sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

 

A COR E AS COISAS

        Francisco Miguel de Moura*

 

Das cores do amanhecer

nascem crepúsculos.

As coisas não têm cor,

 têm as cores de seus donos,

dos olhos que cobiçam,

dos vendeiros e ladrões

e dos pobres enganados.

Coisas brilham na agulha,

se a mulher que enfia a linha

não se perde no bordado.

A cor das cores tem limites

nas paixões da mor idade.

As cores se limitam no poder

de transformar ou desfazer,

dos que chegam, dos que vão

por caminhos e emboscadas.

Que dizer dos viventes das ruas,

nos delírios e desgraças?

A cor das coisas é imperfeita

pois se troca e é trocada

por dinheiro ou quase nada.

As cores da coisa são nulas

e se negam no engano das vaidades.

------------------

*Francisco Miguel de Moura, poeta.


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...