quinta-feira, 12 de junho de 2025


 

MORENINHA

  

       Francisco Miguel de Moura*

 

Moreninha d’olhos grandes,

consumi-me em teu espelho.

 

Nunca tive um bom recado

quanto o teu, adolescente!

Não era a nossa missão,

por isto rezamos terços

quando tudo apareceu.

 

Foste para mim a bênção

das que caem lá do céu,

não apenas em um ano,

mas num século, talvez!

 

Qual de nós era o cometa?

 

Acreditar é tão bom

e eu em ti acreditei

como anjo e ser humano.

 

O tempo é o grande cruel:

O que se passou, perdeu-se.

_________

 

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

segunda-feira, 5 de maio de 2025


PARA O DIA DAS MÃES

                   Francisco Miguel de Moura*

 

Minha querida mãe Dona Zefinha,

Doce no amor e brava no castigo,

Com o chinelo na mão (hoje nem ligo)

Por ser mãe, ser bondosa e por ser minha.

 

À sua sombra, eu fui muito mimado,

Sem ela, o mundo me aborreceria,

Pois pobre e feio... Assim, onde alegria?

Mesmo assim, eu cresci bem humorado.

 

Minha mãe, você era tão bonita,

Os seus vestidos de algodão ou chita

Alegravam meus olhos, noite e dia.

 

Os seus olhos castanhos, com ternura,

Eram pra mim um céu. Quanta ventura,

A vida inteira, eis tudo o que eu queria.

                               

                                        The, PI, mai.2025

___________

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

quinta-feira, 10 de abril de 2025

 


AMOR, AMORES

         Francisco Miguel de Moura*

                 (Para Mécia, no seu níver)

 

O amor não me envergonha,

seja botão ou fruta, dia a dia...

Quero tê-lo a todo instante

e dizer em parabéns e vivas,

mesmo em silêncio e poesia,

como agora, cheio de sua graça.

E é este amor que lhe ofereço,

oh minha estrela Mécia,

de toda a minha vida!

Amor cheio dos laços/anos

que felizes vivemos, que vivi.

Seu aniversário é alegria

E alegria é mais que festas.

Eu já sei do caminho, ora, eu sei!

Tento dizer, em  curtos versos

Cheios de amor pelo seu “niver”.

 

                   The. 10 de abril de 2025

 

____________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

sábado, 22 de março de 2025

 



RESISTÊNCIA

                   Francisco Miguel de Moura*

 

Ao pouco que me resta é que me ligo,

Vendo a vida, o amor, e não me intrigo.

 

Ao que me vem de fora e eu não sigo

Embora, em seus minutos, tudo arquivo.

 

Tenho as lições passadas como abrigo

E as dores todas como meu castigo.

 

Peço perdão a Deus, longe o inimigo,

Pois isto não me abala nem  abrigo.

 

Do muito, quero pouco, e do perigo

Que a vida me prepara, eu nada digo.

 

Quero viver cantando... E se consigo,

Versos eu faço pra o melhor amigo.

 

                  Teresina, 21/03/2025 (Dia da Poesia)

_____________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

 


A SEGUNDA NAMORADA

          2ª versão)

 

                     Francisco Miguel de Moura* 


Não sei se ela me veio por primeiro

No afeto da menina que se quer.

Está tão longe o tempo e seu mister...

O pensamento é um grande viajeiro.

 

Sei que era linda e tinha gosto e cheiro

Diferente das outras. Nem sequer

Nos beijamos. Porém, de longe, o ser

Encontra o outro que o completa, inteiro

 

Em juventude, em luz, em força e mais,

Naquela idade em que se não tem paz

Por causa de um hormônio que atropela.

 

Sei que inda choro o ontem, hoje, agora.

Tão diferente foi, quem joga fora?

Como esquecer os olhos de Arabela.


____________
* Francisco Miguel  de Moura, poeta brasileiro

 

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 

               FRANCISCO MIGUEL DE MOURA, por Pedro...

                                                                                       
 Pedro Fernandes*

          Há escritores que lemos uma única vez duas linhas e não esquecemos dele nunca mais. Adormecemos a lembrança, mas basta um spleen e trazemos de volta para nós. Assim foi quando li pela primeira vez o português José Saramago em seu “Evangelho segundo Jesus Cristo”. Assim foi também quando li pela primeira vez o poeta brasileiro Francisco Miguel de Moura em seu “Poesia (in) completa” ainda quando da sua graduação em Letras. Há nesse livro um poema cujo título não me vem à cabeça agora, mas que as imagens nele evocadas me marcaram o suficiente para, mais tarde, eu compor um outro poema intitulado "Cadáveres adiados", que está no e-book “palavras de pedra e cal”. 

          O fato de citar Francisco Miguel de Moura por aqui é que à cata de alguma novidade na mesma biblioteca em que me deparei com “Poesia (in) completa” reencontrei esse livro. E relembrei disso tudo que comentei anteriormente. E vi ainda que, por ser esse um poeta que tanto me marcou, é uma injustiça não ter ainda disposto seu nome na galeria d “Os escritores - coluna esparsa deste blog”.

          Num texto que mais que apresenta, diz o fazer poético de Francisco Miguel e suas engrenagens, Nelly Novaes Coelho, no já referido “Poesia (in) completa” apresenta que o poeta se constitui enquanto tal por um caminho "incerto, hesitante, tateando o desconhecido, mas já pressentindo a grande força da poesia como nomeadora do Real". Diz isso ao referir-se ao seu livro de estreia, publicado ainda em 1966, “Areias”. Recorto essa passagem do texto da professora Nelly Novaes Coelho, por uma razão: Ao ver que o imagético é uma estrutura de estatura óssea e envergadura tanta na obra do poeta de “Poesia (in) completa”; tanto capaz de propiciar no leitor outras experiências com a linguagem, esse imagético guia-se, sobretudo, por um entendimento de que a poesia, se não explica o real, é porque afinal toda tentativa linguística talvez possa se resumir a isso: funda um real próprio. Um universo com suas cadências próprias.

          Francisco Miguel é exímio poeta, sim, mas descobri sê-lo também cronista, romancista, ensaísta e crítico literário e tudo justaposto à função de bancário. É de Francisco Santos, Piauí. Bacharelou-se em Literatura e Língua Portuguesa e fez Pós-graduação em Crítica de Arte. Além de “Areias” e “Poesia (in) completa”,  publicou os seguintes livros de poesia “Pedras em sobressalto”, “Universo das águas”, “Bar Carnaúba”, “Quinteto em mi(m)”, “Sonetos da paixão”, “Poemas Ou-tonais”; os de ensaio “Linguagem e comunicação em O. G. Rego de Carvalho”, “A poesia social de Castro Alves”; os de romance “Os estigmas”, “Laços de poder”, “Ternura”; os de crônicas “Eu e meu amigo Charles Brown”,. “E a vida se fez crônica”, entre outras obras.

Nota: Esta matéria foi publicada no www. blog da terrinha.

_____________

*Pedro Fernandes, um autor para mim desconhecido. Gostei do elogia a meus meus poemas, menos à aliança feita em sua leitura e a conjunta comparação com a leitura que fez de “O evangelho segundo Jesus Cristo”, do José Saramago, tendo em vista a distância enorme que existe entre mim e ele, com referência à religião, pois eu sou cristão e ele deixar pensar-se que não.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

 SONETO DA ROSA

      Francisco Miguel de Moura*          

              (Improviso para Eugênio de Andrade,

              poeta português, falecido em 18-3-2005)

                     

Tua rosa é beleza e sofrimento,

casal que juntos, juntos não separam

a arte e a poesia – oh! grande invento

de tudo que se parte e se reparte!

 

Tua rosa no Inverno arde em amor

e dor que todo amor traz sobre si,

por isto canta e no seu canto vai

toda a ternura que devolve à pira.

 

Uma rosa é uma rosa, é uma rosa,

já disse um bom cantor antes de mim,

mais ainda se exala os sentimentos.

 

No inverno ou verão, em qualquer tempo,

uma rosa sozinha serve a todos...

E o poeta é um poeta, é um poeta.

________

  *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

                               
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...