quinta-feira, 20 de março de 2008

O BRASIL E A POLÍTICA INTERNACIONAL (2)


Teresinka Pereira*

A diferença do que está acontecendo na Venezuela e o que acontece no Brasil, especialmente no Rio, é que este é um Estado e a Venezuela um país, e que o povo venezuelano já pode celebrar uma nova vida livre de analfabetismo, miséria, falta de hospitais e habitação, e o direito do voto e do referendum, etc. Os estudantes “americanizados” vão perder e o povo vai ganhar. A Venezuela, com a reforma constitucional, vai se converter numa potência mundial. O Brasil poderia também fazer isto, se os outros Estados imitassem o exemplo de Sérgio Cabral e fizessem alguma coisa para terminar com o tráfico de drogas, com os seqüestros e com o crime de rua nas grandes cidades e nas capitais.

O que o governador do Rio está fazendo obedece a uma seqüência política de investir no potencial de turismo e de ser anfitrião internacional começado com o MERCOSUL, continuado pelos jogos Panamericanos e, sem perder tempo, ir se preparando para os Jogos Olímpicos em 2014.

A confusão da política brasileira foi criada com a herança de um vocabulário manipulado pela CIA durante as ditaduras na América Latina, nos finais dos anos da década de 1950 e princípios da década de 1960. A ditadura no Brasil durou de 1964 até 1985, uma das mais longas das ditaduras latino-americanas. O termo “social democrata”, por exemplo, não significa nem socialismo nem democracia, mas uma maneira de negar que a esquerda seja democrata e que o socialismo pode sobreviver até mesmo depois da queda da União Soviética por culpa da corrupção da infiltração da CIA na Rússia. O mesmo acontece com o termo “neoliberal”, que não significa nem de longe um liberalismo progressista e socialista e sim uma maneira de fazer a globalização da miséria, ou seja, como diz Frei Betto em um artigo recentemente publicado na internet, sob o título de “Diez consejos para los militantes de izquierda”, os quais resumo em tradução de volta ao português:

Cuidado: Você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos sintomas principais são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes”. (Distribuído em espanhol pela Revista KOEYU).

Por aí estão os estudantes de hoje em dia, juventude muito diferente da que fomos nos anos 1960. É que sabíamos muito bem de onde vinham as idéias do imperialismo. As notícias internacionais distribuídas pela Sociedade Interamericana de Imprensa, organização nascida, paga e dirigida pela CIA, são tergiversadas. Falam de violação dos direitos humanos dos favelados e estão infiltradas em toda parte, na internet, em cadeias de televisão como a TELEMUNDO, que funciona em Miami e em Los Angeles, com apoio da CIA, para falar mal de Fidel Castro e de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales. Os repórteres desses meios de comunicação se fazem contra a censura proclamando que só a “democracia representativa” pode garantir uma autêntica liberdade de expressão. Esta sociedade está destinada a dar a aparência de ser democracia, mas, durante as ditaduras da América Latina, esteve ao lado dos ditadores. Esses repórteres de Miami e Los Angeles chegam aos Estados Unidos em busca do “sonho americano” de acumular uma fortuna rapidamente. São os novos contra-revolucionários, ou simpatizantes, os “contras” como os nicaragüenses da gloriosa época sandinista e os “gusanos” do exílio capitalista cubano.

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*Teresinka Pereira, professora e poeta, mora em Toledo, Ohio, EUA, de onde exerce grande atividade poética, humanística, como presidente da IWA (Associação de Escritores e Artistas Internacionais)


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