Tranqüilidade na tarde
A Liene T. Eiten
Ah, derramar-me líquida sobre o mar
– ser onda indefinidamente –
esperar pela primeira estrela
e dela ser apenas
espelho.
Quero apenas
Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.
Água água
Menina sublunar, afogada,
que voz de prata te embala
toda desfolhada?
Tendo como um só adorno
o anel de seus vestidos,
ela própria é quem se encanta
numa canção de acalanto
presa ainda na garganta
Pedido
A Manuel Bandeira
Quando eu estiver mais triste
mas triste de não ter jeito,
quando atormentados morcegos
– um no cérebro outro no peito –
me apunhalarem de asas
e me cobrirem de cinza,
vem ensaiando de leve
leve linguagem de flores.
Traze-me a cor arroxeada
daquela montanha – lembra?
que cantaste num poema.
Traze-me um pouco de mar
ensaiando-se em acalanto
na líquida ternura
que tanto já me embalou.
Meu velho poeta canta
um canto que me adormeça
nem que seja de mentira.
Liberdade
A Carlos Scliar
Desligada
O vento morde meus cabelos sem medo:
Tenho todas as idades.
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*Olga Savary, escritora,
tradutora e jornalista, mora no Rio de Janeiro.. Tem 20 livros de poesia
e ficção, pessoais, e mais de 980 coletivos (centenas de antologias que
organizou e integrou, no Brasil e no exterior). Convidada, é a única
escritora a constar da antologia Poesia da América Latina (entre apenas
18 poetas, entre os quais dois “Prêmios Nobel”: Neruda e Octavio Paz,
editada na Holanda, em 1994). Integra as antologias Os Cem Melhores
Contos do Século e Os Cem Melhores Poemas do Século (Rio de Janeiro,
Objetiva, 2000). Recebeu mais de 40 prêmios nacionais e internacionais
de poesia, conto, romance, crítica, ensaio, tradução e jornalismo (3
“Jabuti”, vários “Prêmio UBE-RJ”, “UBE-SP”, vários “Prêmios da Academia
Brasileira de Letras”, nas várias áreas literárias, inclusive o “Prêmio
Machado de Assis para Conjunto de Obra”, o “Prêmio Internacional
Brasil-América Hispânica para Poesia”, etc.). É pioneira em publicar
haicais no Brasil, no início da década de 1940, menina ainda, e depois
em divulgar e traduzir os clássicos japoneses do haicai. Pioneira também
em publicar o considerado 1º livro todo em tema erótico no Brasil e em
ter organizado a 1ª antologia de poesia erótica. E em utilizar palavras
do idioma tupi em tudo o que escreve, seja poesia, conto, romance,
crítica literária e de artes, e ensaio. Tem mais de 10 livros no prelo e
a sair. Pelos editores com os quais trabalha no Brasil e no exterior,
mais os apreciadores de sua obra, está colocada em mais de 300.000
sites.
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Nota: Os poemas acima foram copiados do site www. wikipedia e foto colhida na internete (google), por Francisco Miguel de Moura.
Um comentário:
Olga foi uma escritora que atendeu os pensamentos eróticos e secretos da maioria das mulheres. Às vezes as mensagens subliminares acertavam em cheio os pensamentos e desejos femininos!
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