Francisco Miguel de Moura*
Para os pais e avós, nada é mais reconfortante do que falar com os filhos e netos, ouvi-los, assim como conversar sobre eles. Eu, com 77 anos, tenho 5 filhos e 10 netos, todos umas gracinhas de Deus. Quando a gente diz “tenho” é só uma maneira simples de expressar ao alcance de todos, tendo em vista que, depois de uma certa idade, são eles (filhos e netos) que nos têm.
Desta vez vou referir-me apenas aos netos menores e que moram mais perto de mim: Sarah, Sahvyc e Franz, filhos de Fritz Miguel Morais Moura e Leina Sabino Moura. Aproveito a oportunidade para fazer a retificação pública de uma omissão cometida no meu livro “Fortuna Crítica”, Edições Cirandinha, 2008, pág. 22: Fritz Miguel Morais Moura é casado com a senhora Leina Sabino Moura. Infelizmente, foi engolido pelo autor da apresentação, digitadores, revisores, revisor final (eu) e pela gráfica, o nome da esposa de Fritz: Leina Sabino Moura. Agora, a verdade está posta.
Difícil não é reconhecer o erro, pedir desculpas ou perdão. Difícil é apagá-lo. O erro é indelével, principalmente em arte gráfica, em edições de livros e quejandos. Nunca será consertado totalmente, apenas se remenda. Por isto é que não devemos errar.
Mas, estávamos a falar de amor, paternal, filial, do amor aos netos. Estamos falando principalmente da relação de ternura entre avós e netos. É muito gratificante quando os próprios pais (nossos filhos) dizem que seus filhos (nossos netos) se parecem com os avós, nisto ou naquilo. Nem que seja para apontar um defeitinho qualquer, como: “Veja o jeito do menino olhar, vejam os cabelos dele! É o avô todinho.” No meu caso, dizem que o Franz se parece muito comigo, especialmente quando sai caminhando e balança só um braço. Aliás, há uma versão de que os netos se parecem mais com os avós do que com os próprios pais. Se a genética comprova isto, eu não sei. Mas, pela observação comum, vemos essa tendência claramente.
Corroborando tudo isto, lembramos do dito popular: “Quem tem filhos, tem cadilhos”. Que quer dizer a palavra cadilho? Quando minha mãe cuidava do conserto das redes de dormir, dizia-nos: “É preciso consertar os cadilhos”. E eu a observava enfiando os cordões pelas “casinhas” nascidas do pano, estirando-os e prendendo-os num só urdume, o punho. Cadilhos eram aquelas peças e o encadeamento dos cordões ao punho, por onde correria a corda até o armador. Nunca vi imagem tão perfeita para retratar a família.
A família é isto. E dela tiramos lições profundas de vida. E eu, como escritor, costumo arrancar crônicas da vivência e das conversas com nossos filhos e netos. Hoje, tenho uma dessas para repassar ao leitor. É da minha neta Sahvyc, que, segundo dizem, parece muito com a vovó paterna (Mécia). Um dia destes, a gente ia no carro do pai dela, Fritz, e todos conversavam animadamente. Foi quando este avô, que pensa que sabe tudo, recebeu uma lição. Sahvyc, com a palavra, soltou a seguinte frase:
- Eu sei como vai ser meu futuro.
- Como, minha filha? O futuro é escuro, ninguém sabe nada dele – eu disse.
- Não, vô, eu sei do meu, eu sei, eu sei.... – Ela gosta de repetir assim.
- Pois diga. Que é que você sabe do seu futuro?
- Ora, vô, eu sei que quando eu crescer não vou pegar mais palmadas. A Sarah cresceu e não apanha mais. Só eu e o Franz, que é menor que nem eu.
O avô caiu na gargalhada. E conscientizou-se de que os netos sabem muito mais que os avós. Eles são muito bons. Umas bênçãos de Deus.
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Francisco Miguel de Moura, funcionário aposentado do Banco do Brasil, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras e da Associação Internacional de Escritores e Artistas (IWA - sigla em inglês), com sede em Toledo, OH, Estados Unidos da América.
3 comentários:
Olá, tudo bem?
Gostei. È a pura verdade, são os netos que nos tem.
Não existe nada mais adorável.
Um abraço,
Umbelina
Obrigado, Umbelina,
É tudo verdade, nada de ficção. Valeu o seu incentivo
francisco miguel
Risos.
A inocência é sempre bem-vinda. Parabéns pela família que o senhor tem.
Abraços,
Vera.
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