terça-feira, 10 de dezembro de 2024

 


          CELSO PINEIRO FILHO – UMA MINIBIOGRAFIA

                                    Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro

É verdade que nem sempre os acadêmicos são lembrados como deviam.  A Professora Fides Angélica, no seu primeiro mandato como Presidente da APL, abre espaço para um levantamento biográfico de membros da APL, para que os nossos confrades atuais digam sobre os que viveram antes de nós, ressaltando a importância de suas vidas e das obras que produziram.  Minha tarefa de hoje é sobre CELSO PINHEIRO FILHO, da cadeira nº.8. Tratamos, portanto, da família Pinheiro, isto, dos filhos do Senhor João José Pinheiro, um político e intelectual português que veio para o Brasil (precisamente Santa Catarina), onde se tornou intelectual famoso.  Três filhos dele tornaram-se acadêmicos:  Celso Pinheiro (o poeta), João Pinheiro (o primeiro historiador da Literatura do Piauí) e Breno Pinheiro (jornalista e cronista). A esta família acadêmica, junta-se o neto, CELSO PINHEIRO FILHO, o CELSINHO, o homenageado de hoje.   Só isto já é uma grande honra, para a Academia Piauiense de Letras.  E assim, também me sinto homenageado por eu ser o atual ocupante da cadeira nº 8, da APL, e por ter sido chamado para apresentar o acadêmico CELSO PINHEIRO FILHO, da dita família ilustre, sendo ele o 3°. ocupante da dita cadeira nº 8, da APL. Lembro ainda que a cadeira nº 8 tem como patrono o poeta José Coriolano de Sousa Lima (J. Coriolano), tendo sido o poeta Antônio Chaves, o seu 1º. ocupante.  O 2º. ocupante foi Breno Pinheiro; o 3º. ocupante foi o nosso homenageado CELSO PINHEIRO FILHO, como já foi dito, faltando apenas citar o 4º. ocupante, o Prof. Francisco da Cunha e Silva.

CELSO PINHEIRO FILHO, nosso homenageado, nasceu em Teresina, aos 17 fevereiro de 1914, e faleceu em 23-02-1974, em Teresina-PI. Filho do poeta Celso Pinheiro e de Liduína Mendes Pinheiro, seus estudos primários foram feitos no Grupo Escolar “Teodoro Pacheco”, desta Capital. Depois matriculou-se no Liceu Piauiense, onde fez o secundário. Casou-se com Maria Rosa Pinheiro, em 1943.  Mas, aos 17 anos, já entrara para o Exército, servindo no 1º Batalhão de Engenharia, no Rio de Janeiro. Participou da Revolução de 1932, em São Paulo, ao lado das forças do governo e foi promovido a Sargento.  Formou-se em Direito, pela Faculdade de Direito do Distrito Federal, então Rio de Janeiro, em 1942.

Recebendo CELSO PINHEIRO FILHO, na Academia Piauiense de Letras, o mestre Odilon Nunes, na sessão de 19 de julho 1973, afirmou: “Assim, Celso Filho escreve a história fazendo história, pois sua contribuição vem enriquecer a historiografia piauiense, a que se incorpora de modo definitivo.”

É relevante que enumeremos os diversos cargos políticos que CELSO PINHEIRO FILHO exerceu.  Durante o governo do Gal. Eurico Gaspar Dutra (1946-1950), por algum tempo, assumiu o cargo de Oficial de Gabinete do Ministério do Trabalho. Antes já havia sido Prefeito de Teresina (PI), de 14-03-1943 a 31-12-1946 e Prefeito de Porto Velho, em Guaporé (hoje Rondônia), entre 01-01-1948 a 06-03-1948.

Mas, profissionalmente, CELSO PINHEIRO FILHO notabilizou-se como advogado e jornalista. Segundo o Prof. A. Tito Filho, “ele foi um dos mais acatados e cultos advogados do Piauí”.  Como historiador, escreveu duas importantes obras: A principal foi  “História da Imprensa no Piauí”, publicada em 1972, pelo Governo do Estado do Piauí, e a segunda foi uma história da Polícia Militar do Piauí, denominada de  “Soldados de  Tiradentes” 1975,  lançada somente depois de sua morte, sob os auspícios de sua filha Lina Celso Pinheiro, que a subscreve como coautora  da segunda parte.  Esse livro foi editado pela Artenova, uma editora do Rio de Janeiro (RJ).     De sua autoria, registram-se também alguns ensaios sobre “Nogueira Tapety”, “Hermínio e Theodoro Castelo Branco” e “José Coriolano de Sousa Lima”, dos quais não conseguimos as datas de publicação.

Por causa de suas atividades políticas contra o ditador Getúlio Vargas, ao tempo da prisão dos comunistas, CELSO PINHEIRO FEILHO foi recolhido ao presídio de Fernando Noronha (e depois, também consta que ao da Ilha das Cobras, São Paulo).   A partir de então, CELSINHO veio a sofrer grave deficiência que o impedia de caminhar normalmente, problemas que o levaram até a morte. Sobre esse fato, Celso Barros declarou, num momento fúnebre:

“A quem o observa na tortura dos seus membros encolhidos, parecia que a sua imagem crescia à medida que o corpo definhava. Era uma imagem através da qual se escondia o sofrimento para poder revelar tão somente o que realmente são estava naquele corpo: a alma disposta a compreender, o coração batendo pelas dores do mundo e o espírito inclinado a perdoar em nome da humanidade. Quem assim vivia, não podia morrer, senão conservar a postura de um santo, em cuja compassividade estava o retrato fiel da vida pautada pela resignação e pela renúncia.”

   Quero terminar, declarando que assisti ao lançamento da “História da Imprensa no Piauí’, sem dúvida, um momento de grande satisfação,  e o vi e constatei que era uma pessoa séria, de alma leve e de coração bondoso; nenhum laivo de tristeza percebi ao receber o livro, assim autografado: “Para o amigo Francisco Miguel de Moura, esta “História da Imprensa no Piauí”, livro dos melhores já Editados pela Plano Editorial do Estado, Teresina 11.08.1972”. 

                                      Obras Consultadas:

Coelho, Celso Barros: Uma História da Academia de Letras, Teresina,2018;

Gonçalves, Wilson Carvalho: Antologia da Academia Piauiense de Letras, 2018;

Fonte: https://acervoatitofilho1.blogspot.com/2010/10/celsinho.html (Tito Filho, José de Arimathea, Celsinho, Jornal “O Dia”, Teresina,PI, 12/08/1988)

 

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