quinta-feira, 20 de março de 2008

O BRASIL E A POLÍTICA INTERNACIONAL (1)


Teresinka Pereira*

Sérgio Cabral começou a carreira como agente de turismo e levou vários anos aprendendo e amando a cidade e o Estado onde nasceu – Rio de Janeiro, Zona Norte. É importante mencionar este detalhe, no momento em que consideramos que o atual governador do Rio, ao contrário, não vem da classe fina da Barra ou dos bairros nobres; vem do coração do povo, da maioria de classe média, e que conhece os problemas de sua cidade e das favelas de muito perto. O pessoal da classe média do Rio, que não tem carro blindado nem chofer para levar as crianças às escolas particulares e que tem que andar, é o que mais sofre com os assaltos, os seqüestros, os arrastões e essas táticas de roubo empregadas pelos pivetes e bandoleiros que descem do morro favelado para aterrorizar os cariocas de Copacabana, Leblon, Laranjeiras, etc.

Os moradores das favelas acolhem e protegem os traficantes e os e os seqüestradores porque recebem um bom dinheiro para fazer isto. Quando o exército estadual foi chamado recentemente para interromper a “balaceira” que cruzava as ruas das favelas era porque já a guerra entre os bandos de traficantes das drogas ia avançando e ninguém sabia onde ia parar. Essas balas estavam matando gente inocente ou favelados que não tinham nada que ver com o tráfico. Entretanto há que reconhecer que as drogas pagam generosamente. Mas a velha imagem da favela como terra da maioria dos cidadãos pobres, necessitados e abandonados em sua miséria, é a que permanece na caridade de qualquer cristão.

Há um grande equívoco na mentalidade carioca e se faz necessária uma explicação internacional. Nos Estados Unidos, os “bushistas” já estão se persignando ao ouvir o nome de Sérgio Cabral, amigo de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Não passará muito tempo e estarão garantindo que faz parte do “Eixo do Mal”. Há um grupo de ecologistas que fazem finca-pé na idéia de que a Amazônia, sendo o pulmão do mundo, deve ser desapropriada do território brasileiro para que seja preservada da devastação (os mapas escolares das escolas estadunidenses mostram o do Brasil já sem a Amazônia, de fato). Assim como há também uma nova corrente política internacional, de berço na CIA, que se chama de “neoliberal” e que determinou de salvar os traficantes e usá-los para a sua agenda de acusar o governador Cabral, dizendo que o Exército está violando os direitos humanos dos traficantes. Enquanto isso, esses hipócritas e apaixonados patriotas americanos discutem sobre o problema de terrorismo nos Estados Unidos e continuam aprovando a prática da tortura sistemática dos suspeitos de conspiração.

Essa tática da CIA já fez efeito em muitas partes do mundo. Já está globalizada. Seu uso, atualmente, na Venezuela onde os estudantes jovens, mal informados e treinados pela confusão da liberdade de imprensa e da democracia estilo USA, é evidente, tudo faz com que levantem os protestos contra Chávez porque não deu nova concessão à cadeira de Rádio e Televisão RCTV, financiada pela CIA para combater o novo presidente que anda socializando a nação petroleira da Venezuela. A CIA está mandando uma fantástica inversão de dólares americanos e até de euros (via Espanha) para impedida a reforma da constituição venezuelana.

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*Teresinka Pereira, professora e poeta, mora em Toledo, Ohio, EUA, de onde exerce grande atividade poética, humanística, como presidente da IWA (Associação de Escritores e Artistas Internacionais.

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