AS SEXTILHAS DE MARIA DAS
GRAÇA MOURA
Grande foi minha satisfação
por ter sido a pessoa escolhida pela autora, Maria das Graças Moura, para prefaciar
sua interessantíssima obra, “Sextilhas”, tão simples no nome quanto em
forma e beleza.
Como todos nós, escritores, já sabíamos das famosas “Sextilhas
de Frei Antão”, dos tempos medievais português, reescritas e renovadas por
Gonçalves Dias, e continuadas pelo exímio cordelista Leandro Gomes de Barros. Como
se vê, um gênero tão ou mais popular do que a trova e o soneto.
De algum tempo para cá, venho lendo as sextilhas que Maria
das Graças Moura me envia, de vez em quando, pelo face-book. E eu sempre lhe comentava
serem muito boas, tanto nas rimas quanto no conteúdo. E pensava comigo mesmo: “Será
que ela não quer publicá-las em livro?”. Portanto não foi surpresa saber que
agora vai torná-las públicas, enfeixadas em um volume, para que os leitores as
leiam e se deliciem. Surpresa maior foi ler todas, ou as escolhidas para
publicação, agora como prefaciador.
E como são belas e tão variados em forma e conteúdo!
Pois é, eu sabia da confreira da Academia de Letras da
Região de Picos (ALERP) e também da sua formatura em Psicologia, em Recife (PE).
Conheci-a, pessoalmente, na noite de autógrafo de “Minha História de Picos”, na
ALERP (Academia de Letras da Região de Picos) e fiquei encantado com sua
palavra bem viva e contida, virtudes das pessoas boas e sábias. Sua ação cultural
em “Projeto Terapia do Riso” e no programa “Passo a Passo”, na Rádio Cultura,
em Picos-PI, ultrapassam as fronteiras regionais e ganham todo o nosso estado,
se não mais adiante, em virtude de sua participação em outros meios de
comunicação visuais.
Mas, por que ficar falando isto tudo, sem mostrar um pouco
do que lemos aqui, no livro organizado, e alhures? Entre as sextilhas que
mostram a alma de quem escreveu, entre tantos outras, eu destaco esta, da minha
predileção?
“Vou guardar as raridades,
Edificar, com presteza,
Tudo o que for belo bom
E aclamar a natureza,
Fazer o que for preciso
Para construir beleza.”
Mas suas sextilhas são tão gostosas que,
neste prefácio, não me contento apenas com uma. Escolhi outra que vamos ler,
pois me parece uma continuação da que foi citada:
“Da vida quero levar
Luz, leveza e alegria,
Um punhado de abraços,
Confetes para a folia,
Uma legião de amigos
Com cartas de alforria.”
Pelas citações feitas, é possível notar que Maria das Graças
Moura não é nenhuma poetisa indiferente
ao mundo em nosso redor. Muito ao contrário: É por viver o hoje que ela se
preocupa com o hoje tanto quanto com o amanhã, E sente as dubiedades e
tristezas do mundo moderno. Por isto, cito mais outra sextilha:
“A Covid trouxe à tona
Medo, insegurança e dor.
Poderoso, esse corona,
Não escolheu raça e cor,
Expôs a desigualdade,
Exacerbou o rancor.”
Recomendo a leitura das “Sextilhas”,
de Maria das Graças Moura, às pessoas de todas as idades, cor, religião ou
credo político, visto que cada uma tem brilho na cor, força no sabor e alegria
da alma – prontas a extravasar para além dos limites do gratificante prazer.
Teresina,
PI, 22/11/2020
Francisco Miguel de Moura
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