quinta-feira, 24 de junho de 2010

SONETO CÉLEBRE - de FÉLIX ARVERS

SONETO DE ARVERS
(Este, o soneto famoso de Félix Arvers,
no original)



Mon âme a son secret, ma vie a son mystère,
Un amour éternel en un moment conçu:
Le mal est sans espoir, aussi j’ai dû le taire
Et celle qui l’a fait n’en a jamais rien su.

Hélas! j’aurai passé près d’elle inaperçu,
Toujours à ses côtés, et pourtant solitaire,
Et  j’aurai jusqu’au bout fait mon temps sur la terre,
N’osant rien demander et n’ayant rien reçu.

Pour elle, quoique Dieu l’ait faite douce et tendre,
Elle ira son chemin, distraite et sans entendre
Ce murmure d’amour élevé sur ses pas;

À l’autère devoir, pieusement fidèle,
Elle dirá, lisant ces vers tout remplis d’elle:
“quelle est donc femme?” et ne comprendra pas.

                  (Copiado do “Jornal da ANE, nº 33,
                  abril/maio -2010  -   Brasília – DF)


SONETO FAMOSO

                    Félix Arvers*

Tradução de;
Olegário Mariano


Tenho um mistério na alma e um segredo na vida:
Eterno amor que, num momento, apareceu.
Mal sem remédio, é dor que conservo escondida
E aquela que o inspirou nem sabe quem sou eu.
 
A seu lado serei sempre a sombra esquecida
De um pobre homem de quem ninguém se apercebeu.
E hei de esse amor levar ao fim da humana lida,
Certo de que dei tudo e ele nada me deu.
 
E ela que Deus formou terna, pura e distante,
Passa sem perceber o murmúrio constante
Do amor que, a acompanhar-lhe os passos, seguirá.
 
 Fiel ao dever que a fez tão fria quanto bela,
 Perguntará, lendo estes versos cheios dela:
"Que mulher será esta?" E não compreenderá.
  

________________
(Texto publicado em Letras e Artes, suplemento de 
"A manhã", Rio de Janeiro, 10-6-51 e no Jornal do 
Comércio, edição de 23-12-51.)


SONETO DE ARVERS

Tradução:
Francisco Miguel 
de Moura

Minha vida é mistério e na alma há um segredo
De amor eterno, num instante percebido,
Mal sem cura, do qual por meu medo duvido,
E ela, a causadora, nada sabe do enredo.

Ai! Eu passo por ela tão despercebido,
Sempre fico a seu lado e sempre solitário,
E farei até o fim, a morte em meu calvário,
Sem ousar pedir nada e nada hei recebido.

E a ela, que Deus fez distante, doce e pura,
Os sussurros de amor sobem até a altura
Dos passos no caminho e aonde quer que vá.

No austero mister, fiel e piamente bela,
Dirá lendo os meus versos, todos cheios dela,
“mas quem é essa moça?” E não compreenderá.

                                             Félix Arvers
                                            
(Seu soneto mais famoso)



SONETO DE ARVERS

              Tradução ao português:
             J. Santiago Naud*


Minha alma e seu segredo, é vida este mistério;
Amor de eternidade em tempo concebido:
Mal sem cura, calado com todo o seu critério,
Por aquela que o fez sem dele haver sabido.

Ai de mim, que passei por ela imperceptível,
Sempre junto ao seu lado, no entanto solitário,
Até o fim dos meus dias cruzando esse calvário
Sem nada ousar pedir, a nada receptível.

E ela, que Deus criou assim doce e sensível,
Seguirá seu caminho, distraída, inaudível
Nos murmúrios do amor alçado ao seu andar.

Grave em seu proceder, piedosamente bela,
Dirá, talvez, se ler versos tão cheios dela
“Quem seria essa dama?”, sem nada advinhar.




__________
(Publicado no “Jornal da ANE”,
nº 33, Abril/Maio, 2010 – Brasília - DF

 

Foto de  J. Santiago Naud






NOTA  -
Já publicamos a biografia de Félix Arvers* e a de *Olegário Mariano e sua tradução do poema, no meu enteder, a melhor que temos para a língua portuguesa. Também, do poeta que foi o segundo Príncipe dos Poetas Brasileiros é o que se podia esperar. Acessar: http://abodegadocamelo.blogspot.com

*J. Santiago  Naud, poeta e tradutor brasileiro, residente em Brasília, também acreditamos desnecessária, pois é muito conhecido, possui o seu próprio site e também pode ser vista no site Jornal de Poesia.http://www.revista.agulha.nom.br/jsnaud.html

*Francisco Miguel de Moura, poeta e tradutor brasileiro, está biografado também em vários blogues, inclusive neste e no http://franciscomigueldemoura.blogspot.com

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