sábado, 27 de setembro de 2008

LITERATURA PIAUIENSE, DE NOVO


Francisco Miguel de Moura*

Mais uma vez o assunto LITERATURA PIAUIENSE. O nome desta matéria não é palavrão, tampouco eufemismo – figura de pensamento e linguagem inclusa no tópico ironia, segundo os melhores tratadistas da teoria literária. Todos podem dizer/escrever simplesmente Literatura Piauiense, com economia de sons/letras, para o mesmo conteúdo/contido, o que um grupelho ditatorial de normas acadêmicas inventou: – “literatura brasileira de expressão piauiense” – este, um eufemismo sem cabimento. Quantos livros já saíram com esse título? Nenhum. Brincadeira com coisas sérias termina em desastre. O resultado é que os cearenses, maranhenses, pernambucanos, mineiros, gaúchos, etc. estão levando a sério os programas de literatura sobre os autores dos seus respectivos Estados, a linguagem já específica dos escritores, os costumes, etc. E nós, não.

Divididos entre os que querem e os que não querem a literatura nas escolas, o determinado em lei vai correndo por conta e risco dos professores idealistas e amantes das coisas do Piauí, mas não pelas entidades que deveriam dar todo apóio. Vejamos bem – a Universidade Federal do Piauí relutou, relutou e somente há um ou dois anos deu caráter de obrigatoriedade à Literatura do Piauí, no Curso de Letras, aquilo que eles (um grupinho de tolos) chamam de “literatura brasileira de expressão piauiense”.

A expressão Literatura Brasileira, claro, já contém em si as regionais. Desnecessariamente estão navegando “na maionese”. Para o bom entendedor, meia palavra basta. Aqui são duas inteiras, como se diz em toda parte: Literatura mineira, Literatura gaúcha, catarinense, paulista, carioca, etc. assim também Literatura Piauiense. Minha argumentação poderia acabar aqui mesmo. Porém, leio notícia em um portal da cidade (internet), que assim expressa: “Em seu vestibular 2009, a UESPI trabalhará as seguintes obras literárias: Literatura Brasileira: Esaú e Jacó (romance de Machado de Assis), Úrsula (romance de Maria Firmina dos Reis), Romanceiro da Inconfidência (poesia de Cecília Meireles), O vampiro de Curitiba (conto de Danton Trevisan). Literatura Portuguesa: Amor de perdição (romance de Camilo Castelo Branco), Mensagem (poesia de Fernando Pessoa). Literatura Piauiense: Os irmãos Quixaba (romance de William Palha Dias), Sangue (poesia de Da Costa e Silva), A mensagem do salto (teatro de Júlio Romão da Silva)...” Se não bastasse o erro no nome do livro de Júlio Romão da Silva, (corretamente, “A mensagem do Salmo”), vimos a repetição do nome “Literatura Piauiense”, matéria que eles próprios detestam.

No mundo pós-moderno é impossível complicar. Literatura Piauiense, sim, senhor. Nada de acréscimos, a não ser os de mais autores e obras a serem estudadas para a prestação do vestibular nas Universidades.


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*Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras, mora em Teresina, Piauí. Endereço eletrônico: franciscomigueldemoura@superig.com.br

Um comentário:

Unknown disse...

Olá, Professor!
Sou professora, formada há pouco mais de um semestre pela UFPI, e ministro aulas de Literatura Brasileira e Piauiense. Amante que sou do trabalho dos artistas piauienses, adotei a expressão "Literatura Brasileira de Autores Piauienses" como um instrumento didático e, além de tudo, de reconhecimento da produção literária do Piauí diante da carioca, por exmplo, e de todas as demais que não trazem consigo marcas do estsado de origem e, mesmo assim, são vistas como parte da Literatura Nacional. Não vejo por que essa denominação pode desvalorizar o trablho dos artistas ao invés de engrandecê-los. Como boa aluna de Airton Sampaio sei que a denominação é pertinente.
Um abraço!
Continue fazendo-nos deleitar com seu trabalho.
Rayane.

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