domingo, 18 de maio de 2008

A FAMÍLIA E SEUS INIMIGOS - I


A FAMÍLIA E SEUS INIMIGOS-I

Francisco Miguel de Moura - Escritor, Membro da APL

Primeiro vem o homem só, acuado, fera entre feras, a esconder-se na caverna. Depois vem a tribo – termo intermediário entre o indivíduo e a pessoa, entre a criatura e o cidadão. Por fim, como estágio em que aponta a civilização e a cultura – chega-se à família monogâmica como é nos países mais adiantados. Junto com ela, a organização, a ordem, os institutos sociais mais avançados como a democracia.

Da teoria à prática, vou lembrando da grande repercussão do caso Isabela, de grande repercussão na mídia, quando pela primeira vez ouvi dizer que o filho poderia possuir mãe e madrasta ao mesmo tempo, e vivas. A madrasta que eu sabia era aquela pessoa que casou com o pai-viúvo. Madrasta de mãe viva, outrora era inconcebível. Aí está, na linguagem, a marca de quanto à instituição familiar tem sofrido. Podem dizer que sou cafona, passadista, quadrado, mas ainda defendo a família. Não a patriarcal – ainda com marca forte da tribo – mas aquela que ao longo do tempo apefeiçoou-se, constituída oficialmente, no Brasil, depois da Proclamação da República e do Código Civil Brasileiro.

Defendo a instituição familiar, no sentido em que não se criou nada, até o momento, que possa substituí-la. Imperfeita, às vezes incômoda, mas é a célula mais capaz de regular a sociedade, as outras células maiores. Comparando, bem ou mal, ela é como a democracia: Com todos os seus defeitos, não se criou outra forma de governo melhor. Ou como diz o ditado: – “ruim com ela, pior sem ela”. A essa comparação junto algumas considerações. Por exemplo: O poder do pai é incômodo como qualquer poder o é, assim os governos autoritários, despóticos. Mas, na democracia – aí está a sabedoria – o poder fica com o governo, não com o sistema de governo. Na família, isto não foi possível, mesmo porque, quando falta o pai, resta o vácuo que a estrutura do ser humano reclama. E então ele vai preenchido pela “manpai” ou pela “pamãe”, ou seja, as duas funções reunidas numa só pessoa, portanto mais poder, mais autoridade lhe sendo delegados. Sem o poder do pai ou quem as vezes lhe faça, a família, os filhos vão pro beleléu. Com o crescimento lento do cérebro humano considerado em relação a outros mamíferos, a necessidade de ajuda dos pais até o pleno desenvolvimento do filho é natural, mas não só biologicamente; também emocional, psicológica, psiquicamente. Explica-se: – É que onde não há ordem, reina anarquia, e nunca há crescimento mas degenerescência, é da natureza social do homem. Haja vista o que aconteceu com a família soviética na época da revolução. Mataram todos os traços familiares, todos eram filhos do partido, do governo, etc.etc. E com a morte da família os revolucionários preparam a morte da própria revolução.

Mas, grosso modo, quem são os inimigos da família? São os mesmos que falam em democracia por falar, como se fosse apenas um nome: os individualistas, os desordeiros, os intelectuais não amadurecidos que inventaram o divórcio sem o consentimento dos filhos. Claro que os filhos são parte da família. Ela não pode, não deve desfazer-se sem a anuência das partes (pai, mãe, filhos, aderentes) ou pelo menos da maioria. No casamento religioso, e nisto as religiões têm razão, os nubentes prometem fidelidade e amor aos frutos daquele consórcio, assim como viverem juntos até a morte. Depois do instituto do divórcio, a coisa mudou – não para a religião católica – mas para outras que admitem o divórcio. A liberação sexual também completa a dilapidação da família a partir de sua base: o amor. E o aborto é uma excrescência, perfeitamente evitável, pois como se sabe nunca contribuiu para a saúde da mulher. É que o sexo não tem compromisso com o amor.

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