quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

DEOLINDA MARQUES – POETA E CRÍTICA LITERÁRIA

 

                                                            Francisco Miguel de Moura*

 

          “Impressões de Leitura”, de Deolinda Marques, deixou-me extasiado por tão belos momentos de inspiração escritos sobre nós, poetas e críticos. São belos e sábios princípios aprofundados na leitura de grandes obras, eis o que encontramos. Não importa que se diga que Deolinda Marques é uma crítica impressionista. O grande crítico nacional, Wilson Martins, na sua “História da Crítica no Brasil”, me colocou com crítico impressionista. Seja o que for nós estamos inscritos entre os melhores críticos contemporâneos, incluindo assim Deolinda Marques, a julgar pelo seu livro.

          O bom é que Deolinda Marques, morando em Bocaina-PI – onde tem sua família, pais e irmãos, e trabalhando como professora em Picos-PI, - e assim ela consegue transpor seu ambiente e ser uma escritora ativa, tanto como crítica literária quanto mostrando duas significativas obras da literatura infantil:  “O Cancão e a Raposa” e “O Gato e a Lagarticha”.  Sobre esses dois livros, não vou estender-me mais do que já disse, porque não conheço bem esta espécie de literatura.

          Baseada em grandes escritores e críticos, tais como Northrop Fray e Walter Benjamin, para citar apenas dois, ela realiza obra crítica relevante sobre autores, como por exemplo Alberto de Deus Nunes, Ozildo Batista de Barros, Gilson Chagas, Lícia Mayra Coelho, Vilebaldo Rocha e William Palha Dias. Confesso que vou estender-me um pouco sobre seu o ensaio denominado “Nos tempos de Sinhá Madame”, do grande romance de W. Palha Dias, membro da APL, há algum tempo falecido.  Se não me engano, dito ensaio da escritora Deolinda Marques foi merecidamente premiado pela Academia Piauiense de Letras. Eu me refiro a William Palha Dias e  a seu livro, porque eu o li todo e tentei fazer uma análise dentro dos parâmetros do romance chamado “roman à clef”.   Certo é que não consegui terminar meu trabalho, o qual ainda guardo apenas em manuscrito.  O ensaio crítico de Deolinda saiu perfeito, bem acabado. Se ela não houvesse escrito mais nada, depois do ensaio sobre William P. Dias, já poderia ser incluída como crítica de alto gabarito das nossas letras. Ela descobre que o tempo histórico (no caso uma história de amor proibido, no romance de Palha Dias) está inscrito ao mesmo tempo com o tempo psicológico da personagem principal da história. Foi isto que eu não consegui conciliar.

          Outros ensaios importantes são os que Deolinda Marques escreveu sobre minha poesia e também sobre “O Menino (quase) Perdido” e “Dom Xicote”. Também sobre os romances do Gilson Chagas, que é autor já consagrado, pelo menos no meio piauiense. Mas não é lícito que eu venha fazer um elogio a Deolinda Marques apenas porque escreveu sobre mim. Ao contrário. Ela tem demonstrado muitas leituras e muitas escritas necessárias e indispensáveis à literatura atual.

          Entretanto, permitam-me, leitores meus, um momento importante, para não ficarmos falando apenas em grego, ou seja, em crítica literária.  Pois penso que vale a pena.  A crítica sobre a crítica em si não me atrai, ressalto. Acho melhor falar em coisas concretas e acontecimentos, Quero relembrar de como conheci a escritora Deolinda. Não podia ser noutro lugar. Ele me procurou numa das edições do SALIPI, aqui em Teresina, trazendo já um livro para autógrafo. Falou-me de Ozildo Batista de Barros e foi assim um “papo” muito rápido. Depois, eu mandei mais livros para ela, não lembro se por intermédio do Ozildo, se diretamente pelo correio. O fato que daí por diante não nos desligamos mais.  A impressão que me ficou daquela primeira vista correspondeu com o que ela é como pessoa: simples, correta, amistosa, de muita cultura, mas sem afetação. E como amiga ela é incomparável, se for medi-la com tantas outras que conheci e desconheci daí em diante.

          Depois daquele encontro casual para mim, não sei se procurado por ela, eu publicaria o livro “Antologia de Poemas Escolhidos”(2006) e, quase ao apagar das luzes da edição de minha obra, eis que ela me ofertou um trabalho crítico tão imenso, tão profundo, necessário, denominado “Um Rio em Chico Miguel”. Mandou-me seu ensaio (que abarca os livros: “Universo das Águas”, “Bar Carnaúba” e “Quinteto em MI(m)”. E como chegou a tempo, publiquei seu ensaio como “posfácio” e editei-o também em “separata”, enviando-lhe tudo para ela, Deolinda Marques.  Assim é que Deolinda Marques tem-se notabilizado como poeta e crítica literária, pois quem escreve tão bem sobre poesia, certamente é poeta. Se ainda não publicou em livro, seus poemas, foi por falta de oportunidade, ou certamente por modéstia.  Assim, está escrito: Deolinda Marques escreve bem, independente como quer e sabe fazê-lo, tanto como crítica literária como poeta. Todos nós esperamos que seus poemas sejam dados a conhecer aos amigos e confrades da ALERP (Academia de Letras da Região de Picos), de cuja entidade é Presidente, como também da ALVAR (Academia de Letras do Vale do Riachão), da qual também é também membro de destaque.

                                                                                                             Talvez tenha muito a dizer sobre Deolinda Marques, mas, por enquanto deixo-lhe o meu abraço e a gratidão de ter sido tão agalardoado como tenho sido em sua pena. Que continue por muito e muito tempo construindo e nos construindo no caminho árduo da literatura.

____________________

*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, PI, onde escreveu a maior parte de suas obras, já em torno de 43 livros, além da co-laboração em jornais, revistas e livros, no Brasil e no exterior (Portugal, Espanha, Itália, França e Estados Unidos da América do Norte.

 
 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...