sábado, 28 de setembro de 2013

OS POETAS ESTUDANDO SEU PRÓPRIO EGO

Teresinka Pereira
Poeta e prosadora, Presidente da IWA 
(International Writers and Artists Association) 
USA


Quando eu comentei, num artigo intitulado “Poetas achando que são deuses”, o fato de que não era possível existir um movimento nacional de poetas com a finalidade de fazer com que os poetas se tornem mais humanos e deixem seus “estrelismos” de lado, não quis ofender ninguém. Estava numa boa fé, pensando que a gente podia debater o tema entre nós mesmos, inclusive fazendo um exame de consciência para ver a que ponto chega a cauda de nosso “estrelismo”. O tema lançado pelo poeta da Praça Sete, Rogério Salgado, me pareceu fenomenal, impossível de ser rejeitado. Então tomei a palavra e joguei lenha na fogueira: QUERO DEBATER O TEMA.

Mas hoje recebo uma carta de Rogério, que levou um tempão pra chegar às minhas mãos, visto que tem data de 13 de maio de 2013. Já estamos em fins de setembro. E nossa era é a das mensagens instantâneas dos internautas, que eu detesto. Fico feliz de ter a carta escrita em papel pelo poeta Rogério Salgado, que vem acompanhada de anúncios de atividades lá na praça de minha terra (Minas, Belo Horizonte), e abro a carta com as ilusões de sempre. Mas parece que o poeta está zangado com o meu artigo anterior e me diz para pôr uma pedra no assunto porque ele quer paz entre os seres humanos. Valha a contradição! Desde quando debate entre poetas está proibido? Virou guerra? Melhor! Continuo afirmando: quero DEBATER.

O movimento é contra o “estrelismo”? Vai ter um montão de poetas modestos, e sérios, e excelentes, e até clássicos que vão se colocar do lado do movimento e outros, em menor número, talvez, que vão fazer o papel dos poetas “estrelas” e querer brilhar no céu da praça. Eu quero ver tudo, dar voz a todos. Que parem de escrever um pouco a poesia para sacudir a poeira do ego e dar opinião. Estou certa de que ninguém vai errar. Quanto mais patética a opinião, mais interessante vai ficar o debate. Eu reclamo o meu direito de ser contraditória, egoísta e até mentirosa, nesse debate. Por que não?  Quando escrevo poesia sou pura como a cristalina água da fonte oculta na floresta virgem. Porque assim dizia Platão: “Na poesia não é possível mentir, no verso só cabe a verdade, a alma da verdade”. E Galileu afirmou que “a verdade é filha do tempo, não da autoridade”. Qualquer um pode dizer que “a verdade está nas ações e que a mentira, nas palavras...”

Entretanto eu quero um debate não sobre a poesia, mas sobre “O EGO DOS POETAS VIVOS”.  Cada um comentando como vê o seu próprio ego.  Até pode ser em poesia mesmo, se quiser estar “numa boa” de dizer a verdade. Eu, por mim, vou contradizer Platão e a mim mesma, afirmando que minha poesia é pura ficção, para continuar o debate por um lado ainda mais panteísta... Vamos questionar, pesquisar, debater civilizadamente, sem insultar com nomes feios, embora seja aceitável até mesmo fazer crítica pessoal, citando versos e ditos deste ou daquele tal poeta que mereça ser citado. As “estrelas de cauda longa” vão gostar. Eu também. Na minha juventude eu fazia teatro e uma das piadas do meu grupo contra a crítica era: “Falem mal, mas falem de mim”. Pois, que graça tem a eterna badalação de “poeta de sensibilidade”, “poeta inspirado”, “poesia de forma e tema suaves”, “reis e rainhas da lírica”, etc.  DEUS ME LIVRE!  Nada disso. Já se foi o tempo dos clichês benfazejos e de egolatria. Vamos ser originais e minuciosos e ver o grão de poeira sujo e molhado fazendo uma poesia de barro como o ser humano. Sem nenhuma metáfora. 

Vamos voltar ao essencial. Os poetas “divinos” gostam de ouvir que somos feitos da luz das estrelas, mas os astronautas já descobriram que os alucinados escritores sagrados tinham razão: nós somos feitos de barro mesmo. Nos planetas e luas que não possuem água para fazer o barro, não há vida.

Eu estou cheia de pecados e me sinto culpada de ter chateado o poeta amigo e, quem sabe, até os inimigos. Mas lanço a primeira pedra: QUERO DEBATER, publicamente, abertamente, na Praça Sete ou na Torre Eifel, na tocha da Estátua da Liberdade, no Pão de Açúcar, nos Campos Elísios ou na Favela (da Rocinha, do Alemão, etc.). Vamos conversar com a língua solta e abrir o verso à contradição.
Poetas do Brasil, apresentem sua opinião. A identidade do seu ego, por favor.

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Teresinka Pereira - Meu e-mail é tpereira@buckeye-express.com e meu endereço é PO Box 352048 / 43635-2048 – Toledo, OH, USA

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