Francisco Miguel de Moura
Poeta e prosador
Poeta e prosador
Acordei
cedinho. Uma flor me viu,
Flor
que me dera seu primeiro beijo.
O
sol ia alto. Apressei pra livrar-me
Dos
raios, e a flor dos meus dedos caiu.
“Eu
sou uma flor, esqueça meu cheiro”.
Mas
ao lugar do crime a gente volta.
Na
seguinte manhã, a mesma flor!
Pra
meu espanto, solitária e triste.
E
eu apanhei-a da beira do caminho,
E
a beijei, e o fiz, sem reconhecer.
Ah!
que maldade a natureza trouxe!
Enquanto
os vegetais nos fazem o bem,
Nós
animais - “tidos tão perfeitos” –
Tudo
esquecemos... Até flor e beijo!
Ela
chorou, chorou, lembrei seu cheiro
E
me voltei em lágrimas e enleios.
E
agora a guardo, para o meu carinho,
Quando
voltar às páginas que leio.
Oh!
Guardarei o livro para sempre
E
o grande amor que a florzinha me deu!
Agora,
todo dia, eu abro aquela página
E
ela está me olhando. E lá estou eu.
(Poema inédito em livro)
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