domingo, 8 de setembro de 2013

MEU IPÊ TRANSTORNADO



Francisco Miguel 
de Moura*





Não sei se era roxo ou amarelo,
Deve estar branco de medo
Do ar e  dos ventos multicores
Que saem às ruas para justificar
Que não há povo, há governo.

Mudaram-lhe os passos, diviso:
As flores ainda não acordaram,
As folhas morreram virgens.

“Serei eterno pau feio e seco?!
 Por meus caminhos, quem viria?”

É outra vida, amigo, e terá cicatrizes,
Irão mexer com as suas raízes,
Num mundo deflorado, ado...
Mas num chão in vitro!
Vejo-lhe os braços pretos de calor,
Já descalços de beleza e amor.

Para onde foram nossos “eus”?
Num mundo de infelicitados,
Por que chorar os felizardos
onde castigam Flora... Oh Deus!

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*Francisco Miguel de Moura, poeta dos ipês e de outras da florestas, que não deixaram, sequer, raízes. Piauiense, mora em Teresina, PI.

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