sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

NICOLAS BEHR, 30 ANOS DE POESIA



Francisco Miguel de Moura*


Sim, senhor, TRINTA ANOS DE POESIA!
Que beleza, que força, que felicidade!

Quem diria? – Eu diria. E acreditei.

Quando ele passou por Teresina, meninão magro e alto, feito um vendaval de versos pequenos e fortes, cortantes ao sol do Nordeste, secos mas líricos, no seu jeito de faca e fruta, a mesa sendo as próprias mãos, os poetas da época se levantaram a tomar a lição, começando a soltar as rédeas.

Já havia lançado “Iogurte com Farinha”, seu primeiro livro, mimeografado, como o tempo exigia e a época ensejava, edição própria de 8.000 exemplares vendidos, oferecidos, trocados... E mais outros, não sei quantos. E de toda forma ia espalhando poesia. A revista “Cirandinha” havia sido lançada há algum tempo. Trocamos os lançamentos, chamei-o para almoçar lá em casa – afinal eu era o editor da revista “Cirandinha”, em papel e tinta, que já fazia nome no Brasil inteiro.

Para nós, a revista e eu, a presença de Behr foi uma festa, publiquei depois um depoimento seu no número 5. Por algum tempo fiquei mantendo contato, ou melhor, tive notícia de suas andanças, que eram muitas, e das suas ousadias.

Segundo Francisco Alvim, “o sentido de sua poesia é buscar – mesmo que seja a própria inocência perdida”. Busca da eterna juventude, sadia no caminhar e no aspirar às travessias. Se fôssemos fazer um trocadilho diríamos que seu poemar é travesso como de criança que mexe e remexe e nunca pára nem deixa as coisas no lugar, acomodas. Seu destino é andar. Não transcrevo as palavras do poeta Alvim, faço-as minhas, pois ele é uma referência nacional da nova poesia.

Entretanto, é de justiça frisar que tomei conhecimento do lançamento de LARANJA SELETA – poesia escolhida (1977-2007), com muita alegria, através de e-mail de Raymundo Netto (raimundoneto@globo.com), de 20.1.2008. Foi ótimo. E não seria de bom tom se o blog da Cirandinha deixasse em branco esse acontecimento do livro de Nicolas, que é um grande momento do Brasil brasileiro, nacional e contemporâneo, não porque ele seja um nacionalista. É um trocista, isto sim; por essa razão é Brasil- brasileiro, feio um novo Osvald de Andrade. Entre “Iogurte com Farinha” e Laranja Seleta, devemos citar: “Grande Circular”, “Caroço de Goiaba” e “Chá com Porrada”.

Por preguiça de procurar noutros lugares, cito aqui o poema transcrito por Raymundo Netto, em seu já referido e-mail:


“nem tudo
que é torto é errado


veja as pernas do garrincha
e as árvores
do cerrado.”


Nicolas, nestas notas de elogio, mais do que de crítica ou análise propriamente dita, lembro que não pode esquecer seus amigos do Piauí, que são muitos e fiéis. Mande-nos alguma coisa, não seja um filho ingrato para com a nova “Cirandinha”, este blog e o de franciscomigueldemoura.

Estamos à sua disposição. Sei que possui, hoje, muitos meios e recursos para divulgar sua poesia, inclusive o www.nicolasbehr.com.br Porém é do gosto, do coração que fazemos o convite, para participar de Cirandinha online, pois o país ainda está muito precisado de poesia.

Saúde, paz, e que Deus o guarde sempre assim, Nicolas. Amém. E-mail de Nicolas:

paubrasilia@paubrasilia.com.br

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*Francisco Miguel de Moura, autor deste artigo, editor do blog e da revista Cirandinha, cuja publicação está completando também 30 anos de existência.

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