Francisco
Miguel de Moura, Membro da Academia Piauiense de Letras*
A competência do Doutor Celso Barros
Coelho no campo do Direito é reconhecida por todos, ele é Doutor com todas as
letras e com D maiúsculo. Nem me atrevo
citar suas obras, por falta de espaço. Quem quiser saber de sua bibliografia
tão extensa tem que ler o livro “Academia Piauiense de Letras – um pouco da
história, um pouco das ideias”, editado pela própria Academia, em
2018, na “Coleção 100 anos”, da mesma entidade.
Na verdade, sinto-me bem pequeno para
falar sobre Celso Barros, creio que pela segunda vez, em artigo para o jornal,
mostrando sua competência e seu caráter. Da primeira vez enalteci o grande orador
que é, colocando-o na mesma altura e grandeza de um D. Avelar Brandão Vilela,
os dois maiores expoentes na arte de um Cícero, entre os que eu conhecia na
data do artigo acima mencionado.
Mas Dr. Celso Barros Coelho é muito
mais do que orador. É historiador, filósofo, crítico de ideias e de literatura,
sobre cujos aspectos me sinto com algum conhecimento, não profundamente, mas de
modo geral. Por isto invoco-o, neste momento, mais sob o ponto de vista do
cidadão de caráter sem jaça e do ilustríssimo Acadêmico da “Casa de Lucídio
Freitas”. Como Presidente da APL, fez uma
administração profícua, voltada sempre para os interesses da Casa e dos seus
membros. Lembro que sob seus auspícios criou
a coleção “Cadernos Cultura e Sociedade”, que teve início com sua obra “Por
onde anda a cidadania”, e em seguida com meu ensaio “Castro Alves e a
poesia dramática”, 1998.
Volto um pouco mais no tempo e não esqueço
de quando me dispus a concorrer a uma vaga na APL e ele foi um dos primeiros a incentivar-me,
atitude bastante honrosa para mim, sem dúvida. Dizer que ele é meu confrade,
meu irmão de letras, por causa da magnitude de sua sapiência e do seu caráter,
itens que escolhi para esta crônica jornalística, é pouco. Quando penso no
grande representante que tivemos na Câmara Federal por duas legislaturas e na
sua eficiente atuação, vejo-o como um simples eleitor que fui nas duas
oportunidades.
Celso Barros é uma daquelas pessoas
ímpares, considerá-lo um gênio não é exagero, pois elevados são os seus
conhecimentos, quer do Direito, da Filosofia, do Latim, tanto quanto da Língua
Portuguesa e da História. Outros temas devem ser indicados, por exemplo a crítica
literária, amante que é das musas e disto tem dado bastante exemplo em livros e
artigos. Sua obra é muito grande. Limito-me a colocar, neste momento, sua
história da “Academia Piauiense de Letras: Um Pouco da História, Um Pouco
das Ideias”, Teresina-PI, 2018, reeditada e aumentada, onde coloca de
pórtico os versos do poeta Jônatas Batista, como se fossem seus: “Caminho
sem parar, sem curva, sem receio, /Sem fraqueza ou pavor, sem cobarde receio, /
Meu destino a seguir, sem encontros temer.// A batalha me tenta, a guerra me
alucina... O movimento é a vida, a vida me ilumina... / Nasci para lutar, na
ambição de vencer”. É realmente um livro para quem quer conhecer a entidade
e seus membros através dos 100 (cem) anos de existência que comemoramos. Também não posso esquecer que logo abaixo dos
versos do poeta e acadêmico Jônatas Batista, vem a dedicatória aos historiadores
da literatura piauiense, por ordem e em seguida: João Pinheiro,
Francisco Miguel de Moura e Herculano Morais. Esse reconhecimento me cativa. Outro
livro que desejo evidenciar, de sua autoria, é “Tempo e Memória” (2009),
- uma joia de alto valor pelo sentimento e grandeza com que coloca sua infância
e juventude.
Celso Barros é também genial, quer no
sentir e no fazer, quer no viver e no tratar com os outros. Na ciência do
Direito o é, repetimos, pois que reconhecido por todos os piauienses e
brasileiros de modo geral que privam ou privaram de sua lhaneza em algum
momento da vida ou conheçam sua obra. Educação esmerada, caráter sem jaça, humano
quando, como advogado, se volta à defesa de causas justas e honrosas. Mas sua
bondade e generosidade vai além: Jamais deixou à mingua uma pessoa sem condição
de pagar honorários. Tudo isto falo não só por minha parte, desde que o conheci
ao aportar em Teresina, vindo do interior da Bahia, 1964. Ele já era, àquela
altura, uma celebridade: Advogado famoso, professor exímio da Faculdade de
Direito do Piauí e Deputado Estadual cassado pela ditadura dos militares
daquele ano. A grandeza de seu espírito foi evidenciada no episódio de sua
cassação, sendo traído por muitos colegas que se diziam também contra a
Ditadura Militar de 1964. Depois tive-o
como mestre na cadeira de “Linguística” quando eu ingressara na Faculdade
Católica de Filosofia do Piauí, entidade que ainda não se integrara à
Universidade.
Celso Barros Coelho nasceu aos 11 de
maio de 1922, filho de Francisco Coelho de Sousa e Alcina Barros Coelho, em
Pastos Bons (MA), mas ninguém é mais piauiense do que ele, pois a maior parte
de sua vida devotou ao Piauí, especialmente a Teresina, como se fosse aqui
nascido. Porém jamais esqueceu sua terrinha do Maranhão, a região de Pastos
Bons, onde foi fundar a necessária e importante Academia de Letras, História
e Ecologia da Região, entidade que desde o seu nascimento vem publicando o
simpático jornal “Pastos Bons”, cujo órgão foi fundado e é dirigindo por
ele. A Academia de Pastos Bons comemorou no dia 15 de março de 2019, seus 15
anos de profícuo trabalho em favor da literatura, da arte, da cultura e da
ecologia da região. Pois bem, este
senhor Doutor Celso Barros, na comemoração dos 15 anos de existência da dita
Academia estava lá, justo quando ele completava suas 97 primaveras de vida bem
vivida e bem amada. Pois, sim, estava em Pastos Bons, a terrinha do seu berço.
Cá, em Teresina, na reunião da Academia
Piauiense Letras, seus membros proclamaram a data e prestaram a homenagem ao
aniversariante. Bem muito mais valia
como festa a proeza de 97 anos de vida integral, em corpo e espírito, para um
homem de tamanha envergadura, dentro de tal idade e que auguramos que vá muito
longe e com saúde, íntegro como está, fazendo, sentindo e opinando, nos
jornais, revistas e onde quer que publique seus artigos. Mas, repito, não estou
fazendo sua biografia. Meu propósito ao render-lhe esta homenagem, em primeiro
lugar, é mostrar os momentos que com ele privamos. Nem é bem um artigo, é uma
crônica que vem de dentro do meu coração.
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