sábado, 9 de novembro de 2024

 


ABSOLUTA SOLIDÃO

                   Francisco Miguel de Moura*

 

Sente que um frio algente lhe devora

O peito, a face, a alma... É seu castigo

Desde que, pendurado pelo umbigo,

Silencia os lamentos vida em fora.

 

Sente que perde o norte inda na aurora,

Sem equilíbrio, nem andar consegue.

Sem ser mudo, não fala nem persegue

Sorver o ar, o vento... E se descora.

 

Nem pergunta as razões do que padece,

Já não sabe, confuso, o que merece,

Nem por que lhe tocou tamanha herança.

 

Tudo o que sabe é seu viver sozinho,

Sem pai nem mãe, sem filho e sem vizinho,

Anda, desanda e para por vingança.   

______________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...