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sexta-feira, 8 de junho de 2012

EUGENIO DE ANDRADE - BIOGRAFIA E POEMAS

EUGÊNIO DE ANDRADE


Poeta português, nasceu em 19 de Janeiro de 1923 em Póvoa de Atalaia, Fundão, no seio de uma família de camponeses. A sua infância foi passada com a mãe, na sua aldeia natal. Mais tarde, prosseguindo os estudos, foi para Castelo Branco, Lisboa e Coimbra, onde residiu entre 1939 e 1945. Em 1947 entrou para a Inspecção Administrativa dos Serviços Médico-Sociais, em Lisboa. Em 1950 foi transferido para o Porto, onde fixou residência.

Abandonou a ideia de um curso de Filosofia para se dedicar à poesia e à escrita, actividades pelas quais demonstrou desde cedo profundo interesse, a partir da descoberta de trabalhos de Guerra Junqueiro e António Botto. Camilo Pessanha constituiu outra forte influência do jovem poeta Eugénio de Andrade.
Embora não se integre em nenhum dos movimentos literários que lhe são contemporâneos, não os ignorou, mostrando-se solidário com as suas propostas teóricas e colaborando nas revistas a eles ligadas, como Cadernos de Poesia; Vértice; Seara Nova; Sísifo; Gazeta Musical e de Todas as Artes; Colóquio, Revista de Artes e Letras; O Tempo e o Modo e Cadernos de Literatura, entre outras.

A sua poesia caracteriza-se pela importância dada à palavra, quer no seu valor imagético, quer rítmico, sendo a musicalidade um dos aspectos mais marcantes da poética de Eugénio de Andrade, aproximando-a do lirismo primitivo da poesia galego-portuguesa ou, mais recentemente, do simbolismo de Camilo Pessanha.
O tema central da sua poesia é a figuração do Homem, não apenas do eu individual, integrado num colectivo, com o qual se harmoniza (terra, campo, natureza - lugar de encontro) ou luta (cidade - lugar de opressão, de conflito, de morte, contra os quais se levanta a escrita combativa).
A figuração do tempo é, assim, igualmente essencial na poesia de Eugénio de Andrade, em que os dois ciclos, o do tempo e o do Homem, são inseparáveis, como o comprova, por exemplo, o paralelismo entre as idades do homem e as estações do ano. A evocação da infância, em que é notória a presença da figura materna e a ligação com os elementos naturais, surge ligada a uma visão eufórica do tempo, sentido sempre, no entanto, retrospectivamente. A essa euforia contrapõe-se o sentimento doloroso provocado pelo envelhecimemto, pela consciência da aproximação da morte (assumido sobretudo a partir de Limiar dos Pássaros), contra o qual só o refúgio na reconstituição do passado feliz ou a assunção do envelhecimento, ou seja, a escrita, surge como superação possível. Ligada à adolescência e à idade madura, a sua poesia caracteriza-se pela presença dos temas do erotismo e da natureza, assumindo-se o autor como o «poeta do corpo». Os seus poemas, geralmente curtos, mas de grande densidade, e aparentemente simples, privilegiam a evocação da energia física, material, a plenitude da vida e dos sentidos.
Foi galardoado com o Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, atribuído a O Outro Nome da Terra (1988), e com o Prémio de Poesia Jean Malrieu, por Branco no Branco (1984). Recebeu ainda, em 1996, o Prémio Europeu de Poesia. Foi criada, no Porto, uma fundação com o seu nome.

Autor de uma importante obra poética, podem referir-se os seguintes títulos: Adolescente (1942); As Mãos e os Frutos (1948); Os Amantes sem Dinheiro (1950); As Palavras Interditas (1951); Até Amanhã (1956); Conhecimento da Poesia (1958); O Coração do Dia (1958); Os Afluentes do Silêncio (1968); Obscuro Domínio (1971); Limiar dos Pássaros (1972); Véspera da Água (1973); Memória de Outro Rio (1978); Matéria Solar (1980); O Peso da Sombra (1982); Poesia e Prosa, 1940-1989 (1990), O Sal da Língua (1995), Alentejo (1998), Os Lugares do Lume (1998) e Antologia Pessoal de Poesia Portuguesa (1999). Organizou ainda, várias antologias, como a que dedicou ao Porto (Daqui Houve Nome Portugal, 1968) e a Antologia Breve (1972). Em 2000, publica Poesia. Escreveu também livros para crianças. É um dos poetas portugueses mais traduzidos para outras línguas.
Em 1982, o Governo português atribuiu-lhe o grau de Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada e a Grã-Cruz da Ordem de Mérito em 1988. Em 1986, recebeu o Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literários. Em 1996, recebeu o Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (Jugoslávia).
Em 1999 organizou a obra Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa.
Em Maio de 2000, recebeu o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, entregue pelo Presidente da República. O prémio distingue todo o percurso e toda a obra do escritor. Também recebeu, no mesmo ano, o Prémio Extremadura de criação literária e o Prémio Celso Emilio Ferreiro, para autores ibéricos.
Em Fevereiro de 2001, Eugénio de Andrade recebeu o Prémio Celso Emilio Ferreiro, na Galiza. Em Maio, Eugénio de Andrade foi homenageado no Carrefour des Littératures, em França.Em Julho, foi atribuído ao poeta o Prémio Camões, que se mostrou satisfeito, quer pelo prestígio do galardão, quer por ver o seu nome associado ao de Luís de Camões.
No mesmo ano publicou Os Sulcos da Sede

SELEÇÃO DE POEMAS


Poesias de Eugênio de Andrade

Eugênio de Andrade


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.


Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.

Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.
                             
É na escura folhagem do sono
                       que brilha
                  a pele molhada,
 a difícil floração da língua.


Música, levai-me:

Onde estão as barcas?
Onde são as ilhas?


Procura a maravilha.

Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.

No brilho redondo
e jovem dos joelhos.

Na noite inclinada
de melancolia.

Procura.

Procura a maravilha.


A boca,

onde o fogo
de um verão
muito antigo

cintila,

a boca espera

(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)

espera o ardor
do vento
para ser ave,

e cantar.


Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser -

se a luz é tanta,
como se pode morrer?


Sê tu a palavra

1.
Sê tu a palavra,
branca rosa brava.

2.
Só o desejo é matinal.

3.
Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.

4.
Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.

5.
Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.

6.
Da chama à espada
o caminho é solitário.

7.
Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?


Colhe todo o oiro

Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.


Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.

Um verso já não é a maravilha,
um corpo já não é a plenitude.


Nunca o verão se demorara
assim nos lábios
e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?


Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um

- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum


De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos

e canta
o êxtase do dia.


Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.


Húmido de beijos e de lágrimas,
ardor da terra com sabor a mar,
o teu corpo perdia-se no meu.

(Vontade de ser barco ou de cantar.)


Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.


Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.


À breve, azul cantilena
dos teus olhos quando anoitecem.


Eram de longe.
Do mar traziam
o que é do mar: doçura
e ardor nos olhos fatigados.


A raiz do linho
foi meu alimento,
foi o meu tormento.

Mas então cantava.


Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Do livro “As Tormentas”
_________________________________
Matéria copida do site http://www.astormentas.com/andrade.html  como homenagem a quem, por ocasião de seu falecimento fizemos um poem e um soneto, ambos publicados em meu blog http://www.franciscomigueldemoura.blogspot.com

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

FRANCISCO MIGUEL DE MOURA - ANTOLOGIA

“A METÁFORA DE CADA DIA”
A poesia está na entranha
entre prisões de pedras
duras magras frágeis
como um veio d´água
sem margens


f.m.m.

Assim começa o grande poeta piauiense Francisco Miguel de Moura a sua Antologia, setenta composições por ele escolhidas para celebrar quarenta anos de actividade poética.
Celebração plena só com os leitores, com quem estabeleceu uma identidade sólida dentro e fora de fronteiras. Essa empatia resulta da qualidade da obra feita, da autenticidade que dela se desprende e com a qual o autor pondera a razão das componentes essenciais da sua vivência: “mordo a metáfora de cada dia”.
Tudo o que transborda do íntimo cativa o outro, o próximo, ansioso por se irmanar na mesma “busca em palavra”Minha busca (). Sem constrangimentos ou falsos pudores, sem comprometimento com esquemas métricos como ele mesmo diz (Como Fazer) sem preocupações ainda com consensos da crítica, o poeta descodifica com desembaraço uma cartografia de sentimentos, itinerários íntimos, únicos, e ainda assim intemporais e tão familiares a toda a gente.
Fá-lo como se levitasse sobre as coisas, sobre os outros, alcançada uma paz dentro da inquietação que mais não é que distanciamento calculado, sabedoria temperada com os condimentos do percurso social e o aroma da aventura literária. O ritmo nem sempre é o mesmo: ou verso livre, de medida curta e longa, ou soneto finamente elaborado. Igual é a sonoridade expressiva, a riqueza lexical. É o jogo obsessivo das palavras sob o constante bailado das ideias.
Original, às vezes irreverente, Francisco Miguel de Moura oferece aos leitores, nesta sua selecção de poemas, as palavras que o confortam. Não para desvendar urdiduras ficcionais, mas para partilhar o indizível das lembranças e “deslembranças” que permanecem. Que outra dádiva poderia ser maior do que desnudar a alma sem artifícios, mostrando como é seguir o caminho igual a ninguém, a não ser a si mesmo, trabalhando a palavra, o pensamento, a vida? “Trabalhei, trabalhei:/Há outra forma de amar? (A Casa).
Francisco Miguel de Moura revela-se um poeta extremamente moderno na alternância das conjugações estróficas, por onde espraia uma consciência crítica de ser social inteiramente livre (Que País é Este; Contrastes). Livre mas não apartado. Inequívoca é a sua determinação em auscultar as contraditórias pulsações do Tempo, uma entidade recorrente ou omnipresente no seu trabalho poético. Porque a verdade é que há “um tempo acumulado em tempo-sim/ e um tempo esvaziado em tempo-não”, como ele diz (O Tempo Existe).
E porque o Tempo existe vestindo diferentes máscaras e esmaga a lúcida tarefa de as enfrentar a cada passo, o poeta reconhece o dispêndio de energias para tão efémera viagem. Daí que reitere a vontade de experimentar todas as emoções de ser vivente, “ganhar as estradas incultas/ e abraçar novos sentidos” (Era o tempo de Pintar) com a consciência de que “um dia a mais é sempre um dia a menos” (A Bela e a Fera).
No entanto, para melhor aproveitar os fluidos luminosos do presente efémero, ou aumentar a vantagem redentora do tempo-sim, Francisco Miguel de Moura expressa, no final da Antologia, a única forma de poupar a si mesmo algumas parcelas de sofrimento, escapando ao remoinho do tempo esvaziado:
“Quero viver do ideal concreto
quero arrancar de mim o coração
incapaz de conter todas as dores”

                                                 (Querenças)   
Foi com a cúmplice emoção de quem desfralda velas em palavras que recebi a minha quota-parte do abraço de Chico Miguel na sua Antologia, o abraço longo e comovido de um poeta maior aos seus fiéis leitores.
___________________
*Maria Helena Ventura - Parede, Cascais, 26 de AGOSTO DE 2011
Essa escritora vive no Concelho de Cascais, é membro da Associação Portuguesa de Escritores, Sociedade de Geografia de Lisboa e IWA - International Writers and Artists Association (EUA)


Links: http://franciscomigueldemoura.blogspot.com 
           http://abodegadocamelo.blogspot.com
           http://usinadeletras.blogspot.com.br
          http://revistamaisfoco.blogspot.com.br

sábado, 10 de julho de 2010

DISCURSO NA ACADEMIA SUECA, AO RECEBER O NOBEL.

José Saramago* 
NOBEL DE LITERATURA - 1998
 
 

"O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida  não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França , levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom caráter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO (1923-2010)

NOBEL DE LITERATURA

BBC Brasil | 18/06/2010

Saramago era conhecido por ser polêmico e ter língua afiada. Deixou uma longa lista de desafetos. Também se natabilizou por seu lendário pessimismo.
O escritor português José Saramago, que morreu nesta sexta-feira, 18 de junho, com 87 anos, era conhecido tanto por seu talento literário como por suas visões polêmicas. Saramago era um comunista ferrenho e seus desafetos incluíam a Igreja Católica, o governo israelense e o ex-presidente americano George W. Bush. "Eu sou um comunista hormonal, meu corpo contém hormônios que fazem crescer minha barba e outros que me tornam um comunista. Mudar, para quê? Eu ficaria envergonhado, eu não quero me tornar outra pessoa", disse Saramago ao repórter da BBC Alfonso Daniels, em uma entrevista em junho de 2009.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

POESIA - FLORBELA ESPANCA*



SELEÇÃO DE SONETOS
E
ORGANIZAÇÃO DA BIOGRAFIA


Francisco Miguel de Moura

Poeta brasileiro



I
EU

Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida.

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou.

II
AMIGA

Deixa-me ser a tua amiga, Amor;
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for
Bendito sejas tu por m’o dizeres!

Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...

Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca...!


III
SILÊNCIO...!

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se poisou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

IV
O MAIOR BEM

Este querer-te bem sem me quereres,
Este sofrer por ti constantemente
Andar atrás de ti sem tu me veres
Faria piedade a toda a gente.

Mesmo a beijar-me a tua boca mente...
Quantos sangrentos beijos de mulheres
Poisa na minha a tua boca ardente,
E quanto engano nos seus vãos dizeres!...

Mas que me importa a mim que me não queiras.
Se esta pena, esta dor, estas canseiras,
Este mísero pungir, árduo e profundo

Do teu frio desamor, dos teus desdéns,
E, na vida, o mais alto dos meus bens?
É tudo quanto eu tenho neste mundo?

V
OS MEUS VERSOS

Rasga esses versos que eu te fiz, Amor!
Deita-os ao nada, ao pó ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!

Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada dum momento.
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior...!

Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente...

Rasga os meus versos... Pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda a gente...!

_______________________
*FLORBELA ESPANCA nasceu aos 8-12-1894, em Vila Viçosa. Fez o Liceu em Évora e a Faculdade de Direito em Lisboa. Em 1919, publica “Livro de Mágoas”. Em 1923, “Livro de Sóror Saudade”. Em dezembro de 1930, morre e é enterrada em Matozinhos. Em 1931, saem dois de seus livros: em janeiro, “Charneca em Flor”; em dezembro, “Máscaras do Destino”, contos. “Sonetos Completos” inclui um livro póstumo, “Reliquiae”, organizado por Guido Battelli. Sai em 1934 pela Livraria Gonçalves. Essa reunião é que, afinal, consagrou Florbela, tornou-a conhecida. A partir da quarta edição, em 1936, com um estudo de José Régio, extremamente importante para o conhecimento e a consagração da poetisa. Em 1954, seus restos mortais são transladados para Vila Viçosa, terra-berço. Aparentemente é uma poesia de difícil classificação. Modernista pela época em que produziu seus poemas e romântica, pois é toda uma forte expressão do eu, não necessariamente um eu histórico. E é clássica pelo primor na execução do soneto, chegando à altura dos maiores da língua. Singularidade: Explora os mais inusitados recursos sonoros. A poesia de Florbela Espanca inscreve-se mais precisamente na tradição lírica portuguesa do amor inatingível em sua plenitude. Ocorre com a Autora algo semelhante ao que acontece com o magno Camões, onde prepondera o ideal do amor fadado à insatisfação. Florbela Espanca é “... da linhagem dos grandes torturados da época do Simbolismo (Antônio Nobre, Camilo Pessanha, Sá Carneiro). Aparece tardiamente, pois na altura de 1920, chegava ao fim a geração a que se filiaria. Só depois de sua morte começou a crítica mais autorizada (Jorge de Sena, José Régio) a valorizá-la como um das maiores figuras da poesia portuguesa.”.

domingo, 12 de abril de 2009

NOTÍCIA: - LITERATURA

Agência Lusa


Corín Tellado



Morreu no dia 11 (sábado) do corrente mês de abril, 2009, a escritora espanhola Corín Tellado, a autora mais lida em espanhol depois de Miguel de Cervantes – segundo declarações da UNESCO. Conforme noticiado pela Agência Lusa, baseada em informações do hospital onde estava internada, em Gijón, a escritora sofrera, recentemente, um transtorno cardiovascular.
Maria del Socorro Tellado Lopez, que poucos conheciam, publicava toda sua obra com o pseudônimo de Corín Tellado, Foram mais de 4.000 novelas românticas, ao longo da carreira de quase 56 anos, Calcula se que vendeu cerca de 400 milhões de exemplares, durante seu trabalho como escritora, pelo foi inscrita no livro Guinesss, de recordes, desde 1994.

Popularíssima, a escritora nasceu na localidade de Viavélez, Astúrias, a 25-4-1926. Sua morte foi apressada, ou provocada, por esgotamento nervoso devido ao seu intenso trabalho, quando estava bem próxima de recuperar-se e transferir-separacasa.


Transcrevemos, a seguir, parte da notícia do EXPRESSO, jornal português online http://aeiou.expresso.pt Muitos dos seus títulos foram publicados em Portugal, pela Agência Portuguesa de Revistas, extinta em 1987, que os tornou conhecidos tanto em
pequeno formato como no de fotonovela. Os seus relatos, de forte carga sentimental com sugestões de erotismo, são considerados precursores das atuais telenovelas. Embora fosse muito popular entre as leitoras, a sua literatura cor de rosa era criticada como género literário menor. A essas críticas, respondia francamente que escrevia para entreter o leitor e que não tinha de se envergonhar por isso. Entre as suas novelas mais representativas figuram títulos como "O teu passado condena-me", "Consola-te comigo", "O Ídolo", "Não me culpes a mim", "Esqueceste-me no outro dia", "Bendito engano", "Não esquecerei a tua traição", "Confundi a tua cobardia", "Não te enganes a ti mesma" ou "Meu querido fanfarrão". “Apesar do seu delicado estado de saúde, que desde 1995 a obrigava a submeter-se a três sessões de diálise semanais, Corín Tellado continuou a publicar até ao final da vida, embora já não escrevesse e tivesse passado a ditar”. A prolífica autora terminou na quarta-feira passada o seu último título, por encomenda da revista "Variedades", com que colaborava há muitos anos.
_________________
Trabalho reescrito por mim, francisco miguel de moura, com base em notícia do jornal online http://aeiou.expresso.pt - nome de fantasia EXPRESSO.



Miguel de Cervantes

segunda-feira, 30 de junho de 2008

MONTEZUMA DE CARVALHO

BIOGRAFIA


Por Francisco Miguel de Moura*


JOAQUIM DE MONTEZUMA DE CARVALHO nasceu em 21 de novembro de 1928, na Freguesia de Almedina, em Coimbra, Portugal, em cuja Faculdade Direito se licenciou. Logo após, expatriou-se para Angola e Moçambique onde exerceu funções nos registros e na magistratura (Nova Lisboa, Inhambane e Lourenço Marques) até 6 de abril de 1976. Retornado a Portugal, exerce a advocacia em Lisboa.
Em 1951, sendo estudante, tomou a iniciativa da homenagem a Teixeira de Pascoaes, publicando o livro coletivo A Teixeira de Pascoaes. Em 1953, traduz e prolonga Teixeira de Pascoaes, do italiano Guido Battelli. Em 1957, lançou em Angola o Epistolário Ibérico Cartas de Pascoaes e Unamuno. Em 1958, ano da morte de Joaquim de Carvalho, organizou os livros Joaquim de Carvalho no Brasil e Miscelânea de Estudos a Joaquim de Carvalho. Fundou, ainda, na Figueira da Foz, a Biblioteca-Museu Joaquim de Carvalho e a Sala Joaquim de Carvalho, esta última ligada à Biblioteca Municipal. De 1958 a 1965, financiado pelo município de Nova Lisboa, Angola, organizou e publicou os quatro tomos do Panorama das Literaturas das Américas, de 1900 à Actualidade, obra até hoje sem equivalente na sua dimensão global e qualidade de colaboradores directos. Em 1965 apresentou os escritores luso-brasileiros nascidos neste século (XX) na obra francesa Ecrivains Contemporaine (Ed. Mazenod, Paris). Em 1963 fez parte do júri internacional que atribuiu ao mexicano Octavio Paz o Grande Prix de Poésie, prêmio belga.
Os seus escritos versando literatura, filosofia e história figuram principalmente no estrangeiro. No Brasil, nos diários “O Estado de São Paulo” e “Tribuna de Santos”, na revistas “Expoente”, “Comentário”, “Kriterion”, “Minas Gerais”,” Jornal de Letras”, Ita-Humanidades”, “Letras de Limeira”, “Revista Brasileira de Filosofia” e “Revista de Letras”; na revista “Relligione Oggi” (Roma); na “Revista Interamericana de Bibliografia” (Washington); nas revistas do México “Norte”, “Vida Universitária”, “Sembradores de Amistad”, “Comunidad”, “Nível” e “Humanitas”, no diário “El Universal” (Equadror); na revista “Humboldt” (Alemanha) e “Repertório Latinoamericano” (Buenos Aires-Argentina).
Pelo timbre destas colaborações, alheias a qualquer paternalismo oficial, mereceu algumas distinções estrangeiras. Assim, é membro de The Hispanic Society of América (New York); da Academia Carioca de Letras e da Academia Santista de Letras; do Grupo América (Uruguai); convidado do Instituto Internacional de Literatura Ibero-americana (Universidade de Pittsburg, USA) e do Primeiro Congresso de Literatura Ibero-americana da Bienal de São Paulo (Brasil, 1970). Em 1971 foi-lhe outorgado prêmio mexicano José Vasconcelos, que tem distinguido personalidades como León Felipe, Salvador de Madariaga, Félix Martí Ibañez, Luiz Alberto Sanches, Jorge Luiz Borges, Gilberto Freyre, Diego Abad de Santilián, Ubaldo di Benedetto, etc.
Figuras como Miguel Angel Astúrias, César Tiempo, Demetrio Aguilera Malta, etc. comentaram o seu labor cultural e internacionalista.
Este curriculum figura na capa do livro António Sérgio, a Obra e o Homem (Ed. Arcádia, Lisboa, 1979). Depois desta obra, publicou ainda: Crónica de uma viagem à Costa da Nina, no ano de 1480, de Eustache de La Fosse (Ed. Vegga, Lisboa, 1992); Destino e Obra de Camões, de Jorge Luís Borges (Edições do Tâmega, Amarante, 1993) Da alma portuguesa/da alma galega, por Joaquim de Carvalho/Camilo José Cela (Ed. do Tâmega, Amarante, l995); e Sor Juana Inés de la Cruz e o Padre Antônio Vieira ou a disputa sobre as finezas de Jesús Cristo (Ed. Frente de Afirmación Hispanista, A. C., Ciudad de México, 1998; Um abraço de Espanha a Garett: Juan Valera, Marcelino Menéndez y Pelayo e Ramón Menéndez Pidal”, 1999, obra esta publicada pela Direção Regional de Cultura, Angra do Heroísmo, Açores; em junho de 1999 foi designado membro da International Parliament for Safety and Peace/Intergovernmtal Organization for the States, ONU. em New York. Em 1999 foi eleito membro da Academia Norteamericana de la Lengua Española (correspondente de la Real Academia Española de Madrid), academia esta galardoada em setembro de 2000 com o Prémio Príncipe das Astúrias, de Espanha.
Em 1999, foi designado Cavaleiro da Ordem de St. Eugène de Trebizonde, de Espanha, presidida pelo Príncipe Juan Arcádio Láscaris Comneno, seu Grão Mestre.
Na atualidade colabora, activamente, no Caderno Literário do diário “O Primeiro de Janeiro”, de Porto/Portugal; e no “Diário dos Açores”, de Ponta Delgada, Açores, Portugal. Em 2001 fez reeditar a obra Amarante, de Joaquim de Vasconcelos (1849-1936), com introdução sua (Edições do Tâmega, Amarante); a obra Vida de Bento de Espinosa, por João Colerus (1647-1707), com introdução de seu pai Joaquim de Carvalho (1892-1958) e tradução de J. Lúcio de Azevedo directamente do holandês; e viu reeditar-se em Buenos Aires, em versão bilíngüe, Destino e Obra de Camões, por Jorge Luís Borges, com introdução do Dr. José Augusto Seabra, Embaixador de Portugal na Argentina, em 2001, e de Miguel de Torre Borges (sobrinho de Borges), sendo, no castelhano, traduzido por Rodolfo Alonso e Miguel Vigueira, cuja edição original (Ed. do Tâmega), Amarante, Portugal) fora de sua iniciativa.
Esses dados me foram enviados pelo próprio Joaquim de Montezuma de Carvalho, parte digitados, parte escritos a mão por sua própria caligrafia, esquecendo-se de colocar a data de quando o fez, entretanto, tudo indicando que foi após a entrada do século. Depois é que publicaria Cervantes em Portugal (Edições Nova Veja, Lisboa, 2005), uma obra bastante original onde desvenda as viagens de Cervantes e mostra que Portugal era muito mais o centro do mundo, naquele tempo, do que Espanha e quejandos. Joaquim de Montezuma de Carvalho, que de forma natural é um escritor barroco, como a maioria dos historiadores que conheço, aqui se abranda em frases límpidas, lógicas, para melhor esclarecer a verdade verdadeira tão importante quanto a que tomou a ombros sobre o inventor do romance ocidental. Dizendo assim, friso que, dentro do estilo mencionado, o barroco, o escritor consegue ser muito poético, e Montezuma de Carvalho o é. Assim é que sempre teve propensão pela poesia e pelos poetas, preferência talvez maior do que pelos filósofos, ao contrário de Joaquim de Carvalho, seu pai, que preferiu os filósofos e as filosofias. Não obstante, Montezuma também gostava destes, especialmente de Espinosa, sua especial paixão.
Mais alguns elementos de sua biografia estão no e-mail de 7 de março de 2008, que me foi enviado pelo Sr.Mário Jorge Ferreira, da cidade de Guimarães, Portugal. Transcrevo-o, então, integralmente:
“Um mensageiro da universalidade (in O Primeiro de Janeiro, 7-3-2008), Joaquim de Montezuma de Carvalho faleceu ontem, às 6 h 40 m, no Hospital S. José, em Lisboa, vítima de doença prolongada. O corpo estará hoje em câmara ardente a partir das 16 horas na Capela Nossa Senhora dos Remédios, em Alfama, donde sairá, amanhã, às 9h30 para o Cemitério do Alto de São João, onde se realiza o funeral pelas 10 horas. Ana Sofia Rosa, o filho Joaquim Montezuma de Carvalho, também advogado, falou ao “Janeiro” do legado do seu pai – ‘uma homem das letras, um filósofo que abominava a política’. (...)
No final dos anos 50, o jovem advogado partiu para Angola. Começou por ajudante de conservador do Registro Civil e Comercial de Lourenço Marques, onde casou com Maria Júlia Neto da Silva, acumulando funções na magistratura. O filho único recorda, desde tenra idade, o gosto do pai pela escrita, pelos escritores e pela literatura, que considerava universal e uma. ‘Não era pessoa de perder tempo a ver televisão ou a ir ao cinema. Os seus temas de conversa à hora da refeição eram um regresso aos escritores. ’ – recorda.
Amigo do poeta Jorge Luís Borges, que conheceu na Argentina, do escritor colombiano Gabriel García Márquez e do autor mexicano Octávio Paz, ambos prêmios Nobel de Literatura, e de Aquilino Ribeiro, o pensador Joaquim de Montezuma de Carvalho gostava de se isolar no meio dos livros, queria ter o essencial e era um homem de gostos muito simples: ‘O meu pai não se interessava pelas questões monetárias, apesar de ser advogado como eu. ’ O filho adianta: ‘Quando ele era novo teve autismo e fechava-se na biblioteca do meu avô, o filósofo e historiador figueirense Joaquim de Carvalho. ’
De regresso a Portugal, em 1976, exerce a advocacia em Lisboa e dá início a uma carreira de escritor e de divulgador da cultura portuguesa. Os seus escritos, que versam sobre literatura, filosofia e história figuram principalmente no estrangeiro. Colaborador, com aprofundados ensaios, do das Artes das Letras de O Primeiro de Janeiro, desde 1999. ‘todas as segundas-feiras, pedia-me para tirá-lo da internet’– recorda.
Joaquim de Montezuma de Carvalho despertou o interesse do filho por diversos autores. ‘Eu gostava muito de Júlio Verne, de Camilo Castelo Branco, de Eça de Queirós e ele apresentava-me os grandes autores mundiais. ’, partilha, lembrando que trocavam frequentemente impressões sobre o que estava a escrever. Autor de vasta obra no campo do ensaio, Joaquim de Montezuma de Carvalho foi distinguido com a Medalha José Vasconcelos, no México, atribuída pela Frente de Afirmación Hispanista, com sede em Nova Iorque, pelo volume O Panorama das Literaturas das Américas. Por ser autor de uma vasta bibliografia consagrada às cultura portuguesa e hispânica, foi designado, em 1999, Cavaleiro da Ordem de Santo Eugênio de Trebizonde, da Espanha.”


 
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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, já publicou cerca de 30 livros, muitos trabalhos seus foram divulgados no exterior: Portugal, Espanha, França, Cuba, Itália, Estados Unidos. Mora no Piauí. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
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Nota: Matéria sobre o escritor português Joaquim de Montezuma de Carvalho que foi publicada na WEB: http://www.franciscomigueldemoura.blogslpot.com e em www.usinadeletras.com.br

quarta-feira, 5 de março de 2008

A FLOR DA MADRUGADA


Cristino Cortes*


Na ainda madrugada planto uma flor.
Rego-a com os resquícios do sono, de água
Lhe serve o gosto com que aqui estou
Satisfação de calmo fruir o que se achou...


É como uma balança, medindo o calor
Do dia que passou, a potência e a mágoa
Do que não foi mas poderia ter sido
- Como alguém que não amou por se ter esquecido...


Das nuvens lhe vem o seu íntimo rebento, nem há
Outro sítio para nascer a música de uma flor;
Ao espelho, qual crisálida em vago vapor
Progressiva vai perfumando, pouco mas já.


Flor da madrugada que assim me salva o dia
Comigo permanece, em círculo a alegria.


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*Cristino Cortes, poeta português, mora em Lisboa. Do livro mais recente de sua autoria, "Música de Viagem", retiramos este soneto, de uma sonoridade singular que nos encanta.
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