MEUS QUANDO...
Francisco
Miguel de Moura*
Quando miro uma flor penso no amor,
na beleza dos risos das manhãs
e em abelhas andando sobre abelhas.
Quando ando só, alcanço uma vereda
que não me leva à casa, ao sítio verde,
de arbustos, galhos de brilhantes cheiros.
Jardins não vejo e nem as jardineiras,
e a conversarem minhas borboletas.
Quando escancaro uma janela à rua.
vejo as palavras caindo no meu goto
de poeta que sou, homem desfeito,
quando tudo é saber e nada sabe.
Quando me penso, voam-me palavras
da minha boca sem jamais vivê-las...
Eu fui tantos e quantos, se me amaram
ou sou tantos e quantos que esqueceram
de mim, da minha luta e dos meus zelos.
E em cada dia as luzes de minha alma,
ora me piscam pra meu fim, eu vejo
que meu princípio é o fim do que desejo.
Ó Deus, estou cansado de paisagens
sem que a lua me chegue sempre cheia,
sem que me cubra o sol com seu calor.
Quero-me vivo apenas para amar,
quero esquecer os que já me esqueceram,
quero viver eternamente em cio
para cantar, chorar meus desesperos.
Por que pensar, pensar no que é não-ser
e sendo o meu caminho apenas padecer?
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*Francisco Miguel de Moura,
poeta brasileiro, mora em Teresina, Piauí.
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