domingo, 28 de novembro de 2010

DESESPERO MUDO

Francisco Miguel de Moura*

Não crer em si, vindo do espelho,
a sombra marcada ao sol-setembro,
pés pisando o tapete e a primavera...
O caminho perdido, homem sem curva.

O espelho não diz nada – eis o macaco
que para ti deixa uma graça triste.
O celular não fala : “deixe sua mensagem”,
Diz-lhe  a máquina selvagem, seca e fria..

O homem calado é um bicho sem jeito,
sem voz , sem expressão de ser.
Miar, latir, brincar com cães e gatos...
Não! O corpo não tem pelo nem garra.
Doem-lhe a língua, o ventre e a cabeça,
e os olhos se esbugalham para a noite.

Como gozar teu dia, antes da gesta
da grande noite não já vem-não-vem?.
Vais choras lágrima de penetra?

Ama as coisas todas e, acima delas,
Teu deus –  símbolo de graça,
com  o aceso espírito, enquanto 
não fores poeta.
Ou o tempo passará, perde-se o grito,
e ninguém te ouvirá profeta.


__________________
*Francisco Miguel de Moura, poeta do Brasil, mora em Teresina – PI. Membro da Academia Piauiense de Letras e da IWA – International Writers and Artists Association, com sede em Toledo, OH, Estados Unidos.

Um comentário:

Iram Matias disse...

Que texto, meu Deus!
E eu, que acreditava fielmente no espelho. Como fico agora?
Adorei te conhecer e vou voltar.

Iram

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