da Costa Leste. (²)
Moody seguiu finalmente esse conselho. Compelido a construir sua própria maneira de ser no mundo, Moody manteve-se na tutoria em Poughkeepsie, New York, em 1887, e continuou seus estudos na Academia de Riverview. Em 1889, graduou-se por Riverview com um título de acadêmico proeminente, ganhando uma bolsa de estudos para Havard.
Na Universidade de Havard, continuou seu trabalho em meio expediente, em ocupações tais como ensinar, vigiar, datilografar e editar, para manter-se na escola.(²) Moody começou a sobressair-se no cenário literário da universidade. Contribuiu com as revistas literárias estudantis e começou a associar-se com outros que compartilhavam de sua paixão pela literatura, tal como Robert Morss Lovett, Philip Henry Savage, Hugh McCullough, Danied Gregory Mason, Norman Hapgood e Robert Herrick.
Moody foi eleito para o corpo editorial da revista "Monthly", um dos órgãos literários da Faculdade. Isto era uma honra incomum para um estudante em seu primeiro ano. Através de seu trabalho na "Monthly", Moody ganhou alto perfil junto aos instrutores destacados de Havard, tal como George Pearce Baker e George Santayana.
Moody foi influenciado pela prevalente atmosfera intelectual de Havard, que era até então caracterizada pelo pessimismo. (²) Ele recebeu seu B.A. em 1893.
Moody empreendeu uma excursão pela Europa com uma família americana rica. Ele surpreendeu-se de modo especial com os contrastes entre o Norte e o Sul da Europa. Após o retorno do exterior, Moody voltou a Havard para obter o grau de mestre, M.A. (1894) e tornou-se co-editor da "Havard Monthly". De 1894-95, alçou-se à posição de assistente do Departamento de Inglês.
Em 1895, Moody foi nomeado instrutor na Universidade de Chicago e em 1901 foi promovido a Assistente de Diretor, cargo que exerceu até 1903.
Durante este tempo na Universidade, Moody publicou um volume de poesia, assim como dois dramas poéticos, The Masque of Judgment em 1900 e The Fire Bringer em 1904. Em 1902 colaborou na obra A First View of English and American Literature, mas a sorte do seu trabalho de escritor era trabalhosa e o ganho era suficiente apenas para ajudar sua família a melhorar as coisas. Então, joga-se com tudo para 1906, “A Grande Virada”, naquele tempo, ou seja, o “Grande Drama Americano”.
O interesse principal de Moody está colocado na poesia. Saiu da Universidade em 1907 para concentrar-se em sua poesia. (¹)
Ele escreveu a seu amigo Percy Mackaye, em 1904, que era “um coração e alma dedicados à convicção de que a vida moderna pode ser representada no palco, por meios poéticos e adequadamente apenas por essa forma”. Sendo um cuidadoso e meticuloso trabalhador, Moody escreveu sua impressionante “História da Literatura Inglesa” para lhe dar suporte enquanto viajava pelo exterior e pelo Oeste Americano. Influenciado extremamente por seus estudos de Milton e Bunyan, o trabalho de Moody como um dramaturgo centrou-se na visão própria da teologia do Cristianismo. Escreveu diversas peças distribuídas entre vários assuntos que, em nossos dias ainda seriam consideradas como “litúrgicas”. Um século antes, tais assuntos eram mais centrais em nossa cultura. (³)
Seus três dramas poéticos, The Masque de Judgment (1900), The Fire Bringer (1904) e The Death of Eve (incompleta na morte do autor), levaram-no um lugar de destaque na Literatura Americana. Todos eles são notáveis pela riqueza do ritmo e um finíssimo senso lírico. Uma outra produção de Moody, The Faith Healer (1909) atraiu alguma atenção, mas não foi um sucesso no palco. É possível, entretanto, que não tendo alcançado êxito na adaptação ao palco, Moody tenha conseguido o sucesso real como dramaturgo. (4) Em 1908, Moody foi admitido na Academia Americana de Artes e Letras. Igualmente, no mesmo ano, viu uma produção de sua peça The Faith Healer atrair bastante atenção, mas, mesmo assim, não ser considerada um sucesso dramático. A despeito do pequeno volume de seu trabalho, o talento de Moody era muito respeitado. A Universidade de Yale concedeu-lhe o grau honorário de Doutor de Letras, em 1908, e, entre críticos, seu trabalho foi considerado um rival próximo de Eugene O'Neill.
Entretanto, a curta carreira de Moody foi golpeada pela febre tifóide em 1908. No seguinte, ele casou com Harriet Brainard, com quem tinha começado uma amizade em 1901. Brainard, que era onze anos mais velha do que Moody, cuidou dele enquanto a saúde se deteriorava. Ele já estava pra fechar os olhos durante sua lua de mel na Inglaterra. Em 17 de outubro de 1910, Moody morre em Colorado Springs, CO, das complicações de um tumor cerebral.
Antes de sua morte, Moody escreveu um ato de The Death of Eva, mas nunca pode terminá-la. Pretendia, com o jogo, pintar os esforços da véspera para reconciliar o homem com Deus ao serem realçados seus pecados. O desejo de Moody é exemplificado, no uso do drama, para criticar o excedente de códigos sociais restritivos e promover uma visão da liberdade emocional e da realização espiritual. A reputação de Moody como poeta resiste, talvez, mais do que sua reputação como dramaturgo. “Gloucester Moors”, “The Menagerie”, “On a Soldier,” Fallen in the Philippiness” e outros poemas continuam a serem publicados em antologias literárias. Hermann Hagedorn elogiou a poesia Moody em um ensaio no "Independent": “Podemos estar certos de que os Americanos futuros recordarão Moody com muita gratidão por ter seguido caminho tão digno quanto o palmilhado antes por Milton e Shelley.”.
William Vaughn Moos “constrói uma ponte no vácuo entre as formas tradicionais do 19º século e projetos experimentais do século XX”, escreveu Laura M. Zaidman, (²) no "Dictionary of Literary Biography".
WORKS CITED
1. http://www.poemhunter.com/william-vaughn-moody/biografphy / Biography of William Vaughn Moody
2. http://www.poetryfoundation.org/archive/poet.hmtl?id=81508
3. http://www. wayneturney.20m.com/moodywilliamvaughn,htm William Vaughn Moody (1869-1910), Playwright
4. This article was originally published in Minute History of the Drama. Alice B. Fort & Herbert S. Kates. New York: Grosset & Dunlap, 1935. p. 114.
NOW IST THE TIME
Francisco Miguel de Moura
Tradução:
Teresinka Pereira
Now is the time
SHOOTING STAR
Teresinka Pereira
Tradução:
F.M.Moura
About the meteor that
fell last night
I asked myself
if it were real, and where
on earth did it land.
Would it be a meteor of silver?
Would it be a new moon?
Would it be a tear from
A sad star in love with the sun?
The people who saw it falling
said it was a huge fireball
that broke into pieces
when it reached the earth.
The unexpected meteor
of a very short existence
withered in a flower bed,
maybe wishing to be a rose,
a sunflower, or a lily.
It fell with a blare, a sonic boom
and it’s fire splashed out
like its blood, like its dreams
in the middle of the night,
almost ready to violate
the secret of paradise.
O METEORO
A respeito da estrela que
caiu na noite passada,
eu me perguntava
se era real e onde
sobre a Terra se fez terra.
Seria um meteoro de prata?
Seria uma nova lua?
Seria o despedaçar-se
de uma triste estrela
de mal com o sol?
A gente que a viu caindo
disse que era uma bola de fogo
enorme
que se quebrou em pedaços
quando estendeu-se na Terra.
O inesperado meteoro
de tão curta existência
caiu no canteiro de flores,
talvez quisesse ser uma rosa,
talvez um lírio, um girassol.
Caiu num clamor de ribombo
e seu clarão espatifou-se
como sangue, como sonhos,
no meio da noite
quase pronto para quebrar
o segredo do paraíso.
sábado, 3 de julho de 2010
JOSÉ ASSUNCIÓN SILVA – O POETA
José Assunción Silva, nascido em 1865 e falecido em 1896 foi um dos maiores poetas da vida e poesia romântica. Toda sua obra foi escrita na juventude, pois quando morreu, aos 31 anos de idade, apesar de já ser famoso, havia organizado sua poesia em um volume publicável. Sua obra completa foi publicada muitos anos depois de sua morte, em 1952, e revela muita renovação lírica e diversidade em suas composições patrióticas, festivas, folclóricas, narrativas, filosóficas e de poesia erótica.
sábado, 26 de setembro de 2009
O VALOR DO VERSO
Presidente da IWA*

Francisco Miguel de Moura dedicou-me um poema tão intrínseco em suas metáforas e realidade que se torna impossível explicar, analisar, ou mesmo comentar. Por isto, cito-o aqui:
para Teresinka Pereira
a-pu-nha-la-do
pelo v e r d e
de vossos olhos
pelo a m a r - e l o
de nossos óculos
pelo vosso desacordo
(por sinal v e r m e l h o)
desde então e a - go - ra
namoro
o semáforo.
Quem me conhece vai me reconhecer no poema. Por coincidência, o poema chegou pelo correio (sem data, tanto o artigo quanto o poema) e veio em cópia xérox, do outro lado de um artigo, pelo mesmo autor, que, entre outras coisas diz:
“... minhas desilusões não resistem às minhas ilusões da juventude, românticas, tão boas, sem limites, por uma democracia que não veio, uma liberdade que não existe, direitos totalmente desrespeitados em nome de quê?” (1)
O artigo merece nossa leitura e nosso consentimento para falar por todos nós que fomos jovens durante a ditadura militar no Brasil, e tivemos a coragem de manter nosso espírito livre das nefastas influências da lavagem cerebral imposta pelo medo de perder a vida por declarar-se dono de um pensamento autenticamente crítico. Durante os 25 anos de ditadura militar no Brasil, somente nas secretas comunicações de companheirismo e no exílio podíamos estudar marxismo (o sinal vermelho no poema). A juventude cresceu sem a possibilidade de aprender que a solidariedade, o companheirismo e o amor, reconhecendo a igualdade de homem para homem é o mesmo que a liberdade de ter justiça. E como Maria Gomes Guilherme explica em um artigo publicado no jornal “O Eco do Funchal” (2) “a justiça é uma virtude cívica, e pode produzir felicidade para uma comunidade. Utilizando o método da igualdade, a justiça pode distribuir proporcionalmente as vantagens e honras em função dos méritos de cada um. O outro princípio em que a justiça se apoia é o da equidade, quer dizer, devemos oferecer a cada um o que lhe é devido”.
O poema é gráfico, quase chegando ao varal da poesia concreta, a qual sempre dispensou explicações. Quem entendeu, é poeta-leitor e gostou, e quem não entendeu fica com um ponto de interrogação (?) na ponta do nariz! Meus olhos são azuis, mas aparecem verdes no poema, porque: 1. verde é a cor do semáforo que deixa passar livremente; 2. é uma das cores da bandeira brasileira; 3. é a poderosa cor ecológica das nossas matas (o ouro verde); 4. é a cor da esperança.
Infelizmente um dos maus símbolos do verde foi roubado pelo “integralismo” brasileiro, de herança do fascismo italiano, que nos anos anteriores à nossa geração fez oposição ao “vermelho”, símbolo do comunismo.
Por tudo isto, posso dizer, companheiro, que meus olhos são mesmo “vermelhos”, como o poeta o diz muito gentilmente ao final do poema, evitando mencionar que dizê-los “azuis” estaria sendo indelicado simbolicamente, pois a cor “azul” tem o simbólico sentimento de “abandono e morte”. E pelo mesmo catálogo, “o amar-elo” de nossos óculos, contém a idéia muito fiel de “fome e sede” (3).
Entretanto, o tema do meu colega era a libertinagem da juventude de hoje, que representa a terceira geração de depois da ditadura. De acordo com o velho ditado “a gente só aprende o valor da liberdade depois que a perde” e que se adapta muito bem à nossa geração, porque envelhecemos antes de fazer os 21 anos de idade, chorando por uma liberdade que a ditadura roubou. Nós aprendemos sofrendo o valor da liberdade. Nós fomos aqueles que passamos o tempo da juventude lutando dentro ou fora do Brasil para recuperar a liberdade como o Comandante Marcos, de Chiapas, no México, explicava: “A liberdade é como a manhã. Há quem espera por ela dormindo, mas há quem fica acordado e caminha pela noite para alcançá-la”. Nós fomos como os que caminhamos a noite inteira da ditadura para merecer a liberdade. Nossos filhos sofreram com a nossa caminhada. Uns foram criados em pai, outros sem mãe, e outros com medo de que os “milicos” perseguissem seus pais até mesmo no exílio. Alguns odiaram a política das ideologias, outros abraçaram a fé da teologia da liberação, e ficaram ainda mais subversivos que nós jamais conseguimos ser, outros viram “hipies” e seus filhos já cresceram marginados. Eu entendo a nova geração que “não quer saber da nada”. Ela é filha de nosso egoísmo, nossa falta de participação na sua caminhada pela noite. A nova geração está observando nosso outono sem frutos. Demos muito, mas estamos cansados demais para exigir justiça: não aceitar nenhum pacto com a direita!
“Quando a esquerda começa a contar dinheiro, converte-se em direita”, disse Carlito Maia, com razão.
E já que estamos no processo de fazer a crítica da esquerda que se converteu em neoliberalismo cristão, como disse Pascual Serrano, referindo-se aos que abandonaram seu idealismo revolucionário e criticam a esquerda pela fresta da esquerda, enquanto o resto critica a esquerda já do outro lado da cerca, a “esquerda democrática”, expressão que parece contraditória, mas que no fundo é verdadeira, porque a esquerda sempre foi mais democrática que a direita.
Enfim, vamos terminar este comentário citando Hegel outra vez: “O desenvolvimento histórico da própria consciência humana é a marcha em busca da liberdade”. (4)
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*Teresinka Pereira, poeta e crítica literária, Presidente da IWA (Associação Internacional de Escritores e Artistas), sigla em inglês.
E-mail: tpereira@buckeye.express.com Website: http://www.international-writers-association.com/
Notas:
1. de Moura, Francisco Miguel: “Nossas ilusões e desilusões” in “O Dia”, Teresina, Piauí, 15-8-2009.
2. O jornal “Eco de Funchal” é publicado na cidade de Funchal, Ilha da Madeira, Portugal.
3. O escritor mexicano Fredo Arias de la Canal diz: “Quién observe con detenimiento y método los nóumenos de la creatividad poética, inducirá que ciertos colores tiene una relación a un significado arquétipo, por ejemplo: Rojo = sangre y heridas; / Azul = abandono y muerte / Amarillo = hambre e sed”.
4. Georg Wilhelm Friederich Hegel (1770-1831): filósofo alemão que influenciou Karl Marx.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
CHICO MIGUEL: UM LIVRO DE FORTUNA CRÍTICA
TERESINKA PEREIRA*
Toledo, OH, 13.7.2009
USA
O escritor e poeta Francisco Miguel de Moura responde neste livro (1), com detalhes, a pergunta padrão: “Como e por quê sou escritor?” Parece fácil para alguns responder a esta pergunta, mas é importante ir mais além daqueles chavões dos quais já estamos cansados, daqueles que a explicam pela necessidade de ter uma vocação que seja tão imperativa como a necessidade de respirar, etc. Pois vamos ver a resposta de Chico Miguel. Ele foi bancário e já se aposentou. Conviveu com cifras de dinheiro e contas bancárias toda sua vida de profissional. Esta situação é praticamente a mesma que a dos escritores e poetas do mundo inteiro, pois, no Brasil, assim como em outros países, o escritor morreria de fome se seus livros não fossem best-sellers desde a primeira publicação. Que eu saiba, Jorge Amado foi um dos poucos escritores profissionais de nossa geração e da geração anterior à nossa. Guimarães Rosa era médico. Carlos Drummond de Andrade era funcionário público e daí por diante. Nosso contemporâneo e bem best-seller, candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, Frei Betto, foi político, e agora que vive só de escrever, mora em um monastério, quando não está viajando, de maneira que se a venda de livros não corresponder ao que eles valem, não lhe falta casa e comida, mas sem o luxo que outros escritores precisam. Final da história: todos temos que ter um ganha-pão para ter o tempo e as comodidades necessárias para escrever, ou seja, de ir adiante com a nossa vocação. Cervantes, Shakespeare, Camões, e outros, outros, outros etc. viveram e morreram sem luxo e quase na miséria.
E é bom acreditar que, para nós, a literatura não é só um hobby, e sim nossa maneira de viver. Para mim, chega a ser minha “mania de viver”. E o Chico Miguel confessa que ser bancário é a melhor opção para quem tem a responsabilidade de sustentar família. Agora que estou reproduzindo do meu amigo escritor brasileiro, e que já me referi ao escritor Frei Betto, vou divagar um pouco e contar uma conversação que teve o Frei Betto com o escritor da República Dominicana, Mateo Morrison, político de profissão. Frei Betto foi convidado para representar o Brasil na feira de livros de Santo Domingo e os dois se encontraram. Provavelmente, Morrison se queixou da falta de tempo, dos compromissos políticos e de todas essas coisas que não deixam a gente escrever quando quer... E o Frei Betto lhe disse: “Faça como eu: deixe o governo!” Quem me contou isso foi o Morrison, não o meu compatrício. Mas, como me dizia ele, Frei Betto, sendo frei não só de nome, mas também de vida e vocação, nunca teve as responsabilidades que ele tem: mulher e seis filhos. Bom para ele! O Morrison, como Chico Miguel e eu também, tivemos que ter profissão avulsa à vida inteira. Eu, responsável por quatro filhos, tinha que me levantar às sete da manhã, para estar toda bonita e “aprontadinha” na frente dos alunos às oito, com boa cara e feliz de ter um emprego universitário, lidando com estudantes pós-adolescentes, de mais de 18 anos de idade em vez dos meninos da “high”, que são muito mais difíceis de se compreender (com exceção de nossos filhos, que são uns anjos, comparados com os filhos dos outros...) Mas este mundo está cheio de poetas que dão aulas nas secundárias ou até mesmo nas primárias, como o fez a chilena Gabriela Mistral. Além da situação financeira boa de um bancário, o escritor piauiense teve outra boa opção: a de poder ficar no seu estado, sem precisar emigrar.
Chico Miguel explica sua vocação de escrever, assim:
“Sou escritor porque tento colocar na arte da palavra os meus sentimentos e interpretar os sentimentos dos meus contemporâneos através do meu estilo e das minhas criações”. (pgs. 290-291).
Entrando na literatura primeiro como poeta, o autor de FORTUNA CRÍTICA diz que sua trajetória de trabalho com a palavra literária vem de anos antes da publicação de AREIAS, em 1966, sua estréia:
“Todo começo vem de muito longe (...) e merece escavação. (O tema? Claro). Procuramos o sentido de todas as coisas”.
O novo livro do escritor piauiense nos dá a entender a sua revisão periódica desse “começo” tão importante, porque daí para frente, não há final de linha. Acabo de ler uma entrevista que fizeram ao Augusto Boal, quando já estava condenado à morte por leucemia, na qual ele afirmava assim
Filho de professor, Chico Miguel ajudou o pai em tudo que podia, foi alfabetizador, roceiro e estudante autodidata. Em suas leituras na biblioteca do avô, aprendeu o sentido da palavra “saudade” e o valor da poesia. Descobriu que a poesia estava em todas as coisas, e mais tarde escreveu:
“ah, esta rua escura
ah, este rio escuro
ah, esta rosa escura.
as coisas estão com medo”.
E descobriu também que tudo o que vive e que se agita no viver tem poesia, como no poema “Passo”: “Colibri / beija-flor / pássaro preto / sabiá. // Canto novo / canto azul / do sonhar / de pisar / do piscar / do revestir. // Sabiá / pássaro preto / beija-flor / colibri.”
Nessas memórias, o poeta confessa que se sentia feio e que achava que “essa condição de feio contribuiu para mais ou para menos na decisão de ser escritor”. Uma revelação sentimental não realista, pois as várias fotos de juventude postas no livro desmentem essa condição. Sua aparência era bastante atraente e o jovem Chico Miguel já tinha cara de poeta romântico. Entretanto, descrevendo sua personalidade, ele diz: “Sou um bicho estranho, contraditório. E essa contradição, esse espírito polêmico ou embirrado e teimoso é que me dá unidade.” (p. 293). Claro, Chico Miguel é também inteligente, impaciente e inconstante, características típicas do seu signo de Geminis, nascido a 16 de junho. E quase todas as pessoas desse signo são criativas, e se são intelectuais, viram poetas. O interessante é que nessa “escavação” de seus princípios de escritor, nos faz comover como as suas certezas de ter uma missão, com todos os seus sobressaltos e aventuras. Ele às vezes diz: “ser é fazer” e outras vezes diz: “não sei se fui feliz, tentei” e “ser escritor, poeta, é um sacerdócio”, ”precisa desprendimento e humildade”... E eu gostei dessa: “O escritor tem que ser livre e descompromissado de teorias, filosofias, partidos e política, principalmente da moral religiosa apegada a padrões sempre caducos e distorcidos.” (p.296).

Francisco Miguel de Moura termina seu depoimento afirmando que nem a própria arte será eternidade porque não há nada eterno. Também concordo com isso. Mas concordo também com uma declaração do escritor mineiro Sebastião Nunes (2), que mencionava a necessidade que o artista tem de mostrar ao mundo a própria existência: “O mundo do artista é seu público.” No final, todos chegamos com uma pitada de existencialismo e há que dar crédito a Sartre (3), que foi discípulo de Nietzsche (4) que dizia que a compreensão dos grandes pensamentos é tarefa dos futuros estudantes da arte. Portanto, esperemos, esperemos, esperemos por nossa imortalidade através de nossos filhos ou, na falta deles, dos discípulos intelectuais que tenhamos.
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NOTAS:
1. Moura, Francisco Miguel de: “Fortuna Crítica”. Teresina, Ed. Cirandinha, 2008;
2. Nunes, Sebastião: Supl. Literário do Minas Gerais, no. 1269, jun.2004, p.13;
3. Sartre, Jean Paul. Teórico do “Existencialismo”, doutrina aparecida na França, na primeira metade do séc. XX;
4. Nietzsche, Friedrich Wilhelm. Filósofo Alemão, autor de Assim falou Zaratustra (1883-1891).
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*Teesinka Pereira - Presidente da IWA - Associação Internacional de Escritores e Artistas - Toledo - Ohio - USA
quinta-feira, 12 de março de 2009
AS CRIANÇAS DE GAZA

As crianças que morrem em Gaza não têm o privilégio de saudar o novo ano de 2009 com seu sorriso inocente.
Seus poucos dias, meses, anos de vida são passados na escuridão e pavor, em lágrimas e dor. Seu sangue fecunda o canto exato da terra em que nasceram: sua terra.
Em meu entender, essa guerra em Gaza não tem nenhuma explicação válida. Não importa quem sejam os donos dessa franja de terra, nem muito menos quem vive nas ricas colônias ou conjuntos de apartamentos judaicos ou nos casebres palestinos. Não me importa quem paga com o imposto obrigatório de seu trabalho honesto pelos mísseis que voam de um o outro lado da fronteira de Gaza. Os criminosos são os que os estão lançando, vendendo e comprando essas terríveis armas para matar e mutilar tanta gente ao mesmo tempo.
A vida de uma criança vale muito mais que todas as ideologias religiosas ou políticas, vale mais do que os papéis de mapas oficiais da nova geografia dos países repartidos depois das guerras.
As crianças morrem como pássaros indefesos arrancados do ninho antes de seu primeiro vôo.
Não quero nenhuma explicação nem razão pelas quais voam os mísseis. Não quero perdoar aos que mandam a morte, as feridas, a fome e o desamparo às milhares de crianças em Gaza.
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Nota:
Abrimos este oportuno espaço para publicar um dos poemas mais sentidos e belos de Teresinka Pereira, entre os inúmeros que fez. Teresinka já publicou cerca de 40 livros, mas, atualmente, diz que não mais pretende fazê-lo. Seu interesse de divulgação agora é pela internet. Seus poemas são feitos e enviados para milhares de pessoas através de e-mails, tal como este que me mandou há algum tempo.
FMM
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SONHO ESSENCIAL
Que leia este poema
com calor na voz,
e os corredores
por onde caminhe
sejam jardins de cravos,
rosas e pássaros de muitas cores.
Que chegue a uma fonte
e nela uma primavera cante
em cascatas de versos
e em sua voz um riacho
vá gritando de alegria.
Quero que se lembre
de minha boca
no último beijo
e que leia meus versos
e que continue caminhando
neste sonho essencial.
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*TERESINKA PEREIRA é poetisa, crítica, editora, promotora de cultura. Mineira de nascimento, há muitos anos mora na cidade de Toledo, Ohio, USA, onde foi professora de língua portuguesa e literatura brasileira. Hoje, aposentada, dirige a IWA (Associação Internacional de Escritores e Artistas, com sede nos Estados Undidos).
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
A MENTIRA DO NARCISO

Teresinka Pereira*
Qual foi a mentira
que pôs uma barreira
no caminho
onde a liberdade morria
no meio do verso?
De agora em diante a poesia
vai ficar delicada
como um beijo de despedida.
Para que desejar que tudo
fosse diferente, e que a vida
desse uma grande patada
em alguém que se põe
de joelhos para rezar?
Não há nenhum deus no céu
e a soberbia de quem confiou
em seu nome, cai sem armas.
Sou poeta, assim que morra,
serei imortal.
Estes versos não têm sol nem alegria.
Estou enamorando-me
de mim mesma como um Narciso
perdido no fervor dos tempos.
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*Teresinka Pereira, poetisa brasileira, mora nos Estados Unidos, onde é professora de Literatura Brasileira. Dirige também International Writers na Artists Association.
Endereço: P. O. Box 352048, Toledo OH 43635-2048, USA.
quinta-feira, 20 de março de 2008
O BRASIL E A POLÍTICA INTERNACIONAL (1)
Sérgio Cabral começou a carreira como agente de turismo e levou vários anos aprendendo e amando a cidade e o Estado onde nasceu – Rio de Janeiro, Zona Norte. É importante mencionar este detalhe, no momento em que consideramos que o atual governador do Rio, ao contrário, não vem da classe fina da Barra ou dos bairros nobres; vem do coração do povo, da maioria de classe média, e que conhece os problemas de sua cidade e das favelas de muito perto. O pessoal da classe média do Rio, que não tem carro blindado nem chofer para levar as crianças às escolas particulares e que tem que andar, é o que mais sofre com os assaltos, os seqüestros, os arrastões e essas táticas de roubo empregadas pelos pivetes e bandoleiros que descem do morro favelado para aterrorizar os cariocas de Copacabana, Leblon, Laranjeiras, etc.
Os moradores das favelas acolhem e protegem os traficantes e os e os seqüestradores porque recebem um bom dinheiro para fazer isto. Quando o exército estadual foi chamado recentemente para interromper a “balaceira” que cruzava as ruas das favelas era porque já a guerra entre os bandos de traficantes das drogas ia avançando e ninguém sabia onde ia parar. Essas balas estavam matando gente inocente ou favelados que não tinham nada que ver com o tráfico. Entretanto há que reconhecer que as drogas pagam generosamente. Mas a velha imagem da favela como terra da maioria dos cidadãos pobres, necessitados e abandonados em sua miséria, é a que permanece na caridade de qualquer cristão.
Há um grande equívoco na mentalidade carioca e se faz necessária uma explicação internacional. Nos Estados Unidos, os “bushistas” já estão se persignando ao ouvir o nome de Sérgio Cabral, amigo de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Não passará muito tempo e estarão garantindo que faz parte do “Eixo do Mal”. Há um grupo de ecologistas que fazem finca-pé na idéia de que a Amazônia, sendo o pulmão do mundo, deve ser desapropriada do território brasileiro para que seja preservada da devastação (os mapas escolares das escolas estadunidenses mostram o do Brasil já sem a Amazônia, de fato). Assim como há também uma nova corrente política internacional, de berço na CIA, que se chama de “neoliberal” e que determinou de salvar os traficantes e usá-los para a sua agenda de acusar o governador Cabral, dizendo que o Exército está violando os direitos humanos dos traficantes. Enquanto isso, esses hipócritas e apaixonados patriotas americanos discutem sobre o problema de terrorismo nos Estados Unidos e continuam aprovando a prática da tortura sistemática dos suspeitos de conspiração.
Essa tática da CIA já fez efeito em muitas partes do mundo. Já está globalizada. Seu uso, atualmente, na Venezuela onde os estudantes jovens, mal informados e treinados pela confusão da liberdade de imprensa e da democracia estilo USA, é evidente, tudo faz com que levantem os protestos contra Chávez porque não deu nova concessão à cadeira de Rádio e Televisão RCTV, financiada pela CIA para combater o novo presidente que anda socializando a nação petroleira da Venezuela. A CIA está mandando uma fantástica inversão de dólares americanos e até de euros (via Espanha) para impedida a reforma da constituição venezuelana.
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*Teresinka Pereira, professora e poeta, mora em Toledo, Ohio, EUA, de onde exerce grande atividade poética, humanística, como presidente da IWA (Associação de Escritores e Artistas Internacionais.