quinta-feira, 13 de agosto de 2020

 

MEUS QUANDO...

 

              Francisco Miguel de Moura*

 

Quando miro uma flor penso no amor,

na beleza dos risos das manhãs

e em abelhas andando sobre abelhas.

 

Quando ando só, alcanço uma vereda

que não me leva à casa, ao sítio verde,

de arbustos, galhos de brilhantes cheiros.

Jardins não vejo e nem as jardineiras,

e a conversarem minhas borboletas.

 

Quando escancaro uma janela à rua.

vejo as palavras caindo no meu goto

de poeta que sou, homem desfeito,

quando tudo é saber e nada sabe.

 

Quando me penso, voam-me palavras

da minha boca sem jamais vivê-las...

 

Eu fui tantos e quantos, se me amaram

ou sou tantos e quantos que esqueceram

de mim, da minha luta e dos meus zelos.

 

E em cada dia as luzes de minha alma,

ora me piscam pra meu fim, eu vejo

que meu princípio é o fim do que desejo.

 

Ó Deus, estou cansado de paisagens

sem que a lua me chegue sempre cheia,

sem que me cubra o sol com seu calor.

 

Quero-me vivo apenas para amar,

quero esquecer os que já me esqueceram,

quero viver eternamente em cio

para cantar, chorar meus desesperos.

 

Por que pensar, pensar no que é não-ser

e sendo o meu caminho apenas padecer?                

_____________________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina, Piauí.

 

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