quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 


LEMBRANÇAS

 

Francisco Miguel de Moura*           

           

Um sorriso na venda ou no mercado,

uma flor que se abriu noutro jardim

(e ninguém viu, ninguém adivinhou).

Um amigo que sumiu na cidade

grande. E por que sumiu? Voou?

 

A borboleta que morreu voando,

bateu asas em busca de uma irmã, 

a moça de azul cetim e a tarde clara.

 

A gente lembra sempre a dor que dói

dentro do peito pra morder a alma,

por alguém que partiu, sumiu, finou-se...

 

E não esquece a dança mal dançada

que a vida, por mais feia, nos mostrou.

Que um sorriso nem sempre é alegria,

que os perfumes são conforme a flor.

 

Esquece-se do sonho mal sonhado,

qual pesadelo de morte (ou do amor)

e que são logo, logo ressonhados?

 

Ninguém esquece nada, fica a cicatriz

do que se quis fazer e o destino não quis.

___________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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