quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

JAICÓS, PI - CULTURA, ATUALIDADE E HISTÓRIA


Francisco Miguel 
de Moura*

           Nos dias 26, 27 e 28 deste mês de dezembro de 2015, tivemos (eu e minha mulher, D. Maria Mécia Moura) a honra de conhecer Jaicós, a convite do médico, poeta, músico e grande espírito de generosidade chamado José Solon de Sousa – mais conhecido por Solon Reis, por ser das famílias Reis e Luz, as mais conhecidas e importantes de Jaicós - PI. Pois bem, nossa expectativa era das melhores. Já conhecíamos, embora que de pouco tempo, o Dr. Solon Reis. Mas, na realidade, a hospitalidade que nos foi dada levou-nos além da nossa expectativa.  Nossa missão lá era participar da inauguração do “Centro Comercial e Cultural Alaíde Reis”, naquela cidade, organizado por Dr. Solon. Ele batizou a entidade com o nome de sua querida mãe, já falecida. Porém, muito mais que participar, fomos escolhido para fazer uma palestra sobre a “Cultura do Piauí e as perspectivas para as novas gerações”. Fi-la como pude, enfocando o Brasil e sua grandeza, mas também sua desorganização, desde Cabral até Dilma Roussef: colonização, escravidão (de índios e negros), secas de 1877-1915-1932 seguintes, política de compadrio, nepotismo, corrupção e os tipos folclóricos que formamos: macunaímas, palhaços, piadistas; e ainda os conformados, os corrompidos e os corruptores, os criadores do jeitinho brasileiro. Daí, fui passando para a literatura, antes criticando os sistemas de ensino, faltas de escolas bem preparadas, além da carência de hospitais e de verdadeiras instituições que protejam nossa cidadania, enfrentando as drogas e a criminalidade.  Na literatura e nas artes não conseguimos sair do princípio: nunca tivemos um Prêmio Nobel, quando países menores e mais atrasados já tiveram, Citei Colômbia, Chile, Portugal. Mas sempre fui incentivando a mocidade a estudar, pois só com a educação verdadeira o Brasil fará o seu grande futuro. Nas horas finais, recitei poemas e dei a vez para outros que queriam recitar, no final da minha palestra, porque o fim mesmo foi com música, apresentando-se várias bandas e cantores, quando Dr. Solon foi figura destacada. Outro lugar destacado foi quando a Profª. Francelina Macedo, membro da Academia da Região de Picos (ALERP), de cuja entidade já presidiu, tomou a palavra, falou sobre os problemas da região, inclusive recitou um poema, em versos populares, contando a história de um escravo da região de Aroeiras do Itaim.

Contar é bom, porém melhor é ter assistido. Tudo era de graça. Dr. Solon é realmente um tipo de pessoa daqueles que não existem mais. Visitando o mercado, minha mulher perguntou a um feirante por que não elegiam o Dr. Solon a Prefeito de Jaicós. E a criatura respondeu simplesmente: - Ele não compra voto!

          Sim, é verdade, ele já se candidatou várias vezes e perdeu todas. Não porque seja mesquinho, mas porque é correto. Caridoso, amigo dos pobres, receita de graça quando a pessoa não pode pagar, faz sempre o bem. Inclusive, não compra voto.

           A reunião foi sagrada, logo no início, pelo padre da Freguesia de Nossa Senhora das Mercês. O nome dele: Pe. Manoel Antônio de Moura. Ficamos um bom tempo conversando com seu Tonico, um aposentado em serviço militar, cujo nome completo é Antônio Feitosa Reis. Pronto! Estávamos entre parentes: o padre, um Moura; seu Tonico, um Feitosa, que nos acompanhava em toda a festa, conversando sobre as pessoas que conheceu etc. E até nos levou a sua casa e de lá ao hotel, o qual pertence ao Dr. Solon e onde nos hospedou de graça. De manhã, houve o lançamento do livro do Dr. Solon, “Versos, Cantos e Prosas” e também o meu, “Literatura do Piauí”.

            Poderíamos falar muito mais sobre a festa cultural, mas nosso propósito é também mostrar um pouco da história de Jaicós, a cidade fundada em 21 de fevereiro de 1834. Os jaicoenses têm como Prefeito, a Sra. Waldelina Sales de Morais Soares Crisanto, que não deu o ar de sua graça ao talvez mais importante acontecimento cultural de Jaicós moderno. Nos últimos tempos tem crescido bastante, talvez, por causa do exemplo de Picos e daquela região. No passado, o mais antigo e o mais recente, Jaicós deu personalidades como Alberto Bessa Luz, um dos políticos mais influentes do Piauí, tendo sido secretário estadual (Governo Chagas Rodrigues) e deputado estadual e federal; Álvaro dos Santos Pacheco, empresário (Editora Artenova-Rio), senador, jornalista (Jornal do Brasil e outros) e poeta dos melhores da atualidade brasileira; Marechal Alves Filho, primeiro aviador brevetado do Piauí; Humberto Reis da Silveira, presidente da Assembléia Legislativa do Piauí, deputado estadual durante 50 anos e foi o primeiro Secretário de Estado, na década de 1980 (Governo Hugo Napoleão); Jacinto Teles Coutinho, vereador de Teresina (2002-2008), entre vários cargos que exerceu, e atualmente é Presidente da AGEPEN-PI – Associação Geral do Pessoal Penitenciário do Piauí; Vicente Leal de Araújo, Ministro Aposentado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e José Solon de Sousa (também conhecido por Solon Reis), médico (Titular da Sociedade Brasileira de Urologia, escritor (membro da ALERP-Academia de Letras da Região de Picos), músico (Titular da Ordem dos Músicos do Brasil), compositor, cantor e poeta.

           Mas, historicamente, a figura mais célebre é o Pe. Marcos de Araújo Costa. Nasceu em 1.778 no arraial de Paulista (hoje município de Paulistana), na casa de seu avô Valério Coelho Rodrigues. Uma escrava perita na arte de costurar fez-lhe o enxoval. Nascimento solenemente comemorado por toda a família, com vinho do Porto, de Portugal.  Ordenado padre, em atenção às suas qualidades de inteligência, sensatez, devoção e dedicação demonstrada durante seus estudos em Portugal, o bispo recomendou que Marcos Araújo ingressasse no Colégio de Roma, a fim de seguir o Curso de Teologia no Seminário Romano. Ele recusou a indicação para voltar para o Brasil. E respondeu: - “Desde que nasci não pensei n’outra coisa, a não ser em continuar a ser padre e fundar uma escola na fazenda de meu pai, em Boa Esperança”.  Padre Marcos celebrou sua primeira missa em 1.805, no dia 15 de agosto, data da Ascensão de Maria aos Céus, também chamada de Nossa Senhora da Glória, das Mercês ou da Esperança, de acordo com os dogmas católicos.  De fato, depois fundaria a primeira escola de nível superior, no interior do Piauí, formadora de professores – uma Escola Normalista.

            Caros leitores, por hoje é só, mas prometo que volto a mostrar mais coisas de Jaicós, por cuja cidade fiquei apaixonado e onde deixei o formidável, afetuoso amigo, poeta  José Solon de Sousa (Solon Reis).

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*Francisco Miguel de Moura, escritor, mora em Teresina - PI, é membro da Academia de Letras da Região de Picos(ALERP), da Academia Piauiense de Letras (APL), da União Brasileira de Escritores (UBE-SP) e International Writers and Artists Association (IWA) , dos Estados Unidos da América do Norte

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