O CHEIO E O VÁCUO
francisco miguel de moura*
o nada e o tudo soam nardo
e ab(sinto):
- ab(surdo) na amplidão
dos homens e dos bichos satisfeitos
(inseto ou dinossauro)
cai sobre mim uma poeira
cósmica coceira
de saber
o que constante me devora
e a paciência
me explode em palavrão
palavras vãs, palavras vão
e vêm
cortar o silêncio amplificado
de tudo quanto é voz
não há imposturas, há correntes
de sangue, sabor, gestos(contrários) parados
água e calor que luzem
nardo é nada
ab(sinto) é liberdade:
- um nome sem tempo e com paixão
palavras vêm, palavras vão
soltas ao vento e zunem no telhado
das nuvens e dos astros
mas nada produzem:
- falta espaço
e como vêm, se vão
o mundo em seu bailado, no universo
é impiedade
e tudo cala.
a fala morde a dor do falante
entre dentes, trovões, cometas...
e outras tralhas.
deus se evola e bebe as águas
do abismo
onde se banha
e não há vácuo - falta tempo
e não há cheiro - falta onde pairar.
só deus explora o esquecimento
do existir.
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*francisco miguel
de moura, poeta brasileiro.
Este poema foi publicado em “Poesia in Completa”
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