A GEOMETRIA DO FRAGMENTO
(Ensaios
de R. Leontino Filho, Edições Scortecci),
São
Paulo, 2008, 119 páginas).
Trata-se de um trabalho de fôlego da pena do poeta
R.Leontino Filho, professor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte,
mas nascido cearense. Além de mestre da literatura, o autor é poeta e crítico
literário, desenvolvendo grande atividade em jornais e revistas, principalmente
do Nordeste.
Escreve com a maestria de um poeta e a sabedoria de um
doutor no assunto, com seriedade e embasamento teórico-filosófico. São dezenove
trabalhos que honram a nossa crítica e teoria literária, quer pelo estilo –
digamos que bem original – quer pelo valor das informações e dos incentivos com
que remete o leitor à obra citada.
O último trabalho, a meu ver, não trata de um autor ou
livro específico: faz uma análise em profundidade da lingüística, da filosofia
e do fazer literário, com ênfase no sujeito, como bem anuncia: “A linguagem do espelho: o autor em questão”.
A obra geral é magnífica, sobressaindo o ensaio que
fecha o livro com exemplos de poemas de Foed Castro Chamma, realmente um dos
grandes poetas brasileiros contemporâneos.
Se fôssemos julgar estudo por estudo, diríamos que o
final é uma chave de ouro do livro.
Devem ser mencionados, também pela excelência, dois
outros: “Dispersão: um livro, um poeta,
um destino”, sobre o poeta e a poesia de Edson Guedes de Morais, e “No caminho, a metáfora do gozo insólito”,
sobre R. Roldan-Roldan e seu fazer artístico. Sobre alguns autores há mais de
um trabalho no livro, porém toda a ênfase fica com R.Roldan-Roldan, digamos que
seja este o que mais o influenciou.
Autores
contemplados no trabalho, além dos dois que já citamos: Jorge Tufic, Raimundo
Herculano Moura, Ascendino Leite, Demétrio Vieira Diniz, Carlos Gildemar Pontes
(poesia e ensaio), Tanussi Cardoso, Zeilton Alves Feitosa e Francisco Miguel de
Moura.
É o livro mais completo de ensaios sobre poetas e poesia
que li nos últimos tempos, principalmente sobre poetas contemporâneos como é o
caso.
“A
Geometria do Fragmento” é obra para durar muito, o que raramente
acontece com livros dessa natureza.
Francisco Miguel
de Moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário