Francisco Miguel de Moura*
Obrigado, Senhor, pelo poema inteiro
que tento fazer e ainda não fiz!...
Amigos e inimigos falem de mim,
diante da página em branco,
pelo poema sem pé nem cabeça,
sem braços, nem pernas, sem peito,
numa história que não existiu,
só por mostrar um momento de dor
que ninguém soube, nem saberá...
Impossível? Tresvario,
ó Deus?
Quando se é poeta e morre de dor
pelo que quis, pelo que fez,
e pelo que deixou de ser feito...
Obrigado, Senhor, Obrigado!
Pelo dia no ocaso encarnado,
pela corda da vida sem recheio,
mesmo que a palavra tenha saído
da boca, na voz do amor que quis...
E que não soube do caminho a tomar,
assim mesmo tim-tim por tim-tim,
pelo que sou e pelo que não quis,
obrigado, Senhor, por não ser um infeliz...
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