sábado, 7 de junho de 2008

UMA SOCIEDADE CIVIL ANÃ

Francisco Miguel de Moura – Escritor, Membro da APL

Não culpemos a democracia formal. Ela é boa. Os homens a corrompem. A sociedade ficou dissoluta por causa da falta de consciência de seus membros. Falta uma sociedade civil consciente, educada, transparente em todos os seus atos. Robusta. Na democracia, o que parece mentira é sonho: “todos são iguais perante a lei”. É uma mentira teórica, um desejo expresso em palavras. Cabe aos cidadãos tornarem essa verdade-sonho uma realidade. Assim, não se veria tanto a gente sofrer sem justiça, sem trabalho, sem educação, sem saúde, sem segurança. Democracia é também repartição de renda, não somente da forma em que foi proclamada pela Revolução Russa nem pelas cruas Leis do Mercado. É preciso que se valha dos meios controladores do Estado – controle sem intervenção, sem censura, e estes devem ser controlados pela sociedade civil.

O Mercado Livre domina os meios de comunicação, hoje globalizados pela internete, e estes tendem a ser despóticos, a dominar a sociedade civil. A televisão, hum, hum! Há uma libertinagem tão grande nos canais de tevê e rádio que nos causa espanto. Onde fica o meio-termo? Ou se é bonito ou não se vence. Ou se anda na moda ou não tem sentido. Ou você conta piada imoral ou não é engraçado. Ou você gosta de futebol ou não é brasileiro (hoje internacional). Ou você usa camisinha ou não pode gozar a vida, o sexo, o amor. Amor então é isto.

Há as leis que protegem a infância, mas só são cumpridas quando prejudicam os adultos, principalmente o cidadão comum. Daí a onda enorme de crimes praticados por menores, e estes, manipulados pelos bandidos, que se sabem protegidos pela lei. Os legisladores reinventaram os “direitos humanos pelo avesso”: proteger o criminoso porque é primário ou porque é menor e não dar nenhuma proteção à sociedade civil, ao cidadão, às cidadãs. A dissolução dos lares gerou esta onda enorme de meninos/as de rua: crianças analfabetas, drogadas, que vão para o crime. A família, que os tratadistas não consideram como parte da sociedade civil – não sei por que – fica à mercê do Estado. Os filmes pornôs à plena luz do dia, de manhã até... Quando os pais saem para trabalhar, as crianças ficam à mercê dos divertimentos mais prejudiciais à sua formação – televisão, música através dos mais diversos aparelhos eletrônicos, inclusive e principalmente a internete. Quem faz a televisão, a internete? Quem os fiscaliza? Ora, tudo tem que ter fiscalização, mas não diretamente. Começa pelo indivíduo e vai pela família, escola, emprego, sindicato, eleição, direito, dever, justiça, partido, religião, governo... A sociedade civil é, afinal, responsável, mas não diretamente. Onde estão as famílias bem estruturadas, religiosas, cônscias dos seus deveres? Onde estão os professores, educadores, pedagogos, filósofos, poetas, escritores? Onde estão, sobretudo, as donas de casas que deixam seus lares para trabalhar, enfrentar a concorrência com os homens para ajudar na renda de casa, ou mesmo para ter a independência financeira que sem o emprego não teriam?

Para onde caminham a tevê e a internete vai a humanidade.

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