domingo, 7 de novembro de 2021

 


                                    PAISAGEM TÉTRICA

                                    Francisco Miguel de Moura

 

Alguns carros me passam solitários,

entre arranha-céus sujos de medo,

sem música, sem som, nenhum solfejo

do mundo que em que nasci...

          O que é, não sei.

O mundo lá por fora é muito sério,

ninguém beija nem sequer abraça,

e os que vão... Oh mudas caminhadas!

São os que somem no querer dos olhos

afogados em riso emurchecido,

secos, estéreis pálidos e pecos.

 Um só “bom dia”, algum desejo seco?

Se para alguém, é simples baco-baco

que aos meus ouvidos chegam...

            E desfaleço.

Fecho a janela, sim, à nula paisagem

de muro estranho, opaco... Garatujas

diante da janela em que sequer me vejo.

 

                              Teresina, 07/11/21

 

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