ABSOLUTA SOLIDÃO
Francisco
Miguel de Moura*
Sente que um frio algente lhe
devora
O peito, a face, a alma... É
seu castigo
Desde que, pendurado pelo
umbigo,
Silencia os lamentos vida em
fora.
Sente que perde o norte inda
na aurora,
Sem equilíbrio, nem andar consegue.
Sem ser mudo, não fala nem persegue
Sorver o ar, o vento... E se
descora.
Nem pergunta as razões do que
padece,
Já não sabe, confuso, o que
merece,
Nem por que lhe tocou tamanha
herança.
Tudo o que sabe é seu viver
sozinho,
Sem pai nem mãe, sem filho e
sem vizinho,
Anda, desanda e para por
vingança.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.
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