Francisco Miguel de Moura*
Se me lembro de mim, é o medo... E me acompanha.
E se esqueço de mim, vem-me uma força estranha...
Se me procuro, eu sumo, como um rasgo de luz
furando cometa e sóis, na via láctea, em cruz.
Se a dormir eu estava, então levanto por descuido
E então vejo existir em mim só o que pouco cuido.
E se o medo de mim mesmo voltar, eu não me ajudo
por medo de perder-me,
com o peso é que me iludo.
Se ao contrário, me alegra o sentir de alguma cousa,
vejo-me bem pequeno, pequeno... E assim quem ousa?...
Se eu minto a outro, é intriga, pois isto não me
entrosa,
Tentei mentir
primeiro, a mim, e em verso e prosa.
Assim, minha alma diz que o mundo é vasto pandemônio,
insano furacão diante do qual a medo, então me
imponho.
Horror dessa onda escura e vil! Por isto me abstenho.
Não sei quem sou... Pra onde vou... E de que mundo eu
venho?
______________________
*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário