daufen bach
A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,(...)
“Amor Natural”
drummond.
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,(...)
“Amor Natural”
drummond.
vestia-se de santa. todas as noites
ele a despia.
na boca morriam todos os nãos
e toda a sincera negação.
gemia a cada toque da língua
no dorso alvo,
a salvo
o poder de dona
que, possuída,
é flecha ríspida
a ferir o alvo.
sedenta
molhada
e louca...
(calada)
era ela na noite iniciada.
o livre-arbítrio, o ódio-amor,
nos flancos desguarnecidos de tigresa,
nas ancas de fêmea perdido no cio,
libertas,
prendiam-se numa penumbra no vazio.
sussurrava entre os dentes algo emudecido.
os dedos leves
a acariciar a extensão toda do desejo
eram como riscos de navalha,
como rastros de incêndio
que tomavam a planície longilínea do seu corpo
com a umidade de um ardente beijo.
as defesas,
o proibido,
os tabus aprendidos pela santa,
foram deixados,
arrastados como um sopro
e esquecidos.
arfava,
alguma coisa guardada para o gozo
estremecia quando as mãos,
antes tão vento morno,
seguravam-lhe forte os quadris
numa presteza de desejo cego,
de ego que se põe pra fora do corpo
e se sacia.
arfava...
os dentes nos ombros,
a nuca lambida,
as mordidas nas costelas...
não mais era ela,
não mais a santa, não mais a dindinha.
sedenta
molhada
e louca...
(calada)
era a outra, a desejosa, a desejada.
tomada, na noite de véus e suores,
na fadiga viva dos estertores,
a castidade,
o não violável dos sublimes amores,
agonizaram no bico rígido dos pomos.
o ventre,
úmido, quente e profundo...tocado,
na perdição e no descaminho
a fez
a santa,
a puta,
a louca
o ninho...
o segredo em que a presa, ilesa,
sorri da punhalada que a fez
murada transposta,
cume,
vértice,
maior aposta
de que o amor, nas suas fímbrias,
sobrevive da loucura e embriaguez.
sedenta
molhada
e louca...
(calada)
a santa se despia e a profana se vestia
de gozos na madrugada.
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*daufen bach, poeta brasileiro muito expressivo, linguagem bem descontraída, mas de grande força lírica e imaginação( seu estilo próprio); o poema arrebata-nos ao céu do sensualismo da alma humana, nos labirintos da vida e da morte.
daufen bach mantém vários blogs e sites para divulgação de sua poesia e dos amigos do brasil e do exterior, numa atitude generosa que poucos têm.
2 comentários:
Meu caro amigo
não sabes a honra e a satisfação que está me dando. admiro-o muito, respeito e desde a primeira vez que o li, anexei em meu blog o link para não perder o rastro. estar aqui, no teu espaço e um prazer enorme!
eternamente grato a ti.
abraço forte meu amigo!
daufen bach.
daufen bach,
caro amigo-amigo,
a recíproca é verdadeira, além de gostar dos seus poemas, creio que já o conheço como se falasse pessoalmente:
um bom caráter e isto é suficiente para continuarmos sempre amigos, sempre em comunicação.
abraço afetuoso
chico miguel
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