domingo, 19 de julho de 2020

QUANDO E COMO?




              Francisco Miguel de Moura*


Se me lembro de mim, é o medo... E me acompanha.
E se esqueço de mim, vem-me uma força estranha...

Se me procuro, eu sumo, como um rasgo de luz
furando cometa e sóis, na via láctea, em cruz.

Se a dormir eu estava, então levanto por descuido
E então vejo existir em mim só o que pouco cuido.

E se o medo de mim mesmo voltar, eu não me ajudo
por medo de perder-me,  com o peso é que me iludo.

Se ao contrário, me alegra o sentir de alguma cousa,
vejo-me bem pequeno, pequeno... E assim quem ousa?...

Se eu minto a outro, é intriga, pois isto não me entrosa,
 Tentei mentir primeiro, a mim, e em verso e prosa.

Assim, minha alma diz que o mundo é vasto pandemônio,
insano furacão diante do qual a medo, então me imponho.

Horror dessa onda escura e vil! Por isto me abstenho.
Não sei quem sou... Pra onde vou... E de que mundo eu venho? 

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              *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro


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