sexta-feira, 6 de junho de 2014

POETA & POESIA - FranciscoMiguel de Moura

Francisco Miguel de Moura*



Os rios são paixões dos poetas,
as mulheres, os deuses e deusas,
os sonhos e suas visões elásticas.
O que existiu, o que existirá:
Somos a mentira verdadeira
com gosto de beijos e entalos
e a saliva sem o sal do mar.

Poetas têm cabelo de aranha,
as barbas vão para os profetas:
Estes conversam com Deus,
aqueles com os deuses
que falam
                aos profetas
                             e ao mundo.
Não falam, ciciam, escrevem,
o que não existe – inventam.
Às vezes falam consigo a esmo.

Escrever é pensar, chorar, rugir.
E, coitados, não fazem mal!...

Mas onde está o bem do poeta,
se as paixões fazem o homem
e a poesia, em cada linha curva,
que não vale um real amassado?

Poetas não existem, são mentiras
fora de sua alma, dentro de sua asma.

______________
*Francisco Miguel de Moura, poeta jenipapeirense, picoense, piauiense, brasileiro, mesmo assim escreveu: “Eu não tenho pátria, nem aqui nem no distante”.

Um comentário:

Luiz Filho de Oliveira disse...

O que não existe nós inventamos, Poeta.

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