terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 

               FRANCISCO MIGUEL DE MOURA, por Pedro...

                                                                                       
 Pedro Fernandes*

          Há escritores que lemos uma única vez duas linhas e não esquecemos dele nunca mais. Adormecemos a lembrança, mas basta um spleen e trazemos de volta para nós. Assim foi quando li pela primeira vez o português José Saramago em seu “Evangelho segundo Jesus Cristo”. Assim foi também quando li pela primeira vez o poeta brasileiro Francisco Miguel de Moura em seu “Poesia (in) completa” ainda quando da sua graduação em Letras. Há nesse livro um poema cujo título não me vem à cabeça agora, mas que as imagens nele evocadas me marcaram o suficiente para, mais tarde, eu compor um outro poema intitulado "Cadáveres adiados", que está no e-book “palavras de pedra e cal”. 

          O fato de citar Francisco Miguel de Moura por aqui é que à cata de alguma novidade na mesma biblioteca em que me deparei com “Poesia (in) completa” reencontrei esse livro. E relembrei disso tudo que comentei anteriormente. E vi ainda que, por ser esse um poeta que tanto me marcou, é uma injustiça não ter ainda disposto seu nome na galeria d “Os escritores - coluna esparsa deste blog”.

          Num texto que mais que apresenta, diz o fazer poético de Francisco Miguel e suas engrenagens, Nelly Novaes Coelho, no já referido “Poesia (in) completa” apresenta que o poeta se constitui enquanto tal por um caminho "incerto, hesitante, tateando o desconhecido, mas já pressentindo a grande força da poesia como nomeadora do Real". Diz isso ao referir-se ao seu livro de estreia, publicado ainda em 1966, “Areias”. Recorto essa passagem do texto da professora Nelly Novaes Coelho, por uma razão: Ao ver que o imagético é uma estrutura de estatura óssea e envergadura tanta na obra do poeta de “Poesia (in) completa”; tanto capaz de propiciar no leitor outras experiências com a linguagem, esse imagético guia-se, sobretudo, por um entendimento de que a poesia, se não explica o real, é porque afinal toda tentativa linguística talvez possa se resumir a isso: funda um real próprio. Um universo com suas cadências próprias.

          Francisco Miguel é exímio poeta, sim, mas descobri sê-lo também cronista, romancista, ensaísta e crítico literário e tudo justaposto à função de bancário. É de Francisco Santos, Piauí. Bacharelou-se em Literatura e Língua Portuguesa e fez Pós-graduação em Crítica de Arte. Além de “Areias” e “Poesia (in) completa”,  publicou os seguintes livros de poesia “Pedras em sobressalto”, “Universo das águas”, “Bar Carnaúba”, “Quinteto em mi(m)”, “Sonetos da paixão”, “Poemas Ou-tonais”; os de ensaio “Linguagem e comunicação em O. G. Rego de Carvalho”, “A poesia social de Castro Alves”; os de romance “Os estigmas”, “Laços de poder”, “Ternura”; os de crônicas “Eu e meu amigo Charles Brown”,. “E a vida se fez crônica”, entre outras obras.

Nota: Esta matéria foi publicada no www. blog da terrinha.

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*Pedro Fernandes, um autor para mim desconhecido. Gostei do elogia a meus meus poemas, menos à aliança feita em sua leitura e a conjunta comparação com a leitura que fez de “O evangelho segundo Jesus Cristo”, do José Saramago, tendo em vista a distância enorme que existe entre mim e ele, com referência à religião, pois eu sou cristão e ele deixar pensar-se que não.

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