domingo, 31 de janeiro de 2016

VAIVÉNS: TEMPO E AMOR

Francisco Miguel de Moura*


O que faria não fez 
com o faro do passado.
                       
O futuro não lhe diz nada:
Voa como o vento em serrania.
E passa, e nunca é passado
e leva e lava a gente
na poeira dos olhos,
nas juras negadas.

Tento ser luz aquela luz
que teus olhos me entregaram.
Em vão proclamo:
- Luz, me acende! Ou me cega de vez!
E ela se apaga, deixando-me ver tão só
o único caminho do tempo em naufrágio.
                     
Nego o amor, aquele amor que morde,
que afogaria os afagos desejados
sem colheita sequer
da volta de um olhar
de fogo que seja:

-Quero morrer abrasado.

______________
*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro como um poema do passado. Ainda bem que o antigo poema sofreu o novo! Será que vale a pena beber águas passadas ou empossadas?

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...