BRASÍLIA,
ALÉM DOS JABUTIS
Manoel
Hygino*
Enganam-se
redondamente os que apenas veem em Brasília a sede administrativa e
política do país. É o que se depreende da antologia de “Nós
poetas de 33”, organizada por Joanyr de Oliveira, autor mineiro
nascido em Aimorés e que na sede do governo, viveu, por muitos anos,
para ser sepultado cercado pelo carinho, a amizade e o respeito de
quantos com ele conviveram.
A
vitalidade literária da capital federal se pode aferir pela primeira
coletânea de seus poetas em 1962. Era a pioneira obra no campo das
letras ali editada, conforme Napoleão Valadares.
Em
seguida, imaginou-se editar duas novas coletâneas, uma do próprio
Joanyr, reunindo “Poetas de 33” (os nascidos naquele ano) e
“Poetas dos Anos 20”, como concebera Fernando Mendes Vianna.
Ambos
não puderam assistir ao resultado de seu projeto, pois falecidos
respectivamente em 2009 e 2006.
Para
resgatar a esplêndida contribuição dos escritores da capital
federal, decidiu-se por lançar, em 2014, “Nós - poetas de 33”,
ao ensejo do quinto aniversário de morte do idealizador da
antologia. Nela, apresentam-se em plenitude Fernando Mendes Vianna,
Francisco Miguel de Moura, Hugo Mund Júnior, Joanyr, José Jerônimo
Rivera, Lupe Cotrim Garude, Maria José Giglio, Miguel Jorge, Murilo
Moreira Veras, Octávio Mora, Olga Savary e Walmir Ayala, nomes
expressivos de nossa poesia, embora alguns não tão conhecidos como
se impõe.
A
edição se tornou possível graças ao empenho de Kori Bolivia, ex -
presidente da Associação Nacional de Escritores, e ao decisivo
apoio da Editora Thesaurus, isto é, Victor Alegria, seu diretor. No
empreendimento, ressalte-se a participação de Anderson Braga Horta,
“grande vate de 1934, amigo de todos os poetas e o maior dentre
todos nós que nos tornamos brasilienses”.
O
volume lançado, já sem a presença física de autores notáveis na
poesia, é uma relíquia a ser guardada em área nobre para consulta
pelos amigos do bom e do belo, que existem, sim, em nosso país. E,
antes que me escape o raciocínio, que se advirta para a exposição
crítica de Anderson (filho de pais poetas), mineiro de Carangola com
todas as honras, sobre a obra de Joanyr e Mendes Vianna, com
observações da maior importância para avaliar o legado de ambos
autores e que inspira o livro.
Embora
não restrito a vates de Brasília ou lá residentes, agora e antes,
o “Poetas de 33” resulta da dedicação de Anderson à produção
dos autores nascidos no já distante 1933. Resume o sentimento do
escritor carangolense com relação àqueles que fazem da cidade
inventada por Juscelino uma metrópole muito acima do unicamente
material.
As
vozes do planalto central se sintetizam na expressão de três poetas
maiores, Joanyr, Mendes Vianna e Ánderson, talvez saudoso dos “dias
empoeirados dos pioneiros. Do luar, dos bichos, das sujas botas, dos
tratores em guerra sem tréguas com o mundo desértico e esquivo que
o homem veio dominar para todo o sempre”.
______________________
*Manoel
Hygino, jornalista mineiro, responsável pelo site “Hoje em dia”,
de onde tiramos o presente artigo publicado em 04/06/2015. sobre o
livro “Nós, poetas de 1933”, antologia organizada por pelo poeta
Joanyr de Oliveira, publicada em Brasília-DF
Nenhum comentário:
Postar um comentário