sexta-feira, 18 de outubro de 2013

BRASIL, PAÍS DEMOCRÁTICO, PROVE?

Francisco Miguel de Moura*



SÁBADO, 12 de outubro, véspera do Dia das Crianças, ótimo. Manchete de um dos jornais desta Capital: “102 DETENTOS ESTÃO LIVRES PARA O DIA DAS CRIANÇAS”. Com outras titulações, os demais órgãos da imprensa atendem ao acontecimento, festa, alegria dos pais e crianças. Outras manchetes foram publicadas com o mesmo assunto. Nos subtítulos, antes de começar a matéria, liam-se mais: “Os presos foram libertados temporariamente nas primeiras horas desta sexta-feira e devem retornar no dia 15”.

            Diálogo na rua, entre dois que viram a manchete:

            - Você acredita que esses presos voltam para a cadeia,
hem?

            O outro dá um muxoxo, cospe no chão e responde:                               

           - Nenhum. Todos eles voltam a furtar, roubar, estuprar, assaltar, assassinar, traficar drogas e coisas de gênero. 

            Bem, mas o Brasil é um país democrático. Resta saber
para quem: Para as crianças, para os pais das crianças ou para os presos? Que foi que estes fizeram de bom na vida? Nada. Só praticaram crimes. Os juízes que expedem a ordem de soltura alegam que apenas cumprem a lei. Eles são selecionados entre os presos de melhor comportamento, segundo a autoridade prisional.

            Na verdade, preso só deveria ser solto depois de cumprir a pena. Preso solto antes vai embora para nunca ser descoberto e no caminho vai deixando o rastro de misérias contra o cidadão comum, as crianças, os inocentes amigos e até contra a própria família. Bom comportamento de preso pode servir para que seja gozado na própria cadeira, jamais fora dela. Só a árvore boa produz bons frutos, é a palavra de Deus, está nos Evangelhos. O criminoso é uma erva daninha: para prosseguir, mata, tortura, deixa o próximo inválido ou o destrói psicológica e financeiramente. As ervas boas são o trigo, a cevada, o arroz, o milho, o feijão (as boas obras) cultivadas pelo trabalho do dia-a-dia e mais a defesa contra a proliferação das más.

            Com uma vista ao nosso passado recente, instalou-se no Brasil, depois da “Revolução de 64, dos Generais”, um regime com cara de santo, regime que se diz democrático, baseado numa Constituição sócio-liberal, por isto cheia de brechas e buracos. E daí continua sendo furada pelo governo e legisladores. Quem já ouviu falar noutro país civilizado e democrático ser assim tão insincero? Criança aqui não tem culpa de nada, crianças e adolescentes não podem ser castigados por seus pais, mas podem dirigir sem habilitação, embriagados, fazer pegas e matar inocentes. Podem mais: ser viciados e traficar com drogas. Isto aí também é o que chamo de destruição da família. Quem já viu a Polícia não poder abordar um menor (ou que se diz menor) para ver seus documentos? Esses falsos menores são falsos inocentes a serviço dos grandes industriais criminosos de armas e drogas ou fazem tudo isto a mando de outras pessoas ou entidades mais maléficas, se é que pode existir. O mal existe, é o Diabo. Há professores, em greves legitimadas por seus representantes sindicais que “acham que a Polícia não pode reprimir os vândalos, impedindo-os de incendiar carros, destruir lojas e aterrorizar as pessoas nas ruas”. Minha fonte, o editorial da VEJA (16.10.2013), acrescenta uma pergunta: “Será que são mesmo educadores”? E responde: “Não o são no sentido universal contido no ensinamento de 2500 anos do chinês Confúcio”. Eis a frase do filósofo: “Se quer investir por um ano, plante arroz; se quer investir por uma década, plante árvores; se quer investir por um século, eduque as crianças.”.

             Educar as crianças já é educar-se a si mesmo. Adotar uma criança pobre é muito mais valioso e mais humano do que deixá-la solta na rua (a título de quê?), do que doar dinheiro para quem vai e quem vem, do que criar bolsas disto ou daquilo. Por que não se criam escolas com professores bem pagos e bem experimentados, a fim de diminuir os crimes e a pobreza do país? Os comunistas julgavam que todos sendo funcionários públicos (isto é, do governo, do ditador) era fazer um grande bem à humanidade.

               O Brasil desgovernado (mal governado para nós, para eles – governo e seus protegidos – bem governado) não quer saber de educar ninguém, nem está se importando que morram centenas, milhares, por dia, pela droga e pelo tráfico, nem que todos, pobres ou ricos, se tornem usuários e traficantes, contanto que mantenham o velho pensamento anarquista de que “quanto pior melhor”, já que não puderam implantar um socialismo extemporâneo. Melhor para quem? O Brasil é um país democrático, melhor para quem quer furtar, roubar, assaltar, seqüestrar, incendiar, maltratar... Fazer o diabo, menos o bem, especialmente se for o bem público. O Brasil virou um país de esmoladores e esmoleres. Os códigos da lei são inteiramente favoráveis ao mais fraco, que para eles ser fraco é ser miserável, analfabeto, morar em favela, etc. As autoridades judiciais não podem fazer nada. Mandar prender, por exemplo. Vem o advogado com os seus códigos de todo tipo, inclusive decretos, medidas provisórias (vamos contar quantas já existem em vigor?), para livrar da cadeia qualquer facínora, sem contar os que já permanecem às escondidas, por falta de capacidade da Polícia de capturá-los, ou por que são poucos os seus efetivos, ou porque são (nem todos) incompetentes ou aliados do vício e do crime (ainda bem que é apenas uma pequena parcela). O Brasil é um país democrático para os “fora da lei”, pois agora a lei se chama INCLUSÃO, tá bom?
 
               Quem vai dizer que não? Os que foram enquadrados pela mais Alta Corte de Justiça como criminosos por causa do fedido MENSALÃO?
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*Francisco Miguel de Moura - Escritor, poeta, membro da Academia Piauiense de Letras e da IWA(International Writers and Artists Association) - USA, Toledo,Ohio

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