quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

POEMA PREFERIDO

Francisco Miguel de Moura*


Passarinho que perdeu o vôo,
tenho medo do poema encanto,
aquele que muitos lêem para dormir,
sem uma falha, colorido, plano.

As cores berrantes fecham nossos olhos,
borram nossa cara e nosso ego inflamam.
Humano ou desumano, vivo ou morto,
faço um desenho fora do pano
de fundo ou de rosto.
Meu poema não será para tantos,
poesia bem particular, para surdos-mudos:
- falo de mim para que os outros
se vejam no longe e no silêncio.

Sou único, assim meu poema parafuso,
Nem aberto nem fechado: – confuso,
porque vivo entre paredes de peles,
sem chaves e distantes do oceano.

Poemo assim: uno e dilacerado.
___________________
*Poeta brasileiro, mora em Teresina, Piauí.

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