quinta-feira, 15 de agosto de 2013

BALADA DO ESQUECIMENTO

Francisco Miguel de Moura*


Esquece, por enquanto o mundo não te conhece,
Não há razões para abraçá-lo com tanta força.

Esquece que nasceste como milhões por dia,
Esquece quem te amou perdidamente um instante,
Pra depois esquecer-te e dizer: “para sempre”.

Esquece que te quero, mas não sei até quando,
Esquece tudo que cantaste e que o outro chorou:
Lágrimas não valem nada, nem o rosto que molha.

Senta-te no batente de tua casa e vê nascer o sol,
Quando levanta quente e forte, com força e luz.

Senta-te à tarde e vê que ele se põe no horizonte
E, ao contrário da vinda, nem te viu... Ofuscou.

Mas não te esqueças da lua quando vem cheia
Apaga tua sonolência e depois enche-te os olhos...
Com a madrugada fria, quando pela primeira vez
Bebeste um gole de tristeza, de saudade e dor,
Por aquela que te disse: “Amo-te eternamente”!...
E depois desapareceu... Morta ou viva, que importa?

Não importa: O tempo não corroe, o tempo corre
E é sempre o mesmo que te assanha a cabeleira
E sibila ao teu ouvido: - “Esquece, esquece tudo,
             Que eu não volto mais”!...

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* Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro. Mora no Piauí. Trata-se de um poema feito de repente, sem rima, e a inspiração é aquela que todos sentem: nenhum tempo volta, tudo é eterno, menos o que não o é.

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