quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

FIDEL: - MORTE ANUNCIADA

Francisco Miguel de Moura*

Há muito tempo, os Estados Unidos desejam a morte do ditador Fidel Castro, enquanto os idealistas de todo o mundo continuam a elogiar sua bravura, seus feitos, a guerra contra o ditador Fulgêncio Batista, ao lado de um grupo de revolucionários jovens, culminando na Revolução Cubana e no estabelecimento do socialismo, pela primeira vez, num país ocidental – (1959). Desde 1953, já lutava pela queda da ditadura Batista, quando foi acusado de ter ordenado, aos companheiros, um ataque suicida ao Quartel de Moncada. Fidel Castro Ruz, advogado, fez brilhantemente a sua própria defesa. Sobre a Revolução Cubana e Fidel, muitos livros se escreveram, a maioria favorável. Quando ele se defendia, no Tribunal, disse uma frase que ficou célebre: “Um dia a história me absolverá.” Teresinka Pereira, presidente da Associação Internacional de Escritores e Artistas (IWA), com sede nos Estados Unidos, desabafou, em artigo recente: “Em Cuba havia uma Ditadura e os jovens idealistas fizeram uma Revolução e ganharam. No Brasil, nós planejávamos uma Revolução e ganhamos uma Ditadura que deixou a turma toda debandada no estrangeiro, e os mais jovens, aqueles que cresceram durante a dita cuja, viraram entreguistas”

Outros observadores diriam que a última Ditadura Militar (1964), ou melhor, a extensão dos seus males continua afetando o povo brasileiro enormemente. De onde vem tamanha violência? São organizações criminosas comandando de dentro dos presídios para as cidades crimes horrendos em massa, rebeliões contra o poder constituído, cartel de drogas, queima de transportes coletivos, destruição de bens públicos e particulares, criando como que outro governo alternativo (do mal), como nas favelas do Rio. Sem punição, porque as leis, a Polícia, a Justiça... Tudo isto nasceu da mistura dos criminosos comuns com os presos políticos do período ditatorial. Aqueles aprenderam as vantagens que poderiam obter da prisão e mais: organizam-se até em Partidos, imagine-se, como aqueles jovens se organizavam. Depois, veio a ressurreição de nossa democracia, no clima da euforia pré-1998, gerando uma Constituição permissiva e suas leis. Destas usufruem todos os tipos de criminosos, inclusive os políticos.

Nesta semana, a revista “Veja” anuncia, em matéria de capa, que Fidel Castro entregou o comando do país a seu irmão Raul Castro, ficando ainda com a presidência do Partido Comunista, o único do país.

No ano 2000 fizemos uma viagem a Cuba, então já em sua agonia, junto com vários companheiros escritores, curiosos de ver o regime ainda vigente. Depois escrevi 7 crônicas a respeito do que vi e ouvi, dando uma indicação de que Cuba resistiria aos apelos de fora para mudar a estrutura político-econômica até a morte de Fidel Castro. De fato, praticamente aconteceu, porque, doente grave, ele já não tem mais o comando total da Ilha. Mas, a Veja, depois de uma série de considerações sobre a situação do povo cubano, remete o leitor para aquela frase: “Será que a história o absolverá?” Não creio que, no momento, a pergunta seja tão importante quanto indagar-se sobre o destino que Cuba tomará doravante. Penso que o povo cubano não quer mais revolução, e a transição para a democracia liberal se dará mansa e pacificamente, porém lenta e gradual. Cabe-nos apenas esperar, visto que ninguém sabe o futuro. Se o homem adivinhasse o futuro, o futuro não teria futuro.
__________________
*Escritor brasileiro e autor deste artigo, mora em Teresina, Piauí

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...