sexta-feira, 9 de setembro de 2022

 


O CHEIO E O VÁCUO

 

              francisco miguel de moura*

 

o nada e o tudo soam nardo

e ab(sinto):

- ab(surdo) na amplidão

dos homens e dos bichos satisfeitos

(inseto ou dinossauro)

 

cai sobre mim uma poeira

cósmica coceira

de saber

o que constante me devora

e a paciência

me explode em palavrão

 

palavras vãs,  palavras vão

e vêm

cortar o silêncio amplificado

de tudo quanto é voz

 

não há imposturas,  há correntes

de sangue, sabor, gestos(contrários) parados

água e calor que luzem

 

nardo é nada

ab(sinto) é liberdade:

- um nome sem tempo e com paixão

 

palavras vêm, palavras vão

soltas ao vento e zunem no telhado

das nuvens e dos astros

mas nada produzem:

 

- falta espaço

e como vêm, se vão

 

o mundo em seu bailado, no universo

é impiedade

e tudo cala.

a fala morde a dor do falante

entre dentes, trovões, cometas...

e outras tralhas.

deus se evola e bebe as águas

do abismo

onde se banha

 

e não há vácuo - falta tempo

e não há cheiro - falta onde pairar.

só deus explora o esquecimento

do existir.

                                    

______________

*francisco miguel de moura, poeta brasileiro.

 Este poema foi publicado em “Poesia in Completa

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