A FLOR E O LIVRO
Acordei cedinho. Uma flor me viu,
flor que me dera seu primeiro
beijo.
O sol ia alto. Apressei pra
livrar-me
dos raios, e a flor dos meus
dedos caiu.
“Eu sou uma flor, esqueça meu
cheiro”.
Mas ao lugar do crime a gente
volta.
Na seguinte manhã, a mesma flor!
Pra meu espanto, solitária e
triste.
Então a apanhei da beira do
caminho
e a beijei, e o fiz, mas sem
reconhecer.
Ah! Que maldade a natureza
trouxe!
Enquanto os vegetais nos fazem o
bem,
nós animais – e “tidos por
perfeitos” –
tudo esquecemos... Até a flor e o
beijo!
Ela chorou, chorou, lembrei seu
cheiro
e me voltei em lágrimas e
enleios.
E agora a guardo, para o meu
carinho,
quando voltar às páginas que
leio.
Oh! Guardarei o livro para sempre
e o grande amor que a florzinha
me deu!
Agora, todo dia, eu abro aquela
página
e ela está me olhando. E lá estou
eu.
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