Os rios são paixões dos poetas,
as mulheres, os deuses e deusas,
os sonhos e suas visões elásticas.
O que existiu, o que existirá:
Somos a mentira verdadeira
com gosto de beijos e entalos
e a saliva sem o sal do mar.
Poetas têm cabelo de aranha,
as barbas vão para os profetas:
Estes conversam com Deus,
aqueles com os deuses
que falam
aos profetas
e ao mundo.
Não falam, ciciam, escrevem,
o que não existe – inventam.
Às vezes falam consigo a esmo.
Escrever é pensar, chorar, rugir.
E, coitados, não fazem mal!...
Mas onde está o bem do poeta,
se as paixões fazem o homem
e a poesia, em cada linha curva,
que não vale um real amassado?
Poetas não existem, são mentiras
fora de sua alma, dentro de sua asma.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta jenipapeirense, picoense, piauiense, brasileiro, mesmo assim escreveu: “Eu não tenho pátria, nem aqui nem no distante”.
Um comentário:
O que não existe nós inventamos, Poeta.
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