A COR E AS COISAS
Francisco Miguel de Moura*
Das cores do amanhecer
nascem crepúsculos.
As coisas não têm cor,
têm
as cores de seus donos,
dos olhos que cobiçam,
dos vendeiros e ladrões
e dos pobres enganados.
Coisas brilham na agulha,
se a mulher que enfia a linha
não se perde no bordado.
A cor das cores tem limites
nas paixões da mor idade.
As cores se limitam no poder
de transformar ou desfazer,
dos que chegam, dos que vão
por caminhos e emboscadas.
Que dizer dos viventes das ruas,
nos delírios e desgraças?
A cor das coisas é imperfeita
pois se troca e é trocada
por dinheiro ou quase nada.
As cores da coisa são nulas
e se negam no engano das vaidades.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta.
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