Elmar Carvalho*
O BÚZIO
o búzio
- pequeno castelo
ou gótica catedral –
sobre a mesa avança
envolto em ondas e vendaval
anda ondulante
onda cavalgante
onda ante onda
atraído pelo chamado
do mar avança
chamado que carrega
nas espirais e labirintos
de sua concha côncava
avança e
lança sobre mim
a tessitura exata
de sua arquitetura
abstrata e surreal
avança unicórnio lendário
protuberante
rinoceronte bizarro
surfista extravagante
em forma de chapéu
lentamente
avança co-movido
pelo chamado das ondas
que em si encerra
em seu ventre vazio
onde o vento em voluteios
é a própria voz do mar
oh, búzio caprichoso
como as curvas e volutas
de um corpo de mulher...
METAPOEMA
As meadas e as palavras
são labirintos e teias.
Nelas os poetas se elevam;
nelas as moscas se enleiam
e se debatem em vão.
Os poetas são.
As moscas, não.
ENIGMA
entre o som
o sono
o sonho
a sombra e a sobra
eu me decomponho
em escombros
em farpas e agulhas
escarpas e fagulhas
desfeito enfim
em fogos de artifício
feito estrelas de mim
esfinge autoantropofágica que
não se decifrou e que a si
mesma se devorou
INSÔNIA
No silêncio abissal
da noite estagnada
a engrenagem pesada
do tempo se desenrola
e desaba sobre mim.
As botas cadenciadas
das horas marcham
- lentas lesmas –
marcham infinitamente
na noite sem fim...
NOTURNO EM DOR MAIOR
na noite ca’lad(r)a
um cão ladra
sem resposta
um galo canta
sem o eco doutro galo
um vaga-
lume vaga
sem lume
vaga- rosa/mente
demente
na noite vaga
uma ave
noctívaga
navega na vaga
do m’ar sem movimentos
nos cata-ventos
sem ventos
e de mirantes
sem mira/gens
a morte espreita
nos olhos vidrados
do enforcado.
EGOCENTRISMO
espirrei
na réstia de luz
da janela de meu quarto
e fiz surgir um
arco-íris
arco-do-triunfo
sob o qual
napoleonicamente passei
sobre o qual caminhei
em busca do
velocino de ouro
coroado com o
l’ouro
de minha própria
.alquimia.
GRAN FINALE
Desmanchei
com minhas mãos
que os criara
os deuses em que cria.
Desfiz a imagem que fizera
da mulher amada.
Perdi a fé em tudo
como quem nada perde.
Depois
gritei, berrei,
chorei gargalhando
e resolvi ficar louco.
Depois de doido
resolvi tentar a sorte
sal-
tan-
do de
cabeça
do alto do arranha-céu.
_________________* Poeta e prosador piauiense, membro da Academia Piauiense de Letras.
N.B. - Esta edição foi autorizada pelo Autor.
Um comentário:
Thanks for share !!!
My Website
160 Lê Hồng Phong Quận 5
160 Le Hong Phong Quan 5
phòng khám 160 lê hồng phong quận 5
đia chỉ 160 lê hồng phong quận 5
160 lê hong phong quan 5
160 le hồng phong quận 5
https://www.nguoiduatin.vn/dieu-tri-hieu-qua-benh-phu-khoa-tai-phong-kham-da-khoa-hong-phong-a373132.html
162 lê hồng phong quận 5
Postar um comentário