O
JARDIM
DOS
JOVENS
Francisco Miguel de Moura*
I
jardins de folhas caídas, murchas,
sem lágrimas pra chorar o anoitecer
são depósitos de formigas picadoras,
de abelhas pecadoras,
de borboletas que morrem antes
de morrer, enquanto esperam chuvas
e se escondem no sono do serenado,
pois foram-se os jardins bons,
os que davam rosas às mãos ávidas
dos moços que levavam pras janelas
namoradas - gente viva,
ofertas românticas voltando
às mãos das moças que as plantavam.
II
hoje nem jardins secos nem frescos,
nem luas, nem brinquedos de crianças,
o mundo ficou triste desde que noel
passou de pai a rei – o velho rei-momo.
desde que os papais perderam o nome.
as moças morrem de sede,
os moços morrem nas fontes.
são todos afogados nos castigos
que a natureza prega, sem mágoas,
ouvindo só músicas de gritos
esfarelados nos beijos-fritos,
no consumo alieno-desvairado.
jardins de folhas caídas, coitadas!
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*Francisco Miguel de Moura, poeta, membro da APL, da ALERP, da UBE-SP e PI, mora em Teresina. Sócio da IWA- International Writers and Artists Association – Toledo, OH, Estados Unidos
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