sábado, 10 de fevereiro de 2024

 


INTRANSPARÊNCIA

                    Francisco Miguel de Moura*     

          

Belas tardes de abril que não vivi

Porque findaram anos incompletos,

Salvo aquela que a alma só me trava,

Nem sei como escrever, sem ter sentido.

 

Quanto tempo sem horas e sem rimas,

A desdilhar minha alma fugidia!...

Meu horizonte dispersava o ermo

Da estação que foge e delimita.

 

Não sei porque meu peito deblatera,

Sem voos, nem revoos reparados,

A caírem no espaço amortecido.

 

Subi ao céu sem ver o meu passado,

Que não foi meu nem acho que mereço

E agora desço ao fundo... E me desfaço!

_________

             * Francisco Miguel de Moura, soneto sem rima.

               

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