sexta-feira, 26 de novembro de 2021

 


                                                  GUARDANDO...

                                                              (Soneto sem rimas)

   

                                                        Francisco Miguel de Moura*

 

Guardo há tempo retalhos da memória

nos ingênuos versos que me inspiram,

guardo o que não quero, mas sem jeito,

guardo os meus vexames, meus suspiros.

 

Guardo dores pesadas, pois não grito,

e os castigos do berço até agora.

Guardo o que consumo e o que mastigo,

Desde a manhã à noite... Onde deliro...

 

Já repleto de dor, de amor de menos,

já cansado de abrir e fechar portas,

já falando sem ter quem queira ouvir.

 

Abro o livro da mente... E me alivio

da riqueza guardada inutilmente,

e me fecho pra o mundo... E sobrevivo.

 

                       Teresina, 23.nov.202.

___________

*Francisco Miguel de Moura, o poeta em horas aziagas.

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