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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

DISSECANDO O AMOR - Soneto

Francisco Miguel de Moura*

Para o poeta, amor calado é drama
Que produz arte em musical poesia.
O amor existe, é luz, força, alegria,
Mas na tristeza é que ele mais tem fama.

Bem no princípio, o amor é uma chama,
É segredo no nome. Oh, quanto o zelo!
O amor é olho, é boca, ouvido e pelo,
E é pelos olhos que eterniza a flama.

Amor é tudo que, esperando, avança
Amor são dois, e é um - pra não perder-se:
Duas almas, dois corpos numa dança.

O amor se dá, que amor nunca reclama,
Não pensa em nada, amor é não saber-se...
Amor-amor é um bem que se derrama.
______________________
Francisco Miguel de Moura, poeta universal nos temas e na forma,
reconhecido aqui e do outro lado do Atlântico(Portugal, Espanha, 
França e Itália
******************
 Observação:
Teresina, Brasil, 08-dez-2013 (A imagem que ilustra esta postagem foi captada no blog: www.contos e encantos.blogspot.com - a cujo responsável peço a permissão de reproduzir, simplesmente por ser muito bela. E o que é belo deve ser mostrado, diz o vulgo.

*).

sábado, 12 de julho de 2014

FMM - CINCO SONETOS ESCOLHIDOS


Francisco Miguel de Moura

A PARTIDA


Na partida os adeuses, gume e corte
dos prazeres do  amor, quanto tormento!
Cada qual que demonstre quanto é forte,
lábios secos mordendo o sentimento.

Do ser brotam soluços a toda hora,
as faces no calor do perdimento,
olhos no chão, no ar, por dentro e fora,
pedem aos céus a força e o alimento.

Ninguém vai, ninguém fica. Oh! se reparte
no transporte que  liga e que desliga!
Confusão de saber quem fica ou parte.

Não se explica tamanha intensidade
Amarga, e doce, e errante, que interliga
os corações perdidos de saudade.


EX-ANIMAL

Impossível falar à alma  de  um
dos viventes de Deus sobre esta lida,
sobretudo o que vai na alma ferida,
ou na lembrança que não é comum.

Somos ilhas cercadas por nenhum
outro ser dito irmão.  Nada o convida
a um mínimo de esforço que dê vida
ou assunção de problemas, seja algum

conselho, bate-papo ou sofrimento
sobre ações, pensamentos e palavras,
salvo se se tratar  do testamento.

O desumano egoísmo é sem limite,
do prazer de si só faz suas lavras,
e o mundo inteiro que se dinamite.


AS COISAS QUE...


Passo a limpo os guardados, vejo a capa
de um livro de poemas que me  roeu
por ter nele o meu rosto!... Olho-o, à socapa,
tentando deslembrar quem era eu.

O mundo é diferente em cada etapa,
e a gente nem percebe que sofreu.
Já não quero  sequer buscar, no mapa,
a alma, o sonho onde ela se perdeu.

Como senti-me mal  naquele dia!
Mas me guardei daquela coisa fria
pra me esquecer, enfim, que fui um jovem.

Por que perder meu tempo em desmazelo?
Se o passado morreu já não é belo,
quero o presente e as coisas que nos movem.


CAMINHANTE

       
No início, para trás eram meus passos,
mesmo assim alcancei quem se atrasou
mais do que eu, quem nada me escutou.
Meus pés doíam presos a alguns laços...

De rosto, a olhar em volta do ocidente,
jamais ouvi um som de voz alheia,
sem ver minhas pegadas pela areia,
a curtir um passado inconseqüente. 

Fiz pecados tão poucos, rezei tudo.
Cansado de falar me tornei mudo,
de tanto acreditar fiquei descrente.

Atrasei-me de amor pelo vizinho,
mas descobri, agora, que sozinho
ainda posso dar passos para frente.


DA VIDA E DA MORTE
       

Há quem busque esta vida noutra vida,
e são felizes recriação da morte.
E quem encontre a vida na antemorte,
e são felizes plenamente em vida.

Por que preocupar-se com a tal morte,
se ela vem no seu tempo como a vida,
ou depois. E se o ente está sem vida,
logo o engana e faz dele vida e morte?

Há quem, afadigado pela vida,
transforme a vida-vida em vida-morte
e passe uma existência sem ter vida.

E os que  só vivem dissecando a morte
pra saber se depois da vida há vida,
ou se depois da morte tudo é morte. 

_______________________
*FMM ou Francisco Miguel de Moura, escritor, habitante do Piauí, na Capital, onde passava o rio Parnaíba, quando era vivo, mas, coitado, está morrendo. Apelo para as autoridades que deixem que se faça do Piauí um deserto. Partido Verde, que é que você está fazendo? Qual sua função,sua luta? Meu Deus, é doer! O rio está secando... ESTES SONETOS FAZEM PARTE DE UM LIVRO INÉDITO CHAMADO "A CASA DO POETA".

quarta-feira, 1 de maio de 2013

FRANCISCO MIGUEL DE MOURA - 2 SONETOS



EM DUAS RIMAS


Francisco Miguel de Moura*
                                              

A vida nasce numa enorme festa,
Nasce do amor, no instante da folia
Do sexo, da paixão e da alegria.
Mas também chora. Pra que a vida presta?

Há confusões. Porém sobra uma fresta
Por onde socorrer-se na agonia,
Dá passagens na busca de harmonia.
Há morte e vida e luzes nessa gesta.

Há buscas ideais, filosofia...
Indagações: Meu Deus, que coisa é esta?
O amor a transformar-se em poesia.

Porém morrer cantando, ou numa sesta,
Ou ir sorrindo para uma outra festa
É tudo quanto o homem mais queria.


ELA, QUEM É?


Quando ela passa esconde-nos o rosto,
o corpo em forma nela é intenso lume,
mas, nos passos, derrama um tal perfume,
e olha, e fala, e ri com infindo gosto.

Quando ela vem de novo é uma esperança,
e a gente nem pressente. Está no espelho
o vulto airoso... E não se quer conselho,
nem prestar atenção quanto ela avança.

De outra vez ela passa e nem se acena
com a saudação comum de cada hora,
mesmo sentindo a graça da açucena.

Mas na última vez, vem tão sagaz,
nos entrega ao inimigo sem demora
Quem sabe se ela volta ou nunca mais?
__________
*francisco miguel de moura, poeta brasileiro, também escreve romances, contos, crônicas e é articulista do jornal "O DIA", onde escreve todos aos sábados.
                                e-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com
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