sábado, 30 de junho de 2012

QUE COISA É O AMOR?

Que coisa é o amor?


                   

Francisco Miguel
de Moura*

                                                                                               Foto: Mécia e Chico na Europa

O amor é um dos mais universais sentimentos do homem e também um dos mais complicados. Em seu famoso soneto, Luiz Vaz de Camões assim disserta sobre o amor:

                                                       “Amor é fogo que arde sem arder;
                                                         É ferida que dói e não se sente;
                                                         É um contentamento descontente;
                                                         É dor que desatina sem doer.”

E assim segue nos demais versos do poema. A dificuldade do poeta em conceituar o amor, posto que um sentimento complexo, como dissemos acima, faz com que a definição se dê por paradoxos. No último terceto faz a pergunta:  

“Mas como causar pode seu favor
   Nos corações humanos amizade, 
   Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Ora o Amor se confunde com a passividade, ora com o ódio, e em ocasiões diversas ele parece tão puro! Na juventude, quando as paixões avassaladoras transformam o comportamento da criatura quase por total, chegamos a duvidar que a criança seja a continuação do ser que até então se pensava conhecer. Quando, então, se estabeleceria o nascimento da pessoa? No momento da geração no ventre materno, no nascimento ou depois da adolescência? Ao aportar os primeiros indícios da adolescência – dizem os biólogos, pela explosão dos hormônios sexuais (estrógeno, progesterona e testosterona), os quais fazem a nítida distinção entre macho e fêmea, a criatura se sente outra e não sabe quem é, razão talvez do seu comportamento revoltado e do afastamento dos pais e adultos para construíram uma visão diferente do mundo, em vista principalmente dos desejos sexuais, os amores outrora românticos e hoje nem tanto. Cheios de outros problemas.

Aí pelo meio, há as indecisões e indagações, do próprio sexo, onde se encontram os homossexuais, ainda hoje mistério para a ciência. Estes também amam, mas sofrem mais, segundo me parece.

O amor das crianças, desta forma, ainda não é bem entendido pelo adulto. Nelas o sexo está inibido, os interesses são as brincadeiras, as aventuras e a fertilidade dos sonhos e imagens.

Há também o amor desinteressado. É o amor à humanidade, a generosidade de uma idéia ou ideal. Os artistas, os santos, os mártires estão nessa categoria, na qual chega-se às vezes ao estremo: o amador dar a vida (literalmente) por seu objeto, ou pessoa, ou ideal amado.

Uma indagação que, neste ponto se faz, é se há possibilidade de viver sem amor, sem amar. Talvez,sim, mas não será alguém sadio que o fará. Há os doentes psíquicos que só fazem mal a si mesmo, os maníacos, etc. Mas há uma classe pessoas que não podemos considerá-las sãs: os psicopatas. Nem todos os que se enquadram nessa categoria são violentos, completamente prejudiciais à sociedade, pessoas do mal. Algumas, quando o são em pequeno grau, conseguem viver sem trazer grandes problemas. O difícil é a gente conhecer esse tipo de gente: vivem como todo o mundo, não apresentam grandes diferenças de comportamento. Mas quando o grau é elevado já é possível desconfiar-se: mentem muito e não têm a menor vergonha de serem desmascarados, praticam crimes como furtos roubos e estelionatos, assassinam de forma simples ou com requinte de crueldade. Parecem ser pessoas inteligentes, mas já foi detectado que não são bons alunos, não são corretos no emprego, não gostam de trabalhar. Aliás, “eles não vão ao trabalho, vão à caça de quem eles querem alguma coisa, seja prestígio, dinheiro, poder, e para isto praticam todas as formas anti-éticas de viver em sociedade, escandalizam, etc. Não têm caráter, não têm vergonha, não têm medo. Indivíduos sem consciência do que é bom ou mão, conscientes e, como são maus, para isto trabalham e só para isto. Há na política, na arte e em atividades digamos que tratam de economia, muitas espécimes. Esses seriam os indivíduos sem dúvida, sem amor. Verdadeiramente ser amor porque conscientes. Não são propriamente doentes, são maus.

Parece-me que é difícil saber o que é o amor, pois há muitas formas de amar, como atestam os poetas. Mas não é possível ignorar a classe dos que não têm amor, embora dela não nos possamos livrar, nem haja remédio para isto.

                  (Publicado na página de Opinião do jornal O DIA, em 24-06-2012)

___________________
*Francisco Miguel de Moura, poeta e escritor, escreve no jornal "O Dia", todos os sábados. Salvo desta vez que saiu no domingo, tendo em vista que o jornal necessitou do espaço para colocar matéria especial.

2 comentários:

Gisa disse...

Amo amar e ser amada de qualquer forma.
Te amo meu querido amigo.
Um grande bj e brinde a nossa amizade amorosa.

CHIICO MIGUEL disse...

Um amor assim é inesquecível, leva-se pra onde se vai. Assim, assim ali, assim. Mas acho tão difícil viajar, boa amiga, que não sei, se iremos nos conhecer pessoalmente.
Abraço junto do peito
chico

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