terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

DERROTA OU VITÓRIA?

Francisco Miguel de Moura*




Quem de si se liberta será alguém
Que invoca a Deus e denega a razão?

Não se faz arte ingênua ante a matéria.
O artista ama as substituições do ferro
Pelo barro, pelo berro, pelos gritos.
Como os santos fizeram, há que chorar
Pelas dores que os outros vão vestir.

Há de descer aos limites sem limte,
Há que sorrir pelo que está de fora.
Sentidos, sons, cheiros  e cores lavra:
Menos que a cor, melhor a diferença;
Se mais som menos música, surdo ser;
Se mais forma vê, vê as deformações.

Não iludir que o mal não é tão mau;
Nem que eterno é o belo ou o parecer;
Mostrar mais diferenças do que o feio
Que pode ser mais belo que o espelho
Se for visto por lentes sem contexto

Se arte é ajuda, o viver transforma,
Vencer é não gritar “vim, vi, venci”:
Em cada rota há uma parede envolta.

Libertar é  vencer milhões de monstros.

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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina, PI, Brasil,  trabalha as palavras, mas sabe que muitas vezes o grito é necessário.

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