DEOLINDA MARQUES – POETA E CRÍTICA
LITERÁRIA
Francisco
Miguel de Moura*
“Impressões de Leitura”, de Deolinda Marques, deixou-me extasiado por tão belos momentos de inspiração escritos sobre nós, poetas e críticos. São belos e sábios princípios aprofundados na leitura de grandes obras, eis o que encontramos. Não importa que se diga que Deolinda Marques é uma crítica impressionista. O grande crítico nacional, Wilson Martins, na sua “História da Crítica no Brasil”, me colocou com crítico impressionista. Seja o que for nós estamos inscritos entre os melhores críticos contemporâneos, incluindo assim Deolinda Marques, a julgar pelo seu livro.
O bom é que Deolinda Marques, morando em Bocaina-PI – onde
tem sua família, pais e irmãos, e trabalhando como professora em Picos-PI, - e
assim ela consegue transpor seu ambiente e ser uma escritora ativa, tanto como
crítica literária quanto mostrando duas significativas obras da literatura
infantil: “O Cancão e a Raposa” e
“O Gato e a Lagarticha”. Sobre esses
dois livros, não vou estender-me mais do que já disse, porque não conheço bem
esta espécie de literatura.
Baseada em grandes escritores e críticos, tais como Northrop
Fray e Walter Benjamin, para citar apenas dois, ela realiza obra crítica
relevante sobre autores, como por exemplo Alberto de Deus Nunes, Ozildo Batista
de Barros, Gilson Chagas, Lícia Mayra Coelho, Vilebaldo Rocha e William Palha Dias.
Confesso que vou estender-me um pouco sobre seu o ensaio denominado “Nos
tempos de Sinhá Madame”, do grande romance de W. Palha Dias, membro da APL,
há algum tempo falecido. Se não me
engano, dito ensaio da escritora Deolinda Marques foi merecidamente premiado
pela Academia Piauiense de Letras. Eu me refiro a William Palha Dias e a seu livro, porque eu o li todo e tentei
fazer uma análise dentro dos parâmetros do romance chamado “roman à clef”.
Certo
é que não consegui terminar meu trabalho, o qual ainda guardo apenas em
manuscrito. O ensaio crítico de Deolinda
saiu perfeito, bem acabado. Se ela não houvesse escrito mais nada, depois do
ensaio sobre William P. Dias, já poderia ser incluída como crítica de alto
gabarito das nossas letras. Ela descobre que o tempo histórico (no caso uma
história de amor proibido, no romance de Palha Dias) está inscrito ao mesmo tempo
com o tempo psicológico da personagem principal da história. Foi isto que eu
não consegui conciliar.
Outros ensaios importantes são os que Deolinda Marques
escreveu sobre minha poesia e também sobre “O Menino (quase) Perdido” e “Dom
Xicote”. Também sobre os romances do Gilson Chagas, que é autor já
consagrado, pelo menos no meio piauiense. Mas não é lícito que eu venha fazer
um elogio a Deolinda Marques apenas porque escreveu sobre mim. Ao contrário.
Ela tem demonstrado muitas leituras e muitas escritas necessárias e indispensáveis
à literatura atual.
Entretanto, permitam-me, leitores meus, um momento
importante, para não ficarmos falando apenas em grego, ou seja, em crítica
literária. Pois penso que vale a pena. A crítica sobre a crítica em si não me atrai,
ressalto. Acho melhor falar em coisas concretas e acontecimentos, Quero relembrar
de como conheci a escritora Deolinda. Não podia ser noutro lugar. Ele me procurou
numa das edições do SALIPI, aqui em Teresina, trazendo já um livro para autógrafo.
Falou-me de Ozildo Batista de Barros e foi assim um “papo” muito rápido. Depois,
eu mandei mais livros para ela, não lembro se por intermédio do Ozildo, se
diretamente pelo correio. O fato que daí por diante não nos desligamos mais. A impressão que me ficou daquela primeira
vista correspondeu com o que ela é como pessoa: simples, correta, amistosa, de
muita cultura, mas sem afetação. E como amiga ela é incomparável, se for medi-la
com tantas outras que conheci e desconheci daí em diante.
Depois daquele encontro casual para mim, não sei se
procurado por ela, eu publicaria o livro “Antologia de Poemas Escolhidos”(2006)
e, quase ao apagar das luzes da edição de minha obra, eis que ela me ofertou um
trabalho crítico tão imenso, tão profundo, necessário, denominado “Um Rio
em Chico Miguel”. Mandou-me seu ensaio (que abarca os livros: “Universo
das Águas”, “Bar Carnaúba” e “Quinteto em MI(m)”. E como chegou a
tempo, publiquei seu ensaio como “posfácio” e editei-o também em “separata”,
enviando-lhe tudo para ela, Deolinda Marques. Assim é que Deolinda Marques tem-se
notabilizado como poeta e crítica literária, pois quem escreve tão bem sobre
poesia, certamente é poeta. Se ainda não publicou em livro, seus poemas, foi
por falta de oportunidade, ou certamente por modéstia. Assim, está escrito: Deolinda Marques escreve
bem, independente como quer e sabe fazê-lo, tanto como crítica literária como
poeta. Todos nós esperamos que seus poemas sejam dados a conhecer aos amigos e confrades
da ALERP (Academia de Letras da Região de Picos), de cuja entidade é
Presidente, como também da ALVAR (Academia de Letras do Vale do Riachão), da
qual também é também membro de destaque.
Talvez tenha muito a dizer sobre Deolinda
Marques, mas, por enquanto deixo-lhe o meu abraço e a gratidão de ter sido tão
agalardoado como tenho sido em sua pena. Que continue por muito e muito tempo
construindo e nos construindo no caminho árduo da literatura.
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*Francisco Miguel de
Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, PI, onde escreveu a maior parte
de suas obras, já em torno de 43 livros, além da co-laboração em jornais,
revistas e livros, no Brasil e no exterior (Portugal, Espanha, Itália, França e
Estados Unidos da América do Norte.
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