segunda-feira, 30 de novembro de 2009

PADRE BALDUÍNO, O EDUCADOR


Francisco de Assis de Deus Barbosa*

Informações vividas e colhidas sobre alguns acontecimentos, da década de cinqüenta, que envolveram o Padre Balduíno Barbosa de Deus.

CAPÍTULO I

FATOS LIGADOS
AO GINÁSIO MUNICIPAL OEIRENSE


Em 1952, o Ginásio Municipal Oeirense iniciou suas atividades com uma só turma de alunos. O Diretor de direito era o saudoso Bispo Dom Francisco Expedito Lopes. O Diretor de fato era o Padre Balduíno Barbosa de Deus. A partir de 1953, este passou a ser o Diretor de direito e de fato.

Garoto ainda, vi surgir a primeira turma e as seguintes do Ginásio. Anos depois, após ter prestado exame de admissão, ingressei nele. O ensino ministrado sempre foi de excelente qualidade. Tudo isso era fruto da competência e da dedicação dos professores, da disciplina austera e dos alunos interessados. Prova disso era o sucesso dos que, de lá saíam, por concluírem o curso ou por outro motivo, e brilhavam em outros lugares. A disciplina era rígida, à semelhança dos bons educandários da época. Todavia, sempre foi tolerada e aceita por todos porque era justa, não havia distinção de alunos e, reconhecidamente, necessária para o bom andamento escolar. “Sem disciplina, não há ordem”.

Foram aplicadas várias suspensões e outros tipos de punições nos poucos alunos que prevaricaram. Presenciei o corretivo que o Padre deu no aluno José Alberto, totalmente embriagado, procedimento inadmissível, abominável até, em cima da carroceria do caminhão no piquenique no Sítio Tapera. Contudo, alguns anos depois, estava Padre Balduíno na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Oeiras, quando entrou aquele homem bem vestido de terno e de gravata, pendente em uma das mãos uma pasta de executivo. Cumprimentou o Padre Balduíno e os presentes, e disse: “Parece que o senhor não me está reconhecendo? Sou o José Alberto, seu ex-aluno. Vim aqui cumprimentar-lhe e agradecer aquilo que o senhor fez comigo. Foi providencial e muito oportuno. Estava no caminho errado, envolvido com más companhias, sem estudar e com procedimentos não compatíveis. Depois do acontecido, corrigi-me e passei a trilhar o caminho certo. Fui para São Paulo e hoje estou bem sucedido na vida. Sou um vencedor. Devo muito ao senhor”.

Era nesse clima que as coisas iam acontecendo e o Ginásio aumentando suas turmas e seus alunos, a cada ano. Em 1956, instalou-se o regime de internato e o de semi-internato. O objetivo era abrigar alunos os quais vinham de outras cidades, já que a fama de bom educandário se espalhou por todo canto, pois não tinham lugar para morar.

Em 1957, no primeiro semestre, todas as atividades do Ginásio corriam normalmente, o internato e o externato funcionando a todo vapor. No segundo semestre, começou a turbulência. Padre Balduíno havia suspendido alguns filhos de gente importante, pessoas com grande poder político. Começaram a pressionar o Prefeito, que pressionava o Bispo Dom Raimundo de Castro e Silva, formando assim uma cadeia de ações, buscando a saída de Padre Balduíno da Direção do Ginásio. Há quem afirme que, nessa época, o Prefeito doou à Diocese um terreno situado no Bairro Oeiras Nova para a construção do seminário, “menina dos olhos” do Senhor Bispo. As pressões foram tantas que o Bispo terminou cedendo. Não foi dado ao Padre o direito de defesa...

Os fatos foram agravando-se a tal ponto que foi anunciada a saída de Padre Balduíno da Direção do Ginásio. Professores e alunos, de pronto, se rebelaram e começaram a organizar-se, naturalmente, de forma unânime e coesa, a favor de Padre Balduíno. Os alunos dirigiram-se ao Palácio Episcopal para solicitar do Bispo sua posição ou decisão. O Ginásio era entregue à Diocese e, devido a isso, somente o Bispo podia colocar Padre Balduíno para fora. Lembro que o Bispo saiu à sacada principal do segundo pavimento do Palácio Episcopal, disse estar tudo resolvido, depois mandou todos rezarem. Só não disse como tinha resolvido. O problema é que todo o conchavo, já havia sido adrede preparado.

No outro dia, chegou o Bispo ao Ginásio e se trancou na sala da Diretoria com Padre Balduíno. Travou-se o seguinte diálogo: “Padre Balduíno, você vai entrar de licença por seis meses mas não mais voltará para a Direção do Ginásio. Agora, diga a seus alunos, lá fora, que você vai entrar de licença por seis meses e voltará para a Direção do Ginásio. Isso é segredo de confissão”. Padre Balduíno respondeu-lhe: “Dom Raimundo, guardarei segredo porque o senhor está exigindo. Saiba que nunca enganei meus alunos e não será agora que vou fazer. Se quer mesmo isso, diga o senhor mesmo”.

O Bispo saiu da sala da Diretoria sozinho e chegou ao pátio interno, superlotado de alunos ávidos pelo resultado, para fazer o pronunciamento há muito esperado. Fiquei bem perto dele. Subiu em uma cadeira e disse textualmente: “Padre Balduíno vai entrar de licença por seis meses, então voltará para a Direção do Ginásio”. Os alunos, confiantes nas palavras do Bispo, saíram todos em passeata de regozijo pelas ruas da cidade, proclamando, em alto e bom som, que haviam ganho e que o Padre iria continuar na Direção do Ginásio.

O outro lado, sabedor da verdade, porque já tinha acertado tudo anteriormente com o Bispo, não se conteve e confessou abertamente o ajuste. O que ficou acertado, diziam, é que o Padre Balduino não iria voltar para a direção do Ginásio depois da licença. Portanto, já não havia mais segredo. A verdade veio à tona. Com isso, todos os alunos e todos os professores entraram em greve em solidariedade a Padre Balduíno. Os alunos fizeram cartazes pertinentes e saíram pelas ruas da cidade em passeata de protesto contra a decisão do Bispo, como também por seu pronunciamento enganoso.

As agressões ao prédio do Ginásio não foram dignas de relevo, apenas fruto de alguns mais exaltados, inerentes nessas situações que, de pronto, foram contidos por seus colegas. Um dos líderes atuantes desse movimento foi o aluno Durval Ferreira de Freitas, irmão do Prefeito Mário de Alencar Freitas. Contam que lhe foi oferecido emprego nos Correios e Telégrafos para afastar-se do movimento e deixar de estar ao lado do Padre, não aceitando, como era esperado de um líder. Quem o conhece pode atestar que sempre foi pessoa de caráter. A solidariedade e o apoio de todos os professores e de todos os alunos para com Padre Balduíno vieram corroborar o quanto suas ações foram corretas na Direção do Ginásio.

Dom Raimundo se viu só: os “amigos” fugiram; ficou reduzido a um ponto, sem direção certa; deixou a cidade e foi homiziar-se na residência do Arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela em Teresina. Pediu a este que fosse a Oeiras resolver o impasse que lá deixara. Deu-lhe “carta branca” para tudo. Garantiu que a solução que ele encontrasse seria acatada por todos.

Chegando Dom Avelar a Oeiras, homem inteligente e imparcial que era, procurou logo ouvir em particular um a um dos envolvidos, tanto de um lado como do outro. Depois de alguns dias nessa labuta delicada, proferiu seu veredicto diante do altar-mor da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, totalmente lotada. Presenciei a tudo, como sempre, de perto. Ele disse textualmente, entre outras coisas, que Padre Balduíno iria entrar de licença, não por seis meses, mas por três e então voltaria para a Direção do Ginásio.

No Rio de Janeiro, onde foi cumprir sua “pena”, procurou incorporar-se à colônia oeirense lá existente, onde fez muitas amizades. Era uma pessoa de relacionamento fácil e agradável. Sempre participou dos divertidos e profícuos encontros desse grupo, que servia também para matar a saudade da terra natal distante.

Conheceu e tornou-se amigo do Deputado Federal Marcos Parente. Conseguiu, por meio dele, a Escola Comercial Dom Francisco Expedito Lopes, que funcionou na sede do Círculo Operário de Oeiras. Também tentou conseguir uma agência do Banco do Brasil. Afirmam que os chefes políticos agilizaram rapidamente o Deputado Federal Vitorino Correia, homem de muito prestígio e de grande influência na máquina administrativa da época, a fim de que impedisse a vinda para Oeiras, tanto da Escola como do Banco do Brasil.

O Deputado Federal Marcos Parente solicitou audiência com o Ministro da Educação da qual Padre Balduíno se fez também presente por solicitação do parlamentar. Na audiência, afirmou o Deputado: “Senhor Ministro, é notório que existem forças tentando impedir a instalação dessa escola em uma cidade do interior do Piauí. Pois bem, vou dar-lhe um prazo para que essa escola saia. Caso não aconteça, dentro deste prazo, vou rasgar meu diploma de Deputado Federal e colocar, em toda a imprensa, falada, escrita e televisionada, a razão de meu ato. É porque vocês estão entravando a colocação de uma escola no interior do Piauí, numa região tão carente e necessitada”. Após o fato, o Ministro, receoso, liberou a Escola.

Terminados os três meses da “licença”, Padre Balduíno voltou para Oeiras, onde começou a trabalhar nas instalações e na organização da nova escola, totalmente gratuita. Permaneceu ainda na Direção do Ginásio até o final de 1957. A partir de 1958 deixou, por livre e espontânea vontade, a direção e o Ginásio Municipal Oeirense.

Dr. Laurentino Pereira Neto, na época Deputado Estadual, publicou o artigo “Um Fato em Foco: Os Acontecimentos de Oeiras”, num jornal de Teresina. Imediatamente, Padre Balduíno respondeu com outro artigo (“O Mesmo Fato em Foco: Os Verdadeiros Acontecimentos de Oeiras”), publicado no mesmo jornal, contestando muitas afirmações do primeiro. Não houve resposta ao que o Padre escreveu.

CAPÍTULO II

Pe. Balduíno ao lado do pai, este sentado em uma rede

FATOS LIGADOS AO CÍRCULO OPERÁRIO DE OEIRAS

No começo dos anos cinqüenta, Padre Balduíno assumiu, designado pelo Bispo, o cargo de Assistente Eclesiástico do Círculo Operário de Oeiras, que estava praticamente desativado, sem nenhuma expressão ou motivação de seus contáveis membros. Aos poucos, a nova direção, sempre sob orientação e supervisão do Padre, foi mudando esse clima. Novos filiados foram surgindo de modo que, em pouco tempo, já era um grupo bastante numeroso e coeso. A ação da Direção se manifestou em todos os sentidos, visando à grandeza e ao progresso do Círculo Operário.

A Direção comprou o “sobrado velho”, secular, abandonado, inóspito e tido como “mal assombrado”. Poucos passavam pelo “beco do sobrado” à noite porque era escuro e dava medo. O escritor José Expedito de Carvalho Rego referiu-se a ele em um de seus brilhantes livros. A duras penas, fez-se uma reforma, quase que substancial, no sobrado. Abriram-se algumas alvenarias de pedra, seculares, de espessura avantajada, colocando arcos para a estabilização do restante delas. Criaram-se salões e salas, enfim, tudo se fez para adaptá-lo às novas funções, inclusive abrigar a Escola Comercial Dom Francisco Expedito Lopes. Instalou-se o sistema de som que possuía várias “bocas” de auto-falantes, colocadas em pontos estratégicos da cidade, bem como na cumeeira e no beiral da fachada principal do sobrado.

As manifestações nas datas cívicas eram vividas com grande intensidade. No primeiro de maio, as atividades começavam com a alvorada de foguetes, com o rufar de tambores etc. À tarde, havia passeata pelas principais ruas da cidade; e, à noite, sessão solene, com o sobrado completamente lotado, e se fazia ouvir vários oradores. O sistema de som era peça fundamental em todos os eventos, tocando marchas e dobrados apropriados. A classe operária, antes esquecida, sentia-se valorizada e de moral elevada. A alegria e a satisfação brotavam de todas as faces. Era algo novo e bem auspicioso que surgia. Era o alvorecer de uma nova era, de um novo tempo. Era a fé inquebrantável no futuro, pleno de esperanças, que há muito devia ter chegado para aquela gente sofredora. Era a classe operária sendo conscientizada, valorizada e colocada em seu devido lugar na sociedade.

Padre Balduíno, aos poucos e com muita dificuldade, foi criando uma farmácia para atender aos circulistas e a seus dependentes, com a venda de remédio a preço de custo. A farmácia prosperou de modo que, em 1959, era uma das maiores de Oeiras. Padre Balduíno conseguiu um gabinete odontológico, para que os circulistas e seus dependentes tivessem serviço dentário de graça. Verdadeiro trabalho social nunca visto. Tudo isso ele fez para a gente necessitada de Oeiras, sem visar a nada em troca. Sempre dizia que não era político, isto é, não pretendia candidatar-se a nenhum cargo público, como nunca o fez.
É bem verdade que seu pai e alguns dos irmãos, a partir de 1957, fundaram e foram chefes do PTB em Oeiras, mas ele nunca tomou partido deles nem os apoiou. Também jamais indicou ou se solidarizou com qualquer outro candidato. Mesmo na presença do Deputado Federal Marcos Parente, bem-feitor do Círculo Operário, presente em algumas sessões, fazia questão de dizer em alto e bom som que não era político. Não estava ali pedindo voto ou apoio político para ninguém. Sem sombra de dúvida, foi um grande bem--feitor da classe operária e dos mais necessitados de minha terra.

CAPÍTULO III

FATOS LIGADOS AOS EVANGÉLICOS EM OEIRAS

Dr. Roberto Tilotson, de nacionalidade norte-americana, era o pastor da Igreja Batista, sediada na cidade de Floriano. No princípio dos anos cinqüenta, ele começou a aproximar-se de Oeiras, querendo disseminar sua doutrina. Seu objetivo também era arranjar espaço para a instalação de um templo. Andava em uma camionete Willys, fechada, importada, carro raro e caro na época. Era equipada com um sistema de som que tinha dois auto-falantes colocados na parte externa superior da camionete. À noite, parava seu carro, todo iluminado, em uma das praças de Oeiras. Gostava mais da situada em frente ao Grupo Escolar Costa Alvarenga. Colocava o som, tocando músicas evangélicas. Logo juntavam curiosos para ver a novidade.

O Senhor Bispo, sabendo do ocorrido, outorgou a Padre Balduíno mais uma missão. Ordenou que, toda vez que isso acontecesse, Padre Balduino deveria ir ao local, acompanhado de muitas senhoras e alguns homens de igreja, para rechaçar as investidas dos Evangélicos. O grupo, lá chegando, sempre se postava guardando certa distância do Pastor. O Padre fazia, no início e no decorrer, breves homilias e observações pertinentes. Ficavam a rezar terços, ladainhas, ofícios, e a entoar cânticos. Assim, todas as vezes em que rezavam o Ofício de Nossa Senhora da Conceição, antes mesmo do fim, “os crentes”, como eram chamados os evangélicos, retiravam-se da praça. Capitulavam. Missão cumprida para os católicos.

A reação dos católicos nessas manifestações consistia somente nessas ações. Nunca houve palavras ou atos agressivos aos evangélicos. Note-se que isso se passou antes do Concílio Vaticano, quando as rivalidades entre católicos e evangélicos eram substanciais e generalizadas em todos os lugares. A Igreja Católica jamais admitia ceder espaço para outras religiões. Tais reações, tidas hoje com absurdas, eram na época procedimentos normais e imprescindíveis na defesa da fé.

Os anos iam-se passando, e Dr. Roberto sempre persistente em suas investidas, chegando mesmo a comprar a casa do tabelião Manoel Antônio, nascido na cidade de Porto/PI. É provável que o Pastor nunca tivesse adquirido casa ou outro imóvel de oeirense. Obteve, portanto, seu espaço tão desejado. Na casa, além de sua residência, instalou também o Templo da Igreja Batista.

Note-se que as reações da Igreja Católica nunca cessaram. Com a chegada do serviço de som do Círculo Operário, o Padre passou a usá-lo no combate ou reação aos crentes. Na época, era o meio de comunicação mais eficiente, mais abrangente, mais seguro e mais rápido. Atingia maior número de pessoas a serem orientadas sobre o perigo iminente de outra religião.

Soube usar como ninguém este meio de comunicação não só porque era um grande orador, como também possuía invejável cultura, mormente a religiosa. Não era para menos, Padre Balduino cursou Teologia Dogmática, durante quatro anos, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, alcançando “Cum Laude” (com louvor) a Tese de Licenciato em Teologia. Na realidade, o que o Padre fazia eram apenas reações; as ações vinham do Dr. Roberto. “A toda ação corresponde uma reação igual e contrária”, diz a lei física. Claro que num confronto desses existem momentos de pico ou mais acirrados, tanto de um lado como do outro.

Contam que, certa ocasião, o Pastor declarou abertamente que os católicos não conheciam a Bíblia e, por conseguinte, não sabiam nada de religião. É bem verdade que a Palavra de Deus era escrita em latim, e o católico não tinha domínio dele. Contudo, apesar desse desconhecimento forçado da Bíblia, os católicos não eram beócios. Havia outros meios pelos quais eles se instruíam sobre sua Religião, como: os catecismos, os adoremos, os ensinamentos das mães, as aulas de religião, as leituras de livros sobre a vida de santos e sobre religião, o exemplo dos pais, as homilias e as orientações fornecidas pelos padres, a crença nos milagres de Nossa Senhora e dos Santos e, sobretudo, a Fé.

Como tudo na vida é função do tempo e do espaço, as rivalidades entre Católicos e Evangélicos tiveram curva descendente à medida que os anos passavam e a convivência de ambos ia sendo mais tolerada. Se não, vejamos: No segundo semestre de 1959, eu e mais três colegas da quarta série do Ginásio fomos solicitar de Dr. Roberto que nos ministrasse aulas de inglês. Esse ato era inadmissível em anos atrás. Ele, educadamente, prontificou-se a atender nossa solicitação. Recebemos, portanto, algumas aulas que nos garantiram bons resultados nas provas parciais do fim do ano. Por aí se vê que as rivalidades religiosas praticamente não existiam já a partir de 1959. Logo depois veio o Concílio Vaticano I, e II, que abriu novos horizontes e liberou a convivência pacífica com as outras religiões, como nós sabemos. Era a busca da tolerância com os “irmãos separados”.

Abril de 2009



BIOGRAFIA:
PE. BALDUINO BARBOSA DE DEUS

Padre Balduino nasceu no dia 23 de abril de 1926, no sítio Tapera na época município de Oeiras, hoje da cidade de São João da Varjota. Morreu de desastre automobilístico no dia 19 de fevereiro de 1993, próximo a Cidade de Cocal de Telha. Era o terceiro filho, de uma prole de onze, do casal Lourenço Barbosa Castello Branco e de Enedina de


CAPÍTULO IV

Deus Barbosa. Fez as primeiras letras em Oeiras, na escola de Dona Ana Brito. Cursou o primário no Grupo Escolar “Costa Alvarenga” e Instituto “Santo Antônio”. O curso ginasial fez no Seminário de Teresina, de 1939 a 1945. Cursou Filosofia no velho e tradicional Seminário de Olinda em Pernambuco, embarcando para a Itália, em fins de 1947. Em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana, fez o Curso de Teologia Dogmática, alcançando, “cum laude” (com louvor), a Tese de Licenciato de Teologia em 1951, quando regressou ao Brasil, após excursionar por vários países da Europa. Chegando a Oeiras, foi Secretário da Cúria Diocesana, Assistente Eclesiástico do Círculo Operário, Diretor do Ginásio Municipal Oeirense, Professor da Escola Normal, Fundador e Diretor da Escola Comercial “Dom Expedito Lopes”, Fundador e Diretor do Jornal “A Voz de Oeiras”. Na década de sessenta foi convidado insistentemente pelo o então Governador Helvídio Nunes de Barros para ser o Secretário de Educação do seu Governo, que, depois de varias investidas negadas, aceitou, afinal, o cargo. Após licenciar-se do Sacerdócio, casou-se com a Sra. Marisa Rezende Barbosa (Advogada e Fiscal de Renda do Piauí) de cuja união nasceram dois filhos Ricardo Rezende de Deus Barbosa (Engº, Advogado e Fiscal de Renda do Piauí) e Raïssa Maria Rezende de Deus Barbosa (Advogada e Procuradora do TCE do Piauí). Cursou Direito na Universidade Federal do Piauí concluindo-o em 1973. Após o término, passou a ser Professor da mesma. Lecionou Direito Romano, Direito das Coisas e Direito Civil. Foi Professor, Advogado, Poeta, Escritor, Industrial e Comerciante. Publicou “Folhas Caídas” (poesia) e “A Mortificação e o Espírito Santo nas Cartas de São Paulo” (tese de licenciato de Teologia). Falava e escrevia fluentemente Francês, Italiano, Latim, Grego, e “arranhava”, como costumava dizer, o Hebraico. Após a sua morte foi publicado o livro “Pedaços de Uma Vida” (poesia) e “Trovas no Brasil” (estudo) contendo trabalho por ele deixado. Esta publicação deve-se ao esforço dedicado de sua esposa e do seu maior amigo o Poeta e Médico José Expedito de Carvalho Rego, hoje falecido.
_________________

* Francisco de Assis de Deus Barbosa
ex-aluno do Ginásio Municipal Oeirense
Irmão caçula de Padre Balduino
Engº Civil e Professor
franciscodedeus1@hotmail.com


3 comentários:

Césio Porradas disse...

Aproveitei o carnaval que hoje termina, dia 25/02/2020, para fazer pesquisas na internet, mormente com relação ao meu estado natal, o Piauí, do qual estou ausente há muitos anos. Deparei-me com esse belíssimo escrito do meu querido primo, Francisco de Deus Barbosa, aliás, o mais jovem dos primos legítimos da minha falecida e querida mãe.Sou testemunha de parte da vida desse grande piauiense Balduíno de Deus Barbosa.Lembro bem quando ele reclamou da minha mãe porque ela ia para a novena e me deixaria na casa do meu tio Lourenço, seu pai. Ele mesmo me levou para Igreja e fiquei super satisfeito. Era uma pessoa notável, pena que tenha nos deixado muito cedo.Parabéns ao Chico pelo belo texto, exato em todos os seus detalhes.

Unknown disse...

Grande homem , vindo de uma excelente Família. Parabéns Chico de Deus pelo excelente texto. Conceição Ferreira.

Anônimo disse...

Somente hoje li esse excelente texto do meu querido primo Chico de Deus Barbosa.Um grande abraço

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