sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A MENTIRA DO NARCISO



Teresinka Pereira*




Qual foi a mentira
que pôs uma barreira
no caminho
onde a liberdade morria
no meio do verso?

De agora em diante a poesia
vai ficar delicada
como um beijo de despedida.

Para que desejar que tudo
fosse diferente, e que a vida
desse uma grande patada
em alguém que se põe
de joelhos para rezar?

Não há nenhum deus no céu
e a soberbia de quem confiou
em seu nome, cai sem armas.
Sou poeta, assim que morra,
serei imortal.

Estes versos não têm sol nem alegria.
Estou enamorando-me
de mim mesma como um Narciso
perdido no fervor dos tempos.

___________________________
*Teresinka Pereira, poetisa brasileira, mora nos Estados Unidos, onde é professora de Literatura Brasileira. Dirige também International Writers na Artists Association.
Endereço: P. O. Box 352048, Toledo OH 43635-2048, USA.

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