PAISAGEM TÉTRICA
Francisco
Miguel de Moura
Alguns carros me passam solitários,
entre arranha-céus sujos de medo,
sem música, sem som, nenhum solfejo
do mundo que em que nasci...
O
que é, não sei.
O mundo lá por fora é muito sério,
ninguém beija nem sequer abraça,
e os que vão... Oh mudas caminhadas!
São os que somem no querer dos olhos
afogados em riso emurchecido,
secos, estéreis pálidos e pecos.
Um
só “bom dia”, algum desejo seco?
Se para alguém, é simples baco-baco
que aos meus ouvidos chegam...
E desfaleço.
Fecho a janela, sim, à nula paisagem
de muro estranho, opaco... Garatujas
diante da janela em que sequer me vejo.
Teresina,
07/11/21
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